Conselheiro da ABTP avalia que área compreendida como Arco Norte reúne questões logísticas diversas que precisam ser encaradas de formas distintas pelas políticas setoriais
O desenvolvimento do transporte de cargas na região Norte carece de um olhar mais destacado nas política setoriais, segundo avaliação de terminais da região. O presidente do conselho deliberativo da Associação Brasileira dos Terminais Portuários (ABTP), Clythio Backx van Buggenhout, considera que a hidrovia do Amazonas merece um enquadramento menos distante em relação a outros sistemas logísticos do Arco Norte. Buggenhout ressaltou que a denominação mais comum do Arco Norte, acima do paralelo 16, mistura três soluções logísticas diferentes (Barcarena-PA, Maranhão e calha principal do Amazonas). Para ele, as oportunidades desse Porto Amazonas não são objeto de um plano específico de governo.
“O Arco Norte tem questões logísticas diversas que precisam ser encaradas de formas diversas”, salientou, nesta terça-feira (29), durante painel na Fórum Regional de Logística e Infraestrutura Portuária (Norte Export). “Não enxergamos uma visão englobada do Porto Amazonas, com 900 navios por ano navegando da Barra (Norte) a Itacoatiara (AM), sendo considerada a nível de governo”, acrescentou Buggenhout, que também é diretor de relações governamentais na Cargill Agrícola.
Ele estima que hoje a região tenha de 25 a 30 milhões de toneladas de capacidade instalada para movimentação de grãos, dos quais são utilizadas entre 15 e 20 milhões/t. Buggenhout destacou a aposta do setor privado em operações portuárias na região, nos últimos anos, e observou que, durante as discussões da MP-595 e da Lei 12.815, entre 2012 e 2013, o governo perdeu oportunidade de licitar áreas de grãos em Santarém, Vila do Conde e Outeiro, no Pará. “Não sei o que fazer pra atrair, mas, certamente, melhorar a logística de acesso faria ofertas mais competitivas”, comentou.
O presidente do conselho deliberativo da ABTP citou que a regulação da praticagem é um ponto que precisa ser pacificado de forma salutar. Buggenhout ponderou que a vontade que o serviço seja regulado não quer dizer penalizar ninguém. Ele disse que, por ausência de governança do poder público sobre o Porto do Amazonas, a praticagem lidera o assunto. O diretor da Cargill entende que as administrações de hidrovias tiveram papel e autonomia quase reduzidos a zero ao longo da última década. Ele espera que o grupo de trabalho que discutirá uma política de estímulo à navegação interior, a chamada ‘BR dos Rios’, permita endereçar questões como navegação na Barra Norte e planejamento da infraestrutura complementar da região Norte de forma a reduzir gargalos.
O presidente da Associação dos Terminais Portuários e Estações de Transbordo de Cargas da Bacia Amazônica (Amport), Flavio Acatauassu, disse no fórum que os modais de transporte são complementares, e não excludentes. Ele considerou que o transporte por caminhões está fadado ao gargalo e que novas rodovias são importantes, mas funcionam apenas como paliativo dado o tamanho e o crescimento da logística de grãos. Acatauassu acrescentou que os projetos ferroviários serão uma solução eficiente para os portos do Arco Norte. O presidente da Amport sugeriu que os agentes do setor saiam do discurso e sejam mais pragmáticos a fim de solucionar questões como a competência do aprofundamento do Canal do Quiriri.
O gerente geral da Santos Brasil em Barcarena, Thiago Nishi, observa dificuldade para chegada de caminhões nos terminais locais devido às más condições de asfalto e de sinalização estradas. Nishi considera o programa de incentivo à cabotagem (BR do Mar) uma boa iniciativa e ressaltou que o modal vem crescendo na região Norte, podendo ajudar a fomentar as movimentações e melhorar os preços de alguns produtos para o consumidor final. “Não tenho dúvidas de que, no futuro, as movimentações vão crescer, os navios vão crescer e vamos precisar de mais calado”, projetou Nishi.
Fonte: Portos e Navios
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