Por César Souza, consultor, palestrante, autor e empresário. Especialista em liderança, é autor de Seja o Líder que o Momento Exige, Cartas a um Jovem Líder e Você é do Tamanho dos seus Sonhos
Em 2022, a população brasileira vai às urnas escolher seu próximo presidente. Alguns potenciais candidatos já se apresentam como opção e a corrida eleitoral começou não apenas mais cedo do que o esperado, mas também em um momento de uma crise sem precedentes de saúde pública e com a economia enviando sinais preocupantes em várias frentes.
Trata-se de uma ocasião ímpar, com o fator adicional da sociedade demonstrando cansaço, desânimo e necessidade de voltar a esperançar.
Hora de nos questionarmos e refletirmos sobre o tipo de líder que o momento exige. Precisamos de líderes capazes de promover a necessária convergência que o Brasil tanto precisa. Precisamos de líderes com “L” maiúsculo e, assim, superar esse verdadeiro “apagão de liderança” que testemunhamos.
Uma liderança que inspire a nossa população, de dimensões continentais, na condução de temas determinantes para o futuro do país, como educação, saúde, economia, empregabilidade, segurança pública e sustentabilidade. E capazes de nos encorajar a enfrentar as circunstâncias tão adversas dessa crise de proporções catastróficas. Nesse momento, o exemplo e o empenho dos líderes são decisivos para o sucesso ou o fracasso das estratégias de enfrentamento que visam preservar vidas. Entretanto, mais do que trabalhar em cada vertente, o que faz a diferença nos líderes inspiradores e transformadores é a forma de lidar com o conjunto.
O momento demanda líderes com um pensamento abrangente, permeado por valores sólidos, caso contrário temos, inevitavelmente, uma crise que passa a ser também de liderança. É imprescindível que os líderes consigam mobilizar e emocionar a população pela visão de um projeto de Brasil, com foco no futuro que desejamos construir.
Sabemos que existem diferenças fundamentais entre um líder do mundo corporativo e quem atua no mundo político. Mas qualquer que seja o seu palco, um verdadeiro líder inspirador atua a partir de cinco forças:
Força #1: construir um propósito
O propósito turbina pessoas e maximiza o uso da energia humana por meio de uma causa maior. Esta, por sua vez, alimenta a convicção de que o líder pode promover uma transformação profunda no país. Vai ao encontro do que é necessário para mobilizar todos na mesma direção, em um sonho coletivo, construído com ética, cidadania e democracia. Nelson Mandela, John Kennedy, o Barão de Mauá e Winston Churchill, por exemplo, ousaram permear sua gestão com claros propósitos. Na nossa história, Juscelino Kubitschek definiu com clareza e cumpriu o sonho de “transformar um país agrícola em um país industrial e fazer 50 anos em 5”.
Força #2: formar outros líderes e não apenas seguidores
A liderança inspiradora não se satisfaz em ter atrás de si um grupo de fiéis seguidores. Líder eficaz é quem traz em torno de si pessoas capazes de brilhar e exercer a liderança quando necessário; não interpreta o sucesso alheio como ameaça. Precisamos de líderes que formem novos líderes e governem o país como um todo e que não se limitem a trabalhar apenas para um grupo de eleitores cativos.
Força #3: liderar 360 graus
Precisamos de líderes que atuem onde faz diferença e para todos os lados, seja dentro ou fora do gabinete. Precisam ser exemplos no mundo científico, cultural, acadêmico e, obviamente no mundo empresarial e nas diversas “abas” da sociedade. Ter protagonismo na comunidade internacional, em órgãos multilaterais, assumindo compromissos universais.
Eles precisam empolgar pessoas de nichos distintos e articular a reinserção do Brasil no cenário mundial. Não basta ser apenas bons influenciadores em redutos específicos, como os de renda, escolaridade, religião, gênero, raça e idade.
Força #4: Surpreender pelos resultados
O líder inspirador não faz apenas o que prometeu. Faz mais do que o combinado e seus resultados surpreendem a partir de metas ousadas, porém críveis. Queremos líderes que transcendam as promessas que já suspeitamos que não serão entregues, pois suas metas intuitivas estão descoladas da realidade.
Força #5: Inspirar pelos valores e não apenas pela hierarquia ou carisma
O líder inspirador constrói um mapa de atitudes em torno de valores e um clima de confiança. Educa pelo exemplo e prima pela coerência entre o que diz e o que faz. Precisamos de líderes que inspirem pelos valores universais de respeito, integridade, transparência e democracia, e que vão muito além da defesa de valores próprios de um nicho do eleitorado, sem esperança de harmonia e convergência na sociedade brasileira.
Poderíamos considerar, ainda, uma sexta força: a capacidade de liderar a si próprio, algo essencial nesses tempos em que a tecnologia transformou o mundo em um aquário transparente, capaz de desnudar realidades e gerar o que chamo há anos de “a erosão eletrônica da liderança”.
O fato é que temos um cenário de angústia crescente exponenciado pela pandemia e pela aceleração do futuro, que bate às nossas portas, como um tsunami tecnológico decorrente de automação, inteligência artificial e internet das coisas (IoT). Diante dessas circunstâncias, qual projeto de educação tornará o país apto para buscar o desenvolvimento que garanta à população uma vida digna? Continuaremos a insistir, em plena era digital, na capacitação para o trabalho braçal?
Precisamos de líderes com uma visão capaz de enfrentar a complexidade do momento e que se posicionem como o líder transformador que o Brasil precisa para resgatar o sonho de um país mais justo, saudável, sustentável, democrático e feliz.
Somente líderes com “L” maiúsculo, aptos a propor, articular e pilotar o “Projeto Brasil 2030”, levarão o país ao patamar que merecemos ocupar. Precisamos de líderes capazes de servir de exemplo e de construir um discurso coerente com a bandeira da convergência para sobrepujar a polarização, superar a intolerância e nos devolver a cidadania saudável que tanto ansiamos.
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