Após um longo período de incertezas e constantes desafios, o avanço da vacinação contra a Covid-19 vem gerando mais confiança em diferentes setores, empresários e consumidores, e o mercado de logística faz parte desse cenário com previsões otimistas. Claro que a instabilidade econômica, a crise energética e o aumento do combustível ainda causam receio e freiam investimentos vultuosos, mas já é possível pensar um pouco fora da caixa.
No caso dos operadores logísticos, a própria crise sanitária levou a um longo caminho de superação, afinal muitas empresas ficaram responsáveis pelo armazenamento, controle de estoque e transporte de milhões de vacinas e insumos das doses preventivas ao coronavírus. Isso sem contar um número ainda maior de companhias envolvidas nas operações logísticas de equipamentos médicos e hospitalares e EPIs fundamentais para o tratamento e para as medidas de proteção contra a pandemia. Planejamento e cautela foram imperativos para garantir a conservação e a distribuição adequadas de itens tão essenciais à toda população.
Ao vencerem esta complexa etapa num momento totalmente atípico para todo o mundo, os operadores, agora, respiram mais aliviados e já percebem uma recuperação gradual do volume de carga transportada. A alta constante verificada no fluxo de e-commerce também contribui para o sentimento de esperança, sobretudo no que se refere às performances do setor em 2022. O maior receio, no entanto, segue relacionado a questões políticas, já que no próximo ano ocorrerá eleição presidencial, o que promete desestabilizar o País e fazer com que 2023 seja visto de forma nebulosa.
De certo, instabilidades de ordem política e institucional geram mais insegurança para investidores, disponibilidade de créditos e até mesmo para o consumo, mas uma boa notícia é que o incremento contínuo do agronegócio, com recordes de produção e vendas de máquinas e caminhões, tem feito os operadores que atuam fortemente em commodities almejam um futuro promissor. Movimento análogo ocorre com osurgimento progressivo das logtechs, startups de logística, que vêm demonstrando maturidade para propor soluções de eficiência e produtividade às empresas, reduzindo seus custos.
Em um espectro mais amplo, muitos empresários acreditam que, apesar dos obstáculos impostos pela pandemia, o Brasil é um mercado-chave para os negócios e, como consequência, vemos previsões de faturamento e metas de expansão ainda firmes e sólidas. No que se refere especificamente aos investimentos, é possível que haja ainda muita cautela nas decisões, mas não desistências. Talvez a mudança possa ser o foco, agora voltado muito mais para tecnologia, inovação e, consequente, qualificação profissional. Não é à toa que o setor de logística está no topo da lista quando se trata de contratações recentes. Não faltam vagas para quem busca uma oportunidade, tanto no que se refere a empregos diretos quanto indiretos. Um dos objetivos de muitos segmentos, incluindo o da Logística, é estar preparado para o dinamismo do e-commerce, que no primeiro trimestre de 2021 registrou alta de 57,4% e tem demandado novos esforços para satisfazer o cliente final, como revisão dos modelos de distribuição e da malha logística.
Vale lembrar que os investimentos em infraestrutura também impactam diretamente na logística brasileira e temos acompanhado muitos projetos saindo do papel para melhorar o escoamento de produtos por ferrovias e portos. Há muitas ações voltadas ao equilíbrio da matriz de transportes com incremento, por exemplo, à cabotagem e, ainda, medidas sendo tomadas para acabar com o excesso de burocracia, fardos regulatórios e oferecer maior segurança jurídica aos contratos. Enfim, já começamos a enxergar alguns sinais e motivos para um início de um pós-pandemia mais auspicioso do que temeroso.