15/03/2021

Ferrogrão tem viabilidade questionada por economistas

 Ferrogrão tem viabilidade questionada por economistas


A divergência Ministério da Infraestrutura-Rumo -, ou Tarcísio Freitas-Rubens Ometto se houver a necessidade de personificá-la - em torno da extensão da Malha Norte precisa ser interpretada à luz de outra ferrovia igualmente bilionária: a Ferrogrão, projeto com 933 quilômetros entre Sinop (MT) e Miritituba (PA), que o governo pretende leiloar no fim deste ano.

Uma das maiores prioridades de Tarcísio é atrair investidores para tirar do papel a Ferrogrão, que exigirá investimentos de R$ 8,4 bilhões, numa estimativa do ministério frequentemente tida como conservadora no mercado.

Para ele, ao fomentar o escoamento de grãos (principalmente soja e milho) do Mato Grosso pelo chamado Arco Norte, a ferrovia reforçará uma alternativa logística ainda subexplorada, possibilitando um efeito cascata: concorrência maior entre operadores, barateamento dos fretes, ganho de competitividade aos produtores agrícolas. De Miritituba, a carga poderá seguir por hidrovia até portos como Vila do Conde (PA).

Para viabilizar o sucesso do leilão, a equipe de Tarcísio montou até um mecanismo inovador para os potenciais interessados na Ferrogrão. Pretende criar uma “conta vinculada” com R$ 2,2 bilhões em recursos que estão sendo pagos pela Vale a título de outorga pela renovação antecipada da concessão da Estrada de Ferro Carajás (EFC) até 2057. Para o ministério, essa modelagem atenuará a percepção de risco dos investidores.

O dinheiro poderia ser usado, por exemplo, em uma eventual escalada de custos com desapropriações ou compensações socioambientais não detectadas nos estudos. Para os críticos, trata-se de um subsídio disfarçado e uso contestável de dinheiro da União.

À Rumo, interessa chegar - se possível antes da Ferrogrão - ao coração agrícola do Mato Grosso, evitando o risco de perder a atual preferência dos produtores rurais pelo “combo” caminhão até Rondonópolis-trem-porto de Santos.

Economistas renomados, no entanto, questionam a viabilidade da Ferrogrão. “É altamente questionável, não apenas do ponto de vista socioambiental, mas - igualmente importante - do ponto de vista financeiro. Pelo menos neste momento e com as premissas corretas, ela não fica em pé”, disse Claudio Frischtak, presidente da consultoria Inter. B, em debate organizado pelo Insper Global na semana passada.

Juliano Assunção, professor do Departamento de Economia da PUC-Rio e diretor-executivo do Climate Policy Initiative (CPI), afirmou que o desmatamento associado à Ferrogrão pode ser de 2 mil km quadrados. “Não é o desflorestamento da obra em si, mas vinculado ao impacto sobre a matriz de transporte e ao aumento da produção agrícola. Tem um lado bom, de maior produção e efeito sobre geração de renda, mas também demanda por novas áreas em municípios com florestas relevantes, que hoje em dia não são tão viáveis para a agricultura. Esse desmatamento indireto é muito relevante".

Frischtak avalia que, combinada com um projeto ambiental de referência, a concessão por 30 anos da BR-163 é uma saída melhor. A rodovia tem traçado paralelo ao da Ferrogrão e terminou de ser asfaltada em 2020.

Notícias Relacionadas
 Paridade de gênero na logística exige liderança baseada em competências

19/12/2025

Paridade de gênero na logística exige liderança baseada em competências

A paridade de gênero deixou de ser um ideal abstrato e passou a representar um indicador concreto de competitividade e maturidade empresarial. Em setores estratégicos como a logística, a (...)

Leia mais
 Operadores Logísticos diversificam atuação e ampliam presença em todo o país

19/12/2025

Operadores Logísticos diversificam atuação e ampliam presença em todo o país

Os Operadores Logísticos estão expandindo suas áreas de atuação e, também, ampliando a capilaridade. De acordo com a última edição do Perfil dos Operadores Logísticos, 64% das empresas a (...)

Leia mais
 Descarbonização no centro dos debates

19/12/2025

Descarbonização no centro dos debates

Reduzir a emissão de Gases do Efeito Estufa (GEE) e adotar uma agenda ambiental mais consistente têm deixado de ser planos futuros e se tornam parte essencial do planejamento de diversas (...)

Leia mais

© 2025 ABOL - Associação Brasileira de Operadores Logísticos. CNPJ 17.298.060/0001-35

Desenvolvido por: KBR TEC

|

Comunicação: Conteúdo Empresarial

Este site usa cookies e dados pessoais de acordo com os nossos Termos de Uso e Política de Privacidade e, ao continuar navegando neste site, você declara estar ciente dessas condições.