No recente ciclo de fusões, aquisições, composições e ampliação de atuação das empresas de consumo e varejo que operam no Brasil, há um denominador comum: os ecossistemas de negócios.
Magalu, Via, Americanas, Carrefour, Renner, Riachuelo, Soma, Arezzo, Pão de Açúcar, Mercado Livre, só para citar alguns grupos, se inspiram no que aconteceu na China para repensar sua visão, ambição e a definição de seu âmbito de atuação a partir do relacionamento privilegiado com consumidores nos canais físicos e digitais.
E quanto mais rápido crescem e se tornam relevantes, mais potencial têm para se tornarem ainda maiores pelo aumento de seu poder de fogo e valor de mercado. Isso explica a aceleração desse processo de fusões e aquisições envolvendo o varejo e o aumento do interesse por esse setor na retomada pós pandemia.
Os ecossistemas nascidos na China têm como benchmark global Alibaba, JD.com, Didi, Tencent, entre outros, e tiveram nos últimos anos forte crescimento, atingindo valores de mercado que superam praticamente todas as tradicionais corporações globais em seus setores.
Esses ecossistemas criam uma combinação de fatores a partir do conhecimento e relacionamento com os consumidores, a integração virtuosa de negócios e o uso desses ativos estratégicos para ampliar sua atuação, permitindo incorporar novas categorias de produtos e marcas, novos canais, segmentos e extenso portfólio de serviços, que vão da alimentação à saúde, passando por logística, educação, entretenimento, lazer, viagens, pagamentos e outros.
A partir da ampliação de sua atuação original, algumas empresas e grupos assumem uma estratégia de consolidadores e avançam de forma acelerada para ampliar sua atuação, buscando segmentos e conceitos que tenham frequência e constância de compra e consumo, em especial tudo que envolva alimentação, transporte, meios de pagamentos e finanças, saúde, entre outros.
Mas todo esse processo estimula que outros grupos também avancem para consolidar negócios num cenário que se tornou ainda mais competitivo em tempos de pandemia. Isso obriga à busca do aumento da escala dos negócios, do âmbito de atuação, da eficiência, da produtividade e aumento do protagonismo das marcas.
E só estamos na fase intermediária desse processo de transformação.
Precipitado pelo avanço da participação do digital, vamos assistir a uma transformação ainda mais ampla e profunda do mercado, do consumo e do varejo, com a perspectiva de que, em breve, esses ecossistemas irão se compor entre si, criando mega ecossistemas.
O varejo mudou e vai mudar ainda mais o cenário dos negócios na área de consumo. E essa verdadeira “corrida do ouro” a que temos assistido é apenas o trailer do que vem por aí.
20/12/2024
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