Antonio Wrobleski - Presidente da BBM Logística
O atual cenário em evolução da indústria da cadeia de suprimentos em todo o mundo, apresenta alguns desafios às empresas como tensões geopolíticas, escassez de mão de obra e complexidade regulamentar. Diante disso, as empresas do setor têm de se adaptar a um ambiente em constante mudança para superar as incertezas.
No meu ponto de vista, os desafios que as cadeias de abastecimento enfrentam hoje só podem ser resolvidos em grande escala de uma maneira: através da tecnologia. A inovação é a força motriz por trás da evolução da gestão da logística. Em tempos de incertezas e de volatilidade econômica, é preciso encarar a tecnologia e a digitalização como uma forma de encarar e responder mais prontamente os desafios e aproveitar as oportunidades.
Portanto, a tecnologia está aí para ajudar as empresas a explorar e desenvolver estratégias para gerenciar e mitigar riscos em um ambiente cada vez mais imprevisível. E mais: quem não abraçar a transformação digital não conseguirá responder às necessidades e exigências dos clientes de forma eficaz para garantir ou manter a competitividade do seu negócio.
O uso de tecnologias avançadas e sistemas eficientes de automação é crucial para enfrentar os pontos críticos dos clientes, ao mesmo tempo em que melhora a eficiência geral da cadeia de suprimentos e proporciona economia de custos. Os modernos sistemas de gestão de transporte (também conhecido como TMS), por exemplo, oferecem uma ampla gama de soluções de software projetadas para otimizar rotas, dar visibilidade do status de pedidos, obter insights em tempo real, além de fornecer status de remessa e documentação de comprovante de entrega.
Ao fornecer um alto nível de visibilidade, o TMS também ajuda as empresas a se adaptarem rapidamente a situações inesperadas, tomar decisões imediatas e manter um processo de transporte bem coordenado, mesmo em casos de emergências.
Dando um passo atrás no processo de transportes de cargas e mercadorias, também é preciso pensar em como tornar os processos de armazenagem mais eficientes. Para isso, existem os sistemas de gestão de armazenagem (ou WMS). Seu propósito é ajudar as empresas a reduzir erros, minimizar o tempo de inatividade e melhorar a produtividade geral em cada estágio do processo de armazém.
Com operações de depósito automatizadas, as empresas podem gerenciar efetivamente os níveis de estoque e atender pedidos por meio do rastreamento eficiente de estoques. Como resultado, as empresas podem garantir entregas precisas e rápidas e excelência operacional para seus clientes.
E só para ficarmos em três exemplos, afinal há muitas tecnologias disponíveis, vale destacar como a inteligência artificial e a tecnologia de aprendizado de máquina também melhoram o dia a dia dos negócios. Câmeras equipadas com essas tecnologias nos veículos podem garantir a segurança do motorista e a proteção da frota, ao mesmo tempo em que otimizam suas operações para a entrega pontual de bens e serviços. Esses dispositivos são capazes de detectar e lidar rapidamente com direção distraída, perigos na estrada e outros riscos de transporte em tempo real.
Enfim, as novas tecnologias oferecem vários benefícios para as empresas e as ajudam a reduzir erros humanos, obter dados e análises valiosos, melhorar a precisão e aprimorar os serviços ao cliente. Porém, a inovação exige investimentos. Então, como justificar a aplicação de recursos financeiros em logística em empresas que não a têm como atividade fim, ou seja, ela é "apenas" parte do todo?
Aqui é preciso levantar a bola para a necessidade de indústrias, varejistas e demais organizações em terceirizar suas necessidades de transporte e logística para provedores de soluções que têm a inovação em seu DNA. Dessa forma, as empresas podem se concentrar em suas atividades principais, ficando livres de complexidades logísticas.
À medida que as empresas navegam em um ambiente cada vez mais imprevisível, adotar a digitalização e a automação será essencial para atingir a resiliência e a eficiência da cadeia de suprimentos.
As organizações que ainda não adotaram a digitalização encontram maiores efetivos, maiores custos de horas extras e despesas operacionais adicionais, tudo isso prejudicando o sucesso geral. Construir uma cadeia de suprimentos resiliente é mais econômico a longo prazo, pois aumenta a eficiência e evita perdas potenciais durante eventos imprevistos.
Melhoria contínua e inovação: os pilares da estratégia dos negócios nos centros de serviços compartilhados
Em um mundo corporativo cada vez mais dinâmico e competitivo, a busca por eficiência operacional e inovação estratégica tornou-se imperativa para as empresas que desejam se destacar e manter uma vantagem competitiva sustentável. Especialmente nos Centros de Serviços Compartilhados (CSCs), a melhoria contínua e a inovação emergem não apenas como práticas operacionais, mas como verdadeiras filosofias empresariais integradas à estratégia dos negócios. Estes conceitos são fundamentais para o sucesso e a evolução contínua das organizações.
A melhoria contínua é um dos pilares fundamentais dos CSCs. Essas entidades são concebidas para fomentar e perpetuar a busca incessante por otimização dos processos, buscando não apenas eficiência operacional, mas também aprimoramentos que agreguem valor significativo às áreas de negócio que servem. Esse foco não somente visa a eficiência, mas também a entrega de valor real e tangível às partes interessadas internas e externas.
Na prática, isso significa que cada processo dentro de um CSC é meticulosamente medido e analisado através de indicadores de desempenho chave (KPIs), negociados e alinhados com as áreas clientes. A partir dessa análise, são definidos e executados os "comos" - seja através de revisões de processos, automação, ou programas de inovação - para tornar esses objetivos uma realidade palpável e mensurável.
A inovação, entrelaçada à melhoria contínua, não é vista meramente como a adoção de novas tecnologias, mas como uma forma de otimizar e reinventar processos existentes para alcançar resultados superiores. Esta abordagem holística permite que inovações, mesmo as mais simples, sejam valorizadas e implementadas, criando um ambiente onde a criatividade e a eficácia operacional andam de mãos dadas. Este ambiente fomenta uma cultura onde a inovação não é apenas sobre tecnologia, mas sobre pensar e agir de maneira diferente para melhorar constantemente.
Inovações disruptivas, portanto, não precisam necessariamente vir embaladas em tecnologia de ponta. Podem surgir da reorganização de uma equipe, da implementação de um novo relatório ou de mudanças processuais que, embora pequenas, têm o potencial de gerar impactos significativos na eficiência e na qualidade dos serviços prestados. Estas pequenas, mas poderosas mudanças são exemplos de como a inovação pode ser alcançada através de meios não convencionais, mas igualmente eficazes.
Um ponto crítico é a necessidade de alinhamento estratégico entre os CSCs e os objetivos gerais da empresa. Os CSCs devem incorporar e refletir a estratégia de negócios da organização, assegurando que suas iniciativas de melhoria contínua e inovação direcionem valor tangível e relevante às áreas de negócio que apoiam. Este alinhamento estratégico assegura que os CSCs não operem em silos, mas como partes integrantes e vitais da organização, contribuindo ativamente para sua evolução e sucesso.
Embora o caminho para a integração da melhoria contínua e da inovação nos CSCs esteja repleto de oportunidades, também enfrenta desafios significativos, especialmente no que diz respeito à resistência à mudança. Superar essa resistência exige uma cultura organizacional robusta, focada na valorização de ideias e na busca por excelência operacional.
Adicionalmente, os CSCs devem permanecer vigilantes e adaptáveis às mudanças no ambiente de negócios. Manter suas práticas de melhoria e inovação relevantes e eficazes ao longo do tempo requer uma conexão constante com a direção estratégica da empresa, garantindo que as iniciativas estejam sempre alinhadas com as metas e objetivos corporativos mais amplos.
A integração da melhoria contínua e da inovação à estratégia dos negócios representa mais do que uma prática operacional para os CSCs; é uma filosofia empresarial que impulsiona a excelência, a adaptabilidade e a competitividade no cenário empresarial moderno. Ao alinhar estreitamente estas práticas com os objetivos estratégicos da organização, os CSCs não apenas otimizam suas operações, mas também desempenham um papel crucial na transformação e no sucesso a longo prazo das empresas que servem.
Fonte: Jornal do Comércio