11/03/2024

ESG e gestão sustentável

 ESG e gestão sustentável



Por Marcella Cunha, diretora executiva da ABOL


A busca dos Operadores Logísticos por uma gestão mais baseada em valores humanitários, ambientais e de transparência esbarra diretamente nos princípios da sigla ESG (Environmental, Social and Governance, em inglês). Ao mesmo tempo, é importante desmistificar e “desromantizar” o que ESG significa no mundo corporativo.


Uma pesquisa realizada em meados de 2022 pela Deloitte, em parceria com o Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (Ibri), identificou que 87% das empresas listadas na Bolsa de Valores brasileira aumentaram seu envolvimento em questões ESG. A ABOL representa Operadores Logísticos de capital aberto ou não, multinacionais e nacionais, e todos eles, sem exceção, já estão desenvolvendo mudanças significativas na prestação dos seus serviços, tendo como norte a sustentabilidade - no sentido mais amplo possível. 


Foi a partir dessa necessidade, que também tem sido diretamente provocada pelas novas demandas trazidas pelos embarcadores e clientes, que criamos o Grupo ESG. O grupo, que funciona desde 2022, colocou todos os Operadores na mesma página, quando, juntos e com apoio de consultoria especializada, realizamos a nossa "matriz de materialidade". Foi um momento no qual as empresas, que, vale lembrar, são concorrentes, deixaram seu crachá de lado e, com espírito colaborativo e associativo, renderam-se a esse exercício considerado fundamental para chegarmos aos cinco macro temas que devemos priorizar daqui por diante se quisermos ser reconhecidos como um segmento sustentável: 1. Eficiência e Carbono 2. Talentos e Diversidade 3. Saúde, Segurança e Bem-Estar 4. Ética e Integridade 5. Transparência e Privacidade.


Sabemos que a atividade de transporte responde por cerca de 20% das emissões globais de CO2, um dos principais gases causadores do efeito estufa. Por conseguinte, o diagnóstico apresentado pela matriz nos pareceu óbvio em um primeiro momento ao apontar que ações voltadas para a redução de emissões seriam as primeiras a serem tomadas - tanto de forma individual, quanto setorial. No entanto, precisávamos da constatação para que pudéssemos gerar ainda mais consciência entre os Operadores Logísticos e, principalmente, engajamento para as ações que estão por vir e que já estamos desenvolvendo, como é caso do "Inventário de Emissões ABOL", projeto que, se der certo, publicaremos os resultados ainda no segundo semestre do ano. 


Diante desse cenário, a descarbonização entrou para o topo da lista da agenda ESG da ABOL e dos Operadores Logísticos, que aceleraram a busca por soluções para substituir os combustíveis fósseis e diversificar suas fontes de energia. As iniciativas certamente contribuem para o Brasil reduzir as suas emissões, que atingiram 2,3 bilhões de toneladas brutas de gases de efeito estufa em 2022, e cumprir as metas estipuladas internacionalmente. Por essa razão, também estamos acompanhando atentamente as discussões no Congresso Nacional referentes à regulamentação do mercado de carbono no país, cuja expectativa é de aprovação ainda em 2024, trazendo mais segurança às empresas que já operam no mercado voluntário e àquelas que passarão a operar no obrigatório. 


O Projeto de Lei 2148/15 foi aprovado em dezembro pela Câmara dos Deputados e o texto cria o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE), que estabelece tetos para emissões e um mercado de venda de títulos. Vale destacar que o material reúne projetos discutidos na Câmara e uma proposta já aprovada pelo Senado (PL 412/22). A previsão é de que empresas que emitem mais de 10 mil toneladas de CO2 por ano apenas relatem as suas emissões para o órgão gestor. Já para as que emitirem mais de 25 mil toneladas por ano, além de relatar, deverão fazer a conciliação das suas emissões, ou seja, verificar se foi emitido mais do que o teto, para então tomar as medidas necessárias.



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