O futuro mapa logístico do Estado de São Paulo prevê a extensão da rodovia Castello Branco por 91 quilômetros, um macroanel viário em Ribeirão Preto, o contorno de Presidente Prudente e a modernização da estrada Rio-Santos no trecho de Bertioga até Ubatuba - que ficou fora da nova concessão federal da Via Dutra.
Para viabilizar essas obras, o governo João Doria (PSDB) está contratando a elaboração de projetos de engenharia para 1.774 quilômetros de rodovias, que deverão ser entregues em meados de 2023. Ao todo, serão investidos R$ 242 milhões no desenvolvimento de 56 projetos, divididos em 15 lotes pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER).
O edital foi lançado na sexta-feira da semana passada e as empresas interessadas terão até 14 de março para apresentar suas propostas na concorrência. Depois da assinatura dos contratos, o prazo de entrega dos projetos efetivamente será de 14 meses. A maior parte é de projetos executivos de engenharia, com um nível de detalhamento maior do que projetos básicos ou anteprojetos.
Nas palavras do vice-governador Rodrigo Garcia (PSDB), que deve assumir o Palácio dos Bandeirantes em abril e concorrer à reeleição, trata-se de uma “recomposição da prateleira” de grandes empreendimentos no setor. “Com isso, queremos evitar uma limitação logística para o crescimento da economia paulista lá na frente”, afirmou ao Valor.
Para ele, o Estado viveu um “choque de infraestrutura” na década de 1990, quando saíram do papel as primeiras concessões rodoviárias - normalmente as mais bem avaliadas do país, conforme pesquisa anual da Confederação Nacional do Transporte (CNT). stão entre elas os sistemas Anhanguera-Bandeirantes, Anchieta-Imigrantes, a Castello Branco e a Raposo Tavares. Mais tarde, outras concessões foram sendo modeladas, até o leilão do lote Piracicaba-Panorama (Pipa) - maior em extensão do Brasil, com 1.273 quilômetros. Além disso, o próprio DER tem uma carteira de R$ 10 bilhões em obras públicas, como melhorias em estradas vicinais.
“Só que a prateleira diminuiu. Houve um esgotamento gradual dos projetos disponíveis e precisamos fazer a reposição”, diz Garcia. Ele acrescenta que outras áreas da infraestrutura, como a mobilidade urbana, também passam por essa recomposição da carteira. O Metrô de São Paulo acaba de iniciar o projeto básico da Linha 19-Celeste (ligando o centro da capital a Guarulhos) e estudos iniciais da Linha 20-Rosa (região da Lapa até Santo André).
Entre os projetos contratados agora pelo DER, estão ainda duplicações de rodovias como a Oswaldo Cruz (SP-125) em dez quilômetros na região de Taubaté, a Índio Tibiriçá (SP-031) no trecho São Bernardo do Campo-Ribeirão Pires-Suzano, a Doutor João Mendes (SP-151) entre Limeira e Iracemápolis, a Tancredo Neves (SP-332) em 26 quilômetros do trecho Rodoanel-Franco da Rocha-Várzea Paulista-Jundiaí. A Castello Branco será prolongada até o município de Echaporã, perto de Marília.
Garcia acredita que a maior parte das futuras obras precisará ser feita por investimentos públicos, com recursos orçamentários, uma vez que oneraria demais as tarifas de pedágio em eventuais concessões ao setor privado. No entanto, ele não descarta a possibilidade de aproveitar o vencimento nos próximos anos de alguns contratos de rodovias privatizadas para colocar obrigações de investimentos para as novas concessionárias que viabilizem pelo menos uma parte das obras.
Executivos do setor avaliaram positivamente a iniciativa do governo paulista. José Roberto Bernasconi, ex-presidente do Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva (Sinaenco) e fundador da Maubertec Engenharia, chamou a atenção para o fato de que vários projetos executivos estão sendo contratados de uma única vez, no atacado, algo pouco comum e que deixará uma prateleira de empreendimentos formulados para futuras administrações.
De acordo com Bernasconi, o gasto com a elaboração dos projetos de engenharia costuma ficar entre 2% e 4% do valor total da obra. Ele ressalta que a despesa inicial, no entanto, é revertida em economia e menos dores de cabeça quando os trabalhos de construção efetivamente começam. “Quem pensa antes executa melhor. Quem planeja direito consegue cumprir cronograma. O projeto executivo dá os elementos para o contratante saber o que vai contratar e permite ao contratado saber exatamente o que ele precisa entregar”, afirma.
Para ilustrar a importância, Bernasconi explica que levantamentos topográficos apontam o melhor traçado para uma obra e análises geotécnicas mapeiam a qualidade do solo. “Gasta-se mais no início, mas isso evita surpresas que geram aditivos contratuais mais adiante, com acréscimo de orçamentos e dilatação de prazos.”
Segundo ele, a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) já identificou mais de 10 mil obras no país paralisadas no meio do caminho e um dos principais motivos seria justamente a falta de projetos detalhados de engenharia, que acabam causando imprevistos. “Nossa bandeira histórica é que as obras só sejam contratadas com projetos executivo".
Fonte: Valor Econômico
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