O grupo de logística DHL planeja expandir sua atuação no Brasil, com a formação de novos polos regionais, o aumento do número de lojas voltadas ao comércio eletrônico e a ampliação de sua estrutura no aeroporto de Viracopos (SP), segundo Mirele Mautschke, presidente da DHL Express no país. O plano de investimentos no Brasil, até 2025, é de R$ 150 milhões.
Globalmente, a DHL Express, divisão do grupo alemão de logística, faturou € 6,37 bilhões (cerca de R$ 35 bilhões, na cotação atual) no primeiro trimestre de 2022, e fez investimentos (capex) totais de € 605 milhões (na ordem de R$ 3,36 bilhões), apenas no período de janeiro a março deste ano. A empresa não abre os números de receita por país.
Em 2022, a previsão da empresa é investir R$ 51 milhões no Brasil. Os recursos deverão ser usados para a compra de veículos elétricos e a instalação de novas unidades, incluindo a formação de um “hub” regional no Recife, voltado ao atendimento no Nordeste. “Há uma grande expectativa de crescimento do consumo na região. Enxergamos muitas oportunidades”, afirma.
A companhia também planeja montar um polo regional no Sul, dentro de um prazo de um a dois anos. Hoje, a operação é centralizada em São Paulo.
Além disso, o plano de expansão prevê abrir cerca de 25 novas lojas próprias pelo país nos próximos anos. A ideia é ampliar a presença no mercado de comércio eletrônico, facilitando o acesso a pessoas físicas e a negócios de pequeno porte nas cidades.
Outro investimento relevante da empresa será a expansão de sua área no aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP), com o objetivo principal de elevar a capacidade de exportações.
Para Mautschke, a expectativa é que o crescimento no mercado no Brasil desacelere nos próximos anos, em comparação com a forte expansão vista durante a pandemia, principalmente pela demanda maior do comércio eletrônico. Entre 2019 e o início de 2022, o faturamento no país saltou 117%, segundo a executiva. Nos próximos anos, a previsão é de um avanço de cerca de 10% por ano no país.
“É um percentual menor do que o dos últimos anos, mas a expectativa é boa. Ainda há algumas incertezas em relação ao mercado, que só ficarão mais claras no segundo semestre, por exemplo, como vai ser a acomodação pós-pandemia e o que vai permanecer de impacto da guerra entre Rússia e Ucrânia. É difícil prever, muitos falam em recessão global, mas não acredito que deva acontecer com tanta intensidade”, afirma a presidente.
Hoje, a DHL ainda sofre bastante os efeitos da pandemia, diz. “Há muita imprevisibilidade, especialmente em relação à China [por conta dos impactos gerados pelos lockdowns]. Há gargalos e dúvidas sobre como será a demanda futura. Também não há uma clareza sobre como ficará a malha aérea global, se vai voltar a ser o que era antes da crise.”
Nas últimas semanas, a companhia iniciou a operação de um avião cargueiro próprio, adquirido em resposta às incertezas provocadas pela pandemia. Com a redução e a falta de previsibilidade das escalas dos voos comerciais (também usados para transporte de carga), a empresa sentiu a necessidade de ter uma maior garantia de capacidade para os momentos de pico de demanda.
O novo avião vai fazer a rota entre Miami e Viracopos (Campinas, em São Paulo), com uma parada em Bogotá na exportação. “
As projeções de crescimento do mercado brasileiro se baseiam na perspectiva de que o mercado interno de comércio eletrônico continuará em alta, mas também contemplam o avanço nas importações e exportações, diz a executiva.
Fonte: Valor Econômico