Eles querem descontos, mas buscam, também, os melhores prazos de entrega. Cada vez mais exigentes, os consumidores não se contentam mais com apenas alguns dias para receber o produto. Querem horas e já colocam essa expectativa como prioridade. Não é à toa que a Black Friday deste ano, marcada para 29 de novembro, tem sinônimo de “experiência” para as empresas filiadas à Associação Brasileira dos Operadores Logísticos (ABOL). Com foco na agilidade e acuracidade dentro dos armazéns e centro de distribuição, e principalmente na última milha (“last mile”, em inglês) e em ferramentas capazes de rastrear a compra e priorizar a eficiência de processos, os OLs acreditam que "informação" será um dos segredos do sucesso em 2024.
Uma pesquisa realizada pela ABOL junto aos operadores deixou clara a percepção das companhias sobre a importância de satisfazer os clientes para fidelizá-los. Para isso, pretendem operar, com eficiência, o maior volume de pedidos possível com uma entrega ágil. A meta é sempre superar os anos anteriores.
A possibilidade de entrega em horários flexíveis é um diferencial, garantem as empresas. O treinamento para os profissionais responsáveis pela última etapa do trajeto - aqueles que fazem as entregas na mão do cliente - também é visto como fundamental. Mas não para por aí. Alguns acreditam que, dentro desse processo, manter o consumidor bem informado será mais valioso do que a entrega em si.
“Eles entendem que quanto mais informação o consumidor tiver para alinhar as expectativas de entrega, melhor. Além disso, defendem um planejamento junto à estrutura de transportes, visando à disponibilidade dos carros próprios e de terceiros. O reforço nas ferramentas de tracking dos pedidos também é fundamental para os OLs para não gerar insegurança e ansiedade nos clientes. Previsibilidade e flexibilidade seguem como palavras de ordem”, destaca a diretora executiva da ABOL, Marcella Cunha.
O levantamento feito pela Associação apontou ainda que o investimento em embalagens para garantir a integridade das mercadorias e valorizar os produtos é essencial para o reforço da reputação das marcas. Quando se fala em rotas de entrega, a utilização de sistemas que garantam uma boa otimização precisará ser ainda mais refinada para oferecer um trabalho de qualidade sem onerar os clientes. As estratégias dos OLs também incluem utilização da escala em termos de área de armazenagem e malha para conferir um aumento de eficiência e o uso de estoques avançados mais próximos aos consumidores para agilizar as entregas.
E tudo isso só será possível com a utilização de tecnologia. É ela, por exemplo, que vai dar visibilidade ao cliente em relação ao andamento da sua entrega. Segundo os OLs, o uso de softwares permite uma visão online com inteligência na roteirização e emprego da Inteligência Artificial na estratégia de supply chain, otimizando as alocações de estoque. “Para um bom fulfillment (processo realizados pelos OLs desde a compra do cliente até a entrega em sua casa) é necessário cada vez mais investimento em tecnologia. Os operadores garantem que a superação dos tempos e movimentos do ano anterior é a meta. Nesse sentido, sistemas como o WMS - sistema de gerenciamento e controle de operações logísticas, que agilizem o correto endereçamento de mercadorias, e a automação dos processos, garantirá agilidade quando da escolha do produto pelo cliente e, portanto, daí em diante, a eficiência no picking (separação), packing (embalagem), labeling (etiquetagem), entre outras atividades”, menciona Marcella.
A Inteligência Artificial também aparece ao ser utilizada com câmeras que garantam segurança no transporte, evitando extravios, avarias e outros prejuízos às mercadorias. Os equipamentos detectam o comportamento dos tripulantes na cabine dos veículos, assim como as movimentações no ambiente externo, dando aos transportadores a completa condição de monitoramento de todo o percurso e a devida abordagem na entrega das mercadorias.
Empregos - A geração de oportunidades é outra consequência do aumento da demanda gerado pela Black Friday. Incremento de 30% no quadro operacional e a contratação de 400 novos colaboradores em apenas uma das operações foram menções feitas pelos Operadores Logísticos filiados à ABOL. No entanto, conseguir mão de obra qualificada não é uma tarefa fácil, assim como ocorre ao longo de todo o ano, garantem. Há quem afirme que as atividades atreladas à mão de obra “braçal” estão enfrentando concorrência por outras com menos esforço, apesar da baixa remuneração.
“A escassez de mão de obra qualificada é um problema que vem se agravando cada vez mais. Por isso, os OLs apostam no planejamento antecipado para dar tempo de treinar a mão de obra e aproveitar o profissional em diversas etapas da operação. As empresas investem muito na qualificação dos colaboradores e, em períodos como este, chegam a deslocar equipes entre cidades, adicionar premiações, eventos durante os dias do mês como Halloween, roupas coloridas, etc para aumentar o engajamento e energia a cada dia”, explicou a diretora executiva da ABOL.
O segmento de OLs é responsável por gerar 2,3 milhões de postos de trabalho no País, considerando diretos, indiretos e cadeias periféricas.