O uso de baterias de íons de lítio em equipamentos para o transporte de cargas dentro dos centros de distribuição e em veículos elétricos faz parte da realidade dos Operadores Logísticos associados à ABOL, diante da rápida evolução tecnológica e da busca constante por soluções sustentáveis dentro do setor. Ao acompanhar este cenário, a ABOL realizou, no dia 6 de setembro, mais uma importante reunião do grupo ESG da Associação, dessa vez sobre logística reversa.
O tema foi conduzido pela diretora de negócios e ESG da Energy Source, Ariana Mayer, que apresentou a palestra “Quero Reciclar - Logística Reversa de Baterias de Lítio”. A Quero Reciclar é um braço da Energy Source, responsável pelo reparo (aumentando a vida útil), reuso e reciclagem desse tipo de bateria, também usada na maioria dos eletrônicos portáteis, incluindo telefones celulares e computadores. Não é à toa que os principais clientes da empresa são as assistências técnicas e concessionárias.
A especialista trouxe dados relevantes, como o crescimento de 4% ao ano do lixo eletrônico global, sendo que menos de 20% é destinado corretamente. Até 2030, são esperadas 74,7 milhões de toneladas. No Brasil, 1% da reciclagem é feita de maneira documentada. “Se todo esse material fosse reaproveitado, ainda teríamos uma demanda de 14 milhões de matéria prima virgem. A destinação incorreta leva à perda de grandes oportunidades de negócio. Perdemos matéria prima que poderia ser reinserida em toda a cadeia produtiva”, destacou Ariana.
Atualmente, a empresa conta com 550 pontos de coleta em São Paulo e já estão nos planos mais seis pontos de origem. A diretora, inclusive, fez um convite aos OLs presentes no encontro. “De repente alguns de vocês podem ser parceiros nas coletas”, disse. O processo de reciclagem consiste em seis etapas, como separação das baterias, descaracterização segura, extração da black mass, dissolução dos óxidos do black mass por hidrometalurgia (via úmida), extração dos metais (lítio, cobalto, níquel e manganês) e a liberação dos produtos.
“O Brasil hoje não detém jazida de cobalto, por exemplo, 100% do utilizado no Brasil é importado. Com esse processo, a gente passa a reinserir o cobalto nas cadeias produtivas que precisam do material. Tudo isso só é possível com muita tecnologia. Em 10 meses de operação da Quero Reciclar, já coletamos mais de cinco mil quilos de resíduos”, mencionou, explicando que a empresa ainda conta com capacidade ociosa para atender a demanda prevista de baterias de lítio com a produção de novos veículos elétricos. “Temos como nos antecipar e prever a demanda”.
A reunião teve ainda a participação do diretor da Luft Agro e membro do Planejamento Operacional do Instituto Nacional De Processamento De Embalagens Vazias (InpEV), Luiz Alberto. Ele trouxe detalhes do trabalho feito pela entidade sem fins lucrativos criada por fabricantes de defensivos agrícolas para promover a correta destinação das embalagens vazias de seus produtos.
“Precisamos avançar mais e é importante pensarmos em uma nova rodada de conversa no próximo ano para nos aprofundarmos no tema”, garantiu a diretora executiva da ABOL, Marcella Cunha. Os encontros são organizados pelo coordenador do grupo ESG da Associação e head de Sustentabilidade da Bravo, Marcos Azevedo.