Tecnologias como metaverso, blockchain e o uso de drones cada vez mais ganham espaço quando o assunto é investimento em inovação em diversos segmentos e no setor de logística. Atentos às mudanças geradas pelo incremento do e-commerce, cuja alta foi de quase 40% em 2021, e aos anseios de um novo consumidor, ainda mais exigente, os Operadores Logísticos (OLs) encontram nas chamadas “ferramentas do futuro” a oportunidade de garantir ainda mais eficiência, agilidade e redução de custos na gestão, armazenagem, controle de estoque e distribuição de mercadorias. A trajetória ainda é longa e muitos projetos ainda estão em fase de testes, mas empresas especializadas em logística de ponta a ponta já conseguem vislumbrar resultados positivos.
"Já é possível fazer controle de temperatura dos armazéns por realidade mista, com o uso de óculos ou outros dispositivos de acesso. Dentro da realidade virtual (RV), também temos empresas que vêm usando simuladores mais realistas para treinamento de motoristas, com riscos de estradas, obstáculos, acidentes e estradas sinuosas mais realistas", explica o presidente do Conselho Deliberativo da Associação Brasileira dos Operadores Logísticos - ABOL, Djalma Vilela, ao falar sobre como o metaverso - rede de mundos virtuais, que tenta replicar a realidade, com foco na conexão social - pode estar se aproximando do dia a dia da operação logística.
O metaverso também já vem permeando o mundo das compras online. Com ou sem avatar, é possível que o consumidor vá a uma loja ou supermercado online, construído como uma Realidade Virtual e/ou Realidade Aumentada, visite corredores e selecione produtos de prateleiras, direcionando-os ao carrinho de compras. Esse mundo, outrora apenas exclusivo dos gamers, tende a ser normalizado um pouco mais a cada dia, impulsionado principalmente pela geração mais jovem, mudando, portanto, a lógica não só de consumo, mas das relações humanas em geral, uma vez que também mudará a forma como as pessoas se divertem, realizam uma consulta médica, fazem um curso, entre outras interações.
Simuladores - A RV já é, inclusive, considerada uma revolução na forma como o treinamento de um motorista é feito, uma vez que oferece experiências realistas de condução, antes da efetiva operação de um carro de entregas. Durante as aulas, os alunos praticam suas habilidades e demonstram a sua capacidade de identificar e lidar adequadamente com os perigos na estrada em uma experiência simulada. Há desafios típicos de rodovias, como pedestres, carros estacionados e tráfego à frente, garantindo que eles estejam prontos para enfrentar os obstáculos previstos na sua rotina de trabalho.
A UPS, associada à ABOL, emprega simuladores RV como parte de seu treinamento seguro para motoristas. São 105 mil condutores nos EUA e cerca de 125 mil globalmente. “A conexão entre o mundo virtual e o físico vai se tornando mais frequente e os casos práticos mostram a importância da adoção dessas estratégias, que podem, ao mesmo tempo, facilitar e otimizar processos e satisfazer o cliente, trazendo a ele uma nova experiência de compra sem sair de casa em um momento de quase pós-pandemia”, destaca a diretora Executiva da Associação, Marcella Cunha.
Drones - E quando se trata de entregas, a last mile, ou última milha, ganhou atenção especial nos últimos anos. E é justamente nessa última fase de envio das mercadorias que os drones passaram a ser vistos como uma alternativa eficaz. Há OLs que realizaram entregas de vacinas contra a Covid-19 por meio de drones nos Estados Unidos e clínicas rurais na África. Outros investiram nos veículos aéreos para tornar a gestão de estoque em armazém mais eficiente.
Nesse caso, o drone se mostrou uma opção simples, de custo baixo e ao mesmo tempo efetiva para aprimorar a conferência de estoque, que passou a ser semiautomática. Por meio de um tablet, o colaborador pilota o drone pelas estruturas da área de armazenagem, escaneando com um laser os códigos de barras e tirando fotos. O resultado foi ganho de tempo e precisão na verificação e atualização dos produtos em estoque, alimentando o sistema que faz a gestão do inbound e do outbound. A sistemática, além de mais rápida, dispensa o uso de empilhadeiras, trazendo mais segurança, pois evita que colaboradores subam em alguma estrutura para acessar os espaços mais altos e fazer a contagem.
“Para o futuro já são esperadas plataformas aéreas (naves mãe) para lançamento de drones. Cada ferramenta conta com as suas particularidades, envolvendo pontos positivos e negativos. Mas, uma coisa é certa, precisamos sempre priorizar o capital humano e estar abertos às novidades, de forma que as ferramentas sejam aliadas das empresas, sempre mantendo a competitividade e aumentando a produtividade”, finaliza Marcella.