13/10/2020

Tradings unem forças para facilitar o caótico fluxo de commodities

 Tradings unem forças para facilitar o caótico fluxo de commodities


Covantis, sociedade de gigantes do mundo agrícola, testa sua plataforma de informação no Brasil

As maiores tradings do mundo, que movimentam boa parte das 550 milhões de toneladas de grãos e oleaginosas que giram pelo globo anualmente, se uniram para criar uma plataforma de troca de informações entre importadores e exportadores que deve gerar economia e otimizar suas operações, e também dos parceiros.

A joint-venture Covantis, fruto de um investimento cujo valor não é revelado e que vinha sendo estudado desde 2017, congrega as gigantes americanas Bunge e Cargill, a francesa Louis Dreyfus Company (LDC), a estatal chinesa Cofco International e a múlti holandesa Glencore Agriculture.

O objetivo da iniciativa é facilitar a comunicação entre os elos da cadeia a partir do momento da entrega da carga nos portos, informatizando a troca de atualizações sobre os navios e as mercadorias, o que hoje ocorre de forma manual.

Dada sua magnitude no mercado de commodities, o Brasil é o palco dos testes da Covantis. No ano passado, o país embarcou ao exterior 114 milhões de toneladas de soja, milho e farelo de soja, a partir de mais de 500 mil contratos de compra e venda.

“A Covantis deve se tornar líder de operações no nosso setor e poderá agilizar processos, modernizá-los e digitalizá-los”, afirma Petya Sechanova, CEO da iniciativa. Entre julho e agosto, 11 empresas, entre tradings, originadores e produtores de grãos, testaram a plataforma no porto de Santos (SP), e já no início do ano que vem ela terá seu lançamento oficial.

A escolha do Brasil se deu pela complexidade do mercado, segundo Petya. Ela lembra que no país acontecem as chamadas “vendas em cadeia” ou “string sales”, em que embora apenas o comprador final e o remetente tenham contato com a carga física, dezenas de intermediários agem para a mágica dos envios acontecer. São pessoas que trocam nomeações de navios e avisos contratuais, enviam e recebem instruções sobre documentos e tratam da disponibilidade da mercadoria que será embarcada.

“Imagine que cada carga tem um contrato de compra e outro de venda, que há certificados fitossanitários atrelados a elas e uma série de outros documentos exigidos por diferentes países. E que os navios formam filas e precisam ter uma cadência de carregamento. Isto escala muito a operação no porto e o atraso de qualquer ponta implica em prejuízos para toda a cadeia”, ilustra Marcos Amorim, diretor do comitê de contratos da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), cujas tradings associadas estão ativas usando a Covantis.

Dentro das tradings, o processo gera fluxos um tanto desordenados, que são gerenciados por e-mail, telefone e WhatsApp. Datas de chegada e partida, bandeiras de navios e volumes de mercadorias circulam sem parar, sobretudo nos picos de safra. E a cada erro desses “times de execução”, despesas e multas incorrem todos os dias.

Atualmente, de acordo com Petya, 70% do tempo dessas equipes é gasto com trocas de dados e outros 25% buscando ou deletando informações e, mesmo assim, pelo menos 5% dos avisos de chegada dos navios contêm inconsistências ou atrasam, isso quando não se perdem no processo.

Na Covantis, essas mensagens passaram a ser organizadas e criptografadas usando tecnologia blockchain, para evitar fraudes e garantir a segurança das informações. Alertas e notificações também facilitaram o apoio aos times de dentro das empresas.

Para Amorim, o potencial da Covantis é também de facilitar a resolução de disputas. “Com todas as informações guardadas, ficará fácil acompanhar a série de compromissos que um único e-mail gerava, independentemente até de fusos horários”, afirma.

Do lado exportador, os primeiros a entrar na plataforma serão os expedidores de mercadorias e os vendedores FOB, que não oferecem serviço de frete. Na importação, entrará quem freta as cargas. No futuro, a ideia é incluir os vendedores que se encarregam também do transporte (CIF) e empresas que prestam serviços, por exemplo, de supervisão, inspeção ou fumigação de cargas. E, mais tarde, bancos, autoridades oficiais e escritórios alfandegários também, acrescenta Petya. “Essa cadeia está toda interligada, e as grandes tradings logo perceberam que podiam agregar mais valor à indústria unindo forças do que criando plataformas individuais”, afirma.

Segundo a CEO da iniciativa, a ambição da Covantis é reunir, gradualmente, todos os embarques de grãos e oleaginosas a granel de suas fundadoras no mundo. Argentina e Estados Unidos são os países onde a solução deve desembarcar depois do Brasil.

No futuro, devem constar ainda na plataforma indicações de fornecedores terceirizados para as operações portuárias e instruções documentais. Petya esclarece que o intuito nunca foi virar uma plataforma de negociação de commodities. “Nosso escopo está no fluxo do porto até o destino, até a carga ser entregue, descarregada e paga pelos compradores finais”.

Fonte: Valor Globo

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