O Porto do Açu busca ampliar a recepção de serviços de cabotagem em suas instalações. A Prumo, que administra o complexo portuário no norte fluminense, e a empresa de navegação Norsul firmaram este ano um acordo para transporte de contêineres e cargas de projeto da Technip entre os portos do Rio de Janeiro e do Açu. O CEO do Porto do Açu Operações, José Firmo, disse, na última semana, que a ideia é consolidar esse serviço de cabotagem entre Porto do Rio e do Açu, uma vez que os volumes aumentem, o que permitiria viagens marítimas perenes, em vez de essa carga ser transportada por rodovia.
A Prumo também enxerga potencial para transporte de pedras ornamentais produzidas no norte do Rio de Janeiro e sul do Espírito Santos. Segundo Firmo, esta carga específica foi identificada com logística favorável para o transporte marítimo com escala no porto. Ele acredita que a cabotagem pode assumir uma distribuição tão grande quanto no modal rodoviário.
“A cabotagem para o Açu é fundamental, uma alternativa de balanceamento para portos grandes ao nosso redor, se for comercialmente competitiva (...) Estamos olhando a cabotagem com carinho com outras cargas”, avaliou Firmo, na última quarta-feira (9), durante entrevista coletiva sobre o balanço de 2020 e perspectivas do complexo portuário e industrial para 2021.
Para Firmo, o desenvolvimento da cabotagem no país dependerá do quanto o BR do Mar, programa de incentivo ao modal do governo federal, trará eficiência e competitividade, quando for sancionado. “O Brasil precisa destravar a regulação para trazer mais participação internacional”, analisou. Ele acrescentou que, se a economia brasileira reaquecer e voltar a crescer 4% ao ano, será preciso reinventar a logística de transportes.
O diretor de terminais e logística do Porto do Açu, João Braz, vê o porto bem posicionado em termos de acesso, distante de grandes centros urbanos. Ele observa que os mercados consumidores ainda costumam encontrar dificuldades para acessar os portos. “Quanto mais estímulo à cabotagem, melhor para um porto sem gargalos”, frisou. Braz contou que o foco para esse ano será o mercado cativo, bem como uma série de outras cargas que poderiam se beneficiar do serviço regular do porto. Ele reconheceu que o trecho Rio-Açu não é o conceito de cabotagem tradicional e explicou que distâncias acima de 600 quilômetros são mais competitivas para esse tipo de serviço.
Operações portuárias — De acordo com a Prumo, ocorreram 12 mil acessos ao porto desde 2014, com crescimento expressivo nos anos de 2016 e 2017 e contínuo entre 2017 até 2019. O complexo portuário ocupou o 3º lugar em movimentação de carga em 2019, quando comparado a portos públicos ou terminais privados, movimentando menos que Santos e Paranaguá. Em comparação aos terminais de uso privado (TUPs), as operações do terminal 1 (offshore) do Açu, no segundo trimestre de 2020, ficou atrás apenas de Ponta da Madeira (MA), operado pela Vale, e do Terminal de Angra dos Reis (RJ), operado pela Petrobras.
A movimentação da Ferroport, responsável pelo terminal de minério de ferro do Porto do Açu, totalizou 2,4 milhões de toneladas em março deste ano, recorde que contribuirá para que o terminal alcance 24 milhões de toneladas em 2020. Ao todo, foram 89 milhões de toneladas movimentadas desde o início das operações da empresa, joint venture entre a Prumo e a Anglo American. Entre 2014 e novembro de 2020, foram recebidos 560 navios no terminal.
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