O comércio mundial bateu recorde em 2021, mas deve desacelerar ligeiramente no primeiro trimestre deste ano, segundo projeções da Agência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad).
O valor do comércio global atingiu um nível recorde de US$ 28,5 trilhões em 2021, numa alta de 25% em relação a 2020 e de 13% comparado a antes da pandemia de covid em 2019. Em base anual, o comércio de mercadorias superou fortemente o comércio de serviços, com um aumento de cerca de 27% e 17%, respectivamente.
No quarto trimestre de 2021, o comércio de mercadorias aumentou mais fortemente para os países em desenvolvimento do que para os desenvolvidos. O comércio agrícola cresceu 20% em relação a 2020, em valor.
A tendência positiva para as trocas globais em 2021 foi em grande parte graças aos aumentos nos preços das commodities e uma forte recuperação na demanda com os pacotes de estímulo econômico.
Para a Unctad, como essas tendências tendem a diminuir, a expectativa é de que o comércio internacional se normalize durante 2022.
O Brasil, por exemplo teve alta de 23% nas exportações e 33% nas importações em 2021 como um todo, em valor, mas especificamente no quarto trimestre as importações subiram só 11% enquanto as exportações declinaram 7%.
As exportações e importações globalmente deverão ser afetadas por vários fatores em 2022, diz a Unctad.
Primeiro, as previsões de crescimento econômico estão sendo revistas para baixo, em meio à inflação persistente nos Estados Unidos e às preocupações relacionadas ao setor imobiliário da China. E isso tem impacto no comércio.
Segundo, a pandemia de covid-19 resultou em pressões sem precedentes nas cadeias de abastecimento. As rupturas logísticas, a escassez de semicondutores e o aumento dos preços da energia contribuíram ainda mais para a escassez de fornecimento e para a espiral dos custos de transporte.
Assim, grandes empresas se concentraram fortemente na melhoria da confiabilidade e no gerenciamento de riscos para suas redes de abastecimento, mas os atrasos persistiram. Os esforços para encurtar as cadeias de abastecimento e diversificar os fornecedores podem afetar os padrões de comércio global durante 2022.
Outro fator que poderá influenciar nas trocas globais é a tendência de regionalização. Em janeiro, entrou em vigor a Parceria Econômica Integral Regional (RCEP), podendo elevar o comércio entre várias economias do Leste Asiático e do Pacífico, inclusive desviando os fluxos de mercadorias de países não-membros. A Unctad prevê também que a regionalização dos fluxos comerciais aumente em outras partes do mundo, em linha com outras iniciativas regionais por causa da crescente dependência de fornecedores geograficamente mais próximos.
Também projeta que os padrões comerciais em 2022 reflitam a crescente demanda global por produtos ambientalmente sustentáveis. Esses padrões podem ser apoiados por políticas governamentais que regulamentam o comércio de produtos com alto teor de carbono. Igualmente, os padrões de comércio global podem ser influenciados pelo aumento da demanda de commodities estratégicas necessárias para apoiar alternativas energéticas mais verdes (por exemplo, cobalto, lítio e metais de terras raras).
Outro fator que pode afetar o comércio global é a crescente preocupação com a sustentabilidade da dívida, em meio a maiores pressões inflacionárias. Um aperto significativo das condições financeiras aumentaria a pressão sobre os governos mais endividados, ampliando as vulnerabilidades e afetando negativamente os investimentos e os fluxos de comércio internacional.
Fonte: Valor Econômico
14/11/2024
Cabotagem retoma ritmo com custos menores, segurança e sustentabilidade
Custos menores, maior segurança e ganhos com descarbonização são vantagens que estão incentivando a adoção, cada vez mais acelerada, da navegação por cabotagem pelos grandes embarcadores (...)