O setor de logística foi um dos mais afetados pela pandemia do novo coronavírus (Covid-19). Em razão disso, empresas precisaram se reinventar e investir em tecnologias que priorizassem a automação, com vista à redução do contato entre as pessoas. Assim, a preocupação inicial com a saúde de colaboradores e clientes foi se estendendo a investimentos que buscavam também a melhoria da eficiência operacional e o aumento da confiabilidade de processos.
Para o diretor comercial da Log-In Logística Intermodal, Maurício Alvarenga, a atuação da empresa com a cabotagem, que é essencialmente multimodal, torna ainda mais essencial o investimento em novas tecnologias. Segundo ele, existe a necessidade de conectar os vários modais numa espécie de interface única.
Pensando nisso, a empresa criou uma plataforma de integração modal que será lançada ainda este mês. O sistema já foi testado entre alguns clientes em 2020, e permitirá, entre outros benefícios, o acompanhamento de contêineres onde quer que esteja, no navio ou porto, por meio do acesso à plataforma com o uso de uma senha.
Em razão da pandemia, a Log-In também passou a atuar em frentes mais internas. A primeira delas voltada para o cuidado com os colaboradores, sobretudo, os tripulantes dos navios. Outra frente também interna foi o investimento em RPA (Robotic Process Automation) que, segundo Alvarenga, também trouxe benefícios para os clientes que passaram a fazer acompanhamentos online. O RPA automatizou processos que antes eram manuais.
Foram realizados ainda investimentos em ferramentas de tecnologia com o objetivo de reduzir o consumo de combustível da frota. Ele explicou que a inovação possibilita a leitura de informações de dentro das máquinas dos navios, e o envio de dados diretamente para o comandante. Isso permite que este conduza a embarcação da melhor forma possível até o porto. Além de reduzir custos, a tecnologia contribui para a diminuição na emissão de CO2 para o meio ambiente.
A VLI Logística criou há três anos o Inova VLI. De acordo com o gerente de transformação digital e inovação, Loic Hamon, o programa se desenvolve a partir de três frentes: detectar tendências tecnológicas, inovação aberta e foco na colaboração com startups, universidades, grandes empresas, entre outros agentes. Em 2020, a companhia desenvolveu e priorizou mais de 70 iniciativas digitais de médio e grande porte. Segundo ele, tais iniciativas estão alinhadas aos objetivos de fortalecer uma cultura mais ágil centrada no cliente e transformar o core business para gerar eficiência.
Recentemente a empresa experimentou o uso de drones no processo de arqueação dos navios (leitura digital do calado). Conforme explicou Hamon, além de eliminar a necessidade de lanchas, a companhia reduziu pela metade o tempo da operação. Ele afirmou ainda que a VLI vem estudando o uso de tecnologias para otimizar outras operações como Rechego Digital e Inspeção Remota de Porões.
Já em 2021, no Porto de Santos, a empresa realizou o kick-off do projeto “Proteção à vida”, que utiliza a Internet das Coisas (IoT)para controlar o acesso às áreas de risco do terminal, indicar rota de fuga mais segura e diminuir o tempo de evacuação total.
O especialista em logística da MáximaTech e da onBlox, Fabrício Santos, afirmou que vem observando o avanço principalmente da inteligência artificial, cada vez mais plugada nos sistemas e ajudando na automação de tarefas. Ele acredita que uma grande tendência para esse ano, que começou em 2020, serão os assistentes virtuais e seus comandos por voz, ajudando os gestores.
Outra tendência, segundo ele, é a automação sistêmica na geração e direcionamento das demandas a serem realizadas pelos operadores, liberando os gestores para cuidarem de atividades mais estratégicas. Já os robôs e drones ainda estão restritos a uma minoria mais tecnologicamente madura. Ele disse que IoT também depende de um grande investimento em infraestrutura por parte do governo para sustentar toda a troca de dados necessária.
No setor portuário, ele reforça que o uso do blockchain vai trazer mais segurança e precisão nas informações de todo o processo portuário, que é mais longo e conta com várias pessoas e empresas envolvidas. Além disso, uma das tendências são os softwares de formação de carga em 3D, que ajudam nos cálculos de cubagem de navios e contêineres, otimizando o espaço para mercadorias e reduzindo o custo geral do frete. Santos destacou que esta tecnologia ainda é pouco utilizada no Brasil, mas deve ganhar força nos próximos anos.
A Log-In também vem investindo em inovação em seu terminal portuário no estado do Espírito Santo. O contrato de concessão foi renovado ano passado até 2048. Alvarenga afirmou que agora com a renovação será possível fazer os investimentos necessários, até mesmo em cumprimento às obrigações contratuais. Ele informou que alguns dos investimentos serão em novos guindastes, bem como em tecnologia nos equipamentos portuários, de modo a garantir o aumento da produtividade.
Para tanto, em 2019 a empresa levantou capital financeiro para a realização de investimentos nos mais diversos setores da companhia No terminal, o montante a ser investido será de R$ 130 milhões. Os recursos também serão investidos na expansão da cabotagem com a aquisição de novos navios. Segundo ele, a depender das condições do mercado, a ideia é adquirir um navio este ano.
A empresa aguarda ainda as definições sobre o Projeto de Lei (PL 4199/2020), BR do Mar para definir o melhor modelo de investimento. Alvarenga explicou que o que muda com o projeto é a forma de fazer o investimento, ou seja, com o projeto será possível trazer mais rápido o navio.
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