24/08/2021

"BR do Mar: projeto que incentiva cabotagem ainda está longe do consenso"

 "BR do Mar: projeto que incentiva cabotagem ainda está longe do consenso"


Em tramitação no Senado, o projeto que institui o Programa de Estímulo ao Transporte por Cabotagem, também chamada de BR do Mar, ainda está longe de alcançar um consenso.

Na última sexta-feira, 20, uma debate na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), mostrou que a navegação entre os portos brasileiros é adequada para a logística do país, no entanto, o setor precisa contar com regras que de fato garantam a redução de custos, a geração de empregos e a competitividade, mas evitem a perda de soberania, a concentração de mercado ou o aumento da dependência externa.

Relator do projeto no CAE, o senador Nelsinho Trad (PSD-MS), disse que o texto, enviado ao Congresso pelo Executivo, pode impactar diretamente na redução do ‘Custo Brasil‘. “O meio de transporte pode e deve se adaptar à característica de cada local, mas há desafios relacionados à questão do custo do afretamento. Não seria razoável criar uma estrutura que fosse viável somente em alguma parte do ano”, diz.

BR do Mar: ministro confirma que espera projeto modificado no Senado e retorno à Câmara
Na avaliação do ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, o redesenho do setor de cabotagem vai proporcionar o aumento da frota de embarcações, sem prejudicar a eficiência da indústria da construção naval. “O projeto constitui grande avanço na cabotagem brasileira, em função das conversas que vêm sendo mantidas no mercado com segmentos de usuários e operadores interessados em atuar no setor. A gente verá o aumento das embarcações e a redução dos custos. A gente vai conseguir crescer a taxas mais relevantes do que aquelas que a gente tem hoje. É uma abertura equilibrada, que será extremamente benéfica para o país”, afirma.

Cabotagem\
Secretário Nacional de Portos e Transportes Aquaviários do Ministério de Infraestrutura, Diogo Piloni, conta que o projeto busca abertura, aumento da competição no setor, entrada de novos “players” e mantém dispositivo para formação de frota vinculada com o Brasil, de forma regular e com custo de fretes regulares. Ele destacou ainda que o Brasil utiliza apenas 9% de sua matriz logística, enquanto a China utiliza 31%, o Japão responde por 44% e a União europeia atinge 32%. “Um país como o nosso, com a costa que tem, não pode se limitar a uma participação tão tímida”, defendeu.

O Brasil tem uma costa marítima com sete mil e quinhentos mil quilômetros.

Melhorias no texto\
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) reforça que apesar de avaliar positivamente o BR do Mar, o órgão aponta que algumas regras no texto podem favorecer grandes empresas do setor.

Atualmente, apenas uma empresa pode alugar um navio mantendo a bandeira estrangeira quando não há embarcação brasileira equivalente disponível. O novo projeto prevê novas formas de afretamento com a manutenção da bandeira. Para acessar esses formatos, a empresa brasileira de navegação só poderá afretar navios que sejam de sua subsidiária integral estrangeira. Essa restrição é um dos pontos que, para o Cade, poderiam ser aprimorados para aumentar a concorrência.

“O projeto pode ser melhorado, há restrições a alguns tipos de afretamento, há restrições à exigência mínima de profissionais por nacionalidade, há liberação de cascos novos somente após alguns meses e regras ligadas à transparência dos preços”, destaca o coordenador do Departamento Econômico do Cade, Ricardo de Castro.

A vice-presidente-executiva da Associação Brasileira das Empresas de Apoio Marítimo (Abeam) e representando também a Confederação Nacional do Transporte (CNT), Lilian Schaefer também defende melhorias no texto, como a inclusão de mecanismos que permitam às instituições financeiras alongarem os prazos de amortização e carência nos financiamentos contratados com o fundo da marinha mercante.

Lilian também defende a manutenção das alíquotas do fundo da marinha mercante nos patamares atualmente praticados, tendo em vista a importância do mecanismo para o desenvolvimento das regiões mais carentes do país. Em relação à navegação interior, ela cobrou a atenção dos parlamentares para o projeto BR dos Rios, em fase de estudos no governo, para que suas premissas possam ser observadas no texto que propõe o BR do Mar.

Divergências\
O diretor-executivo da Associação Brasileira de Armadores e Cabotagem (Abac), Luís Fernando Resano, criticou o BR do Mar, mas ponderou que o projeto traz uma série de oportunidades. “Nós não podemos abrir mão de investimento no país, e esse projeto vai permitir que sejam constituídas empresas brasileiras sem frota e investimento. Isso traz vulnerabilidade para o setor e irregularidade para o usuário”, defende.

Representantes da Logística Brasil, André de Seixas e Abrahão Salomão avaliaram que o projeto que cria a BR do Mar é contraditório no que diz respeito à defesa da concorrência. Eles afirmaram que o excesso regulatório gera instabilidade e estimula a evasão fiscal.



Fonte: Canal Rural

Notícias Relacionadas
 JSL apresenta nova unidade de negócios digital para logística rodoviária

30/04/2025

JSL apresenta nova unidade de negócios digital para logística rodoviária

A empresa de serviços logísticos JSL marcou presença na 29ª edição da Intermodal South America com uma nova adição ao seu ecossistema logístico. Lançando um novo capítulo em sua jornada (...)

Leia mais
 Supporte vai expandir capacidade logística em Uberlândia em 47%

29/04/2025

Supporte vai expandir capacidade logística em Uberlândia em 47%

A Supporte Logística irá expandir sua operação em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, com a construção de um novo galpão logístico com cerca de 50 mil metros quadrados (m²) e um investimen (...)

Leia mais
 Brado amplia operações com gergelim e acompanha crescimento do mercado

29/04/2025

Brado amplia operações com gergelim e acompanha crescimento do mercado

O mercado de gergelim está em plena expansão e a Brado, empresa referência em soluções logísticas multimodais, acompanha esse ritmo com um crescimento expressivo no transporte do grão. E (...)

Leia mais

© 2025 ABOL - Associação Brasileira de Operadores Logísticos. CNPJ 17.298.060/0001-35

Desenvolvido por: KBR TEC

|

Comunicação: Conteúdo Empresarial

Este site usa cookies e dados pessoais de acordo com os nossos Termos de Uso e Política de Privacidade e, ao continuar navegando neste site, você declara estar ciente dessas condições.