Medir o real impacto que as atividades realizadas por uma empresa causam ao meio ambiente é algo cada vez mais necessário, tanto para a preservação do planeta quanto por questões estratégicas e econômicas. Ser sustentável se tornou um diferencial competitivo, principalmente nos setores historicamente conhecidos por sua alta emissão de poluentes na atmosfera, como o transporte de cargas.
De olho nessa necessidade crescente por estudos mais aprofundados sobre o tema, a ABOL – Associação Brasileira dos Operadores Logísticos, desenvolve o Inventário de Emissões Gases do Efeito Estufa (GEE), que em 2025 chega a sua segunda edição. Para falar um pouco mais sobre a relevância da Iniciativa, a entidade esteve nesta quarta-feira (23) no Fórum ILOS, principal evento de logística e supply chain do Brasil, onde apresentou uma prévia do novo relatório para as principais lideranças presentes.
"A agenda ambiental deixou de ser periférica e passou a integrar a gestão corporativa. Cerca de 77% das empresas têm inventários, o que é bastante relevante. Os associados estão evoluindo, fazendo diagnósticos cada vez mais completos e com metas agressivas. Um levantamento confiável permite transparência, acesso a provedores de capital e preparação para o mercado regulado de carbono, uma realidade nos próximos anos”, explicou Marcos Azevedo, diretor de ESG da ABOL e head de Sustentabilidade da Bravo, empresa filiada.
Representando a Associação no evento, Azevedo falou sobre como atualmente o reporte de emissões é ainda voluntário, por não haver uma legislação específica, mas que isso deve mudar com o avanço da regulamentação do Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (SBCE), quando empresas que liberarem mais de 10 mil toneladas de gases de efeito estufa por ano serão obrigadas a medir e informar esses dados. Além disso, aquelas acima de 25 mil toneladas entrarão diretamente no mercado regulado, sujeitas a metas de redução e compensação. Isso trará um custo alto para a cadeia logística.
“O operador logístico precisa incorporar a sustentabilidade em sua estratégia e considerar como realizar a medição das emissões. Esse aspecto será cada vez mais relevante, inclusive para obter acesso a linhas de crédito com condições mais vantajosas. Além disso, a redução das emissões está diretamente relacionada ao aumento da eficiência operacional”, comentou.
O especialista destacou, ainda, que o diesel segue como um grande desafio para o país. “Vivemos em um país com grande relevância ambiental, mas que enfrenta desafios significativos, como o uso intensivo do transporte rodoviário movido a diesel e o desmatamento. Isso reforça a importância da medição das emissões no setor logístico, para que possamos identificar e implementar medidas eficazes de redução”, complementou.
O II Inventário GEE da ABOL será divulgado ao público ainda este ano e conta com a participação de 22 empresas associadas. O documento, elaborado em parceria com o Instituto Via Green, faz parte das ações da entidade para contribuir com as políticas ESG (Environmental, Social & Governance) e busca auxiliar o processo de tomada de decisões relacionadas à redução de liberação de substâncias nocivas na atmosfera, além de elencar os principais desafios, como o alto custo da descarbonização.
Regulamentar a atividade dos Operadores Logísticos (OL), responsáveis pelos serviços de transporte, armazenagem, e gestão de estoque, e garantir maior segurança jurídica, competitividade e sustentabilidade ao setor. Este é um dos grandes propósitos da ABOL - Associação Brasileira de Operadores Logísticos. Desde 2012, a entidade representa, promove e trabalha em prol do desenvolvimento do setor e na defesa do protagonismo e essencialidade dos operadores associados, empresas nacionais e multinacionais que atendem as mais diversas cadeias produtivas e que, juntas, detêm 16% da Receita Bruta de todo o mercado.
Fonte: Guia Marítimo