31/10/2022

Dados reduzem filas, mas logística é desafio

 Dados reduzem filas, mas logística é desafio



Estratégico para a economia brasileira, o agronegócio movimenta cerca de R$ 2 trilhões por ano e é responsável por 27% do Produto Interno Bruto (PIB), mas o escoamento da safra agrícola, que bate recordes a cada ano, continua esbarrando em problemas de infraestrutura. Pesquisa CNT de Rodovias, da Confederação Nacional do Transporte (CNT), aponta para uma matriz de escoamento desbalanceada, em razão da pouca disponibilidade de ferrovias e hidrovias, uma malha rodoviária restrita e com condições inadequadas e portos com limitações de capacidade.


“O transporte da carga agrícola para exportação, no qual grandes volumes devem ser movimentados por grandes distâncias, seria feito com mais eficiência por ferrovias e hidrovias, com o modo rodoviário no início e no fim das cadeias logísticas”, diz o diretor-executivo da CNT, Bruno Batista. Apesar disso, o escoamento da produção até os portos depende das rodovias, responsáveis por 65% das cargas transportadas, mas 78,5% da extensão rodoviária do país não é pavimentada e é composta, principalmente, por rodovias de pista simples, que têm menor capacidade de comportar o fluxo de veículos e más condições de segurança.


Outro gargalo para o escoamento da safra de grãos é a defasagem de armazenamento, de 70 milhões de toneladas para grãos, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Apenas 15% das propriedades rurais têm local para armazenar, concentradas nas regiões Sul e Centro-Oeste.


O professor de MBAs de gestão comercial da Fundação Getulio Vargas (FGV), Roberto Kanter, diz que empresas como a Cargill têm investido na construção de silos próprios para armazenamento ao longo do caminho da produção até onde é feito o escoamento. “É uma maneira de otimizar a própria logística, facilitando o transporte rodoviário e criando uma malha a partir desses centros, além da oportunidade de novos negócios.”


A grande aliada na logística do escoamento da safra agrícola tem sido a tecnologia, com aplicativos que indicam os melhores caminhos e permitem agendar horário de descarga de caminhões nos portos. “Esses agendamentos fizeram, por exemplo, com que as filas que existiam nos Portos de Paranaguá, no Paraná, e de Santos, em São Paulo, fossem contidas”, diz a assessora técnica da Comissão Nacional de Logística e Infraestrutura da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Elisângela Pereira Lopes.


Ela destaca também a unificação de documentos para despacho de cargas nos portos, o Documento Eletrônico de Transporte (DT-e), e outros programas como o sistema carrossel no Porto de Itajaí, em Santa Catarina, no qual o caminhão entra para descarregar por um portão e saí por outro, aplicativos e investimentos em pátios de triagem. “Mesmo com essas melhorias, os portos já estão quase em seu limite de capacidade operacional e necessitam de ampliação”, aponta Lopes.


Em 2022, ainda como efeito da pandemia de covid-19, houve filas de navios nos portos brasileiros, devido à escassez de contêineres, à falta de mão de obra e ao aumento do consumo de produtos estrangeiros comprados pela internet. “Isso causou um efeito cascata nos outros serviços portuários e nas cadeias logísticas como um todo, com congestionamentos de caminhões nos terminais, acúmulo de cargas nos pátios, atrasos de embarques e desembarques e mudanças nos portos previamente planejados para descarga”, diz Batista, da CNT.


Além dos portos, faltam investimentos em ferrovias e hidrovias para um melhor balanceamento da matriz de transporte. Segundo o Ministério de Infraestrutura (Minfra), desde 2019 o governo federal renovou 5 mil quilômetros de rodovias, com investimento de R$ 12,5 bilhões em pavimentação, duplicação, restauração, adequação e construção nas estradas.


Um dos casos mais emblemáticos para o agronegócio está no Pará, com a conclusão do asfaltamento da BR-163 até Miritituba (PA). Foram 976 quilômetros de melhorias que demandaram R$ 6,6 bilhões de investimentos.


No Plano Nacional de Logística 2035 está previsto que o setor ferroviário aumente para 40% sua participação na logística de transportes. O MInfra estima R$ 69,82 bilhões em investimentos a serem contratados por meio de concessões, renovações de contratos existentes e desestatização de ferrovias até 2023. Já para o transporte via rios e mares, o Ministério entregou 80 empreendimentos nos portos entre 2019 e o 1º semestre deste ano, com R$ 6,9 bilhões em investimentos públicos e privados. Ainda este ano pode ser lançado o edital para a desestatização do Porto de Santos, com previsão de investimentos privados de R$ 20,3 bilhões ao longo do prazo do contrato.


Fonte: Valor Econômico



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