Tecnologia poderá ser aliada de setores que precisam zelar pela proteção de dados pessoais e sensíveis
Embora esteja muito ligada ao ambiente de transações de criptomoedas, a tecnologia de blockchain é apontada por especialistas em segurança como uma tendência de futuro para a validação e a certificação de contratos e negociações de natureza distintas.
Na prática, a tecnologia pode ser comparada a uma espécie de livro razão ou livro contábil público e distribuído, com o registro de transações por algoritmos que impedem a alteração dos dados originais. Ferramenta já utilizada por muitas fintechs, a blockchain é uma forma descentralizada de realizar transações financeiras com segurança.
Almir Meira Alves, diretor acadêmico da CE Cyber, centro de capacitação em cibersegurança, diz que a blockchain terá um papel importante na área de saúde com relação ao cumprimento de leis relacionadas à proteção de dados, como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), vigente desde setembro passado. “O registro médico é o item mais sensível com relação a leis de proteção de dados, porque ele contém dados pessoais, dados sensíveis e dados super sensíveis, referentes a crianças e pessoas com doenças muito graves. A tecnologia de blockchain pode ajudar muito a garantir a proteção desse tipo de informação”, afirma Alves.
Na próxima década, a blockchain tende a ganhar mais importância no cenário de cibersegurança, segundo Alves. Ele destaca que o potencial para ocupar o lugar dos certificados digitais. “Essa tecnologia é tão importante que pode, em dez anos, substituir os certificados digitais, garantindo os mesmos níveis de segurança e com menos recursos computacionais, por descentralizar a operação”, afirma.
Para Arthur Igreja, especialista em tecnologia e inovação, a blockchain traz a confiança embutida em algoritmo, em códigos, que deverá ser mais aplicada em transações relacionadas a contratos no âmbito cível.
“Acho que os maiores interessados em blockchain serão as grandes instituições financeiras, porque poderão reduzir custos transacionais. Mas enxergo a adoção da tecnologia em larga escala no que ser refere a propriedade intelectual, registros de marcas e patentes e celebração de contratos na esfera cível”, explica Igreja.
O setor de logística também será, na visão de Igreja, outro grande beneficiado pela blockchain. “Vamos começar a ver cadeias de blockchain privadas, principalmente no mundo da logística. Há um estudo muito interessante do HSBC mostrando que o transporte de um contêiner de Hong Kong para outra parte do mundo passa por centenas de etapas de documentos, e que, se esse processo apresentasse um fluxo de blockchain, haveria uma economia enorme”, comenta Igreja.
De acordo com Eduardo Terzariol, gerente de software da Logicalis, a tecnologia de blockchain ganha relevância pelo alto nível de confiança que ela confere às transações. Terzariol ressalta que, no ambiente com blockchain, o software executa o que está escrito, garantindo que tudo ocorrerá exatamente como foi estabelecido entre as partes.
Apesar de considerar que a tecnologia atingiu um grau de maturidade, o gerente de software da Logicalis enxerga ainda um longo caminho de evolução para que sua adoção se torne massiva.
“As fintechs têm um papel importante para a acelerar o uso da blockchain, porque é uma tecnologia que simplifica processos, ao mesmo tempo que traz segurança. Acho que vai haver uma utilização expressiva da tecnologia no Brasil, a incógnita é a velocidade dessa adoção”, afirma Terzariol.
Marco Carnut, CTO do Zro Bank, faz uma provocação quanto ao poder de descentralização da tecnologia blockchain. O executivo compara a tecnologia a um monstro de múltiplas cabeças que convergem ao invés de brigarem. “É nesse consenso que está a beleza da blockchain”, ressalta Carnut.
Fonte: Valor Econômico
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