Aposta é na abertura do mercado brasileiro e seus efeitos na queda dos preços do gás natural, uma das principais matérias-primas para produção de amônia e ureia
Ao mesmo tempo em que estreia na importação de adubos, a Porto do Açu Operações, responsável pela gestão do complexo portuário da Prumo Logística em São João da Barra (RJ), tem planos de construir uma fábrica de fertilizantes no local. A empresa aposta na abertura do mercado brasileiro e seus efeitos na queda dos preços do gás natural, uma das principais matérias-primas para produção de amônia e ureia, para colocar de pé o projeto nos próximos anos.
A produção de fertilizantes nitrogenados está sendo discutida dentro do planejamento estratégico 2030 da Porto do Açu Operações - controlada pela Prumo Logística (do fundo americano EIG), com 98,3%, em parceria com o Porto de Antuérpia, da Bélgica.
O presidente da Porto do Açu Operações, José Firmo, conta que a empresa deposita as fichas na chegada do gás do pré-sal até o Porto a preços competitivos - a empresa não confirma, mas a expectativa no mercado gira em torno da construção de uma rota que conecte o Açu às grandes descobertas de Pão de Açúcar, da Equinor, na Bacia de Campos. O executivo, porém, vê nos preços baixos do gás natural liquefeito (GNL) no mercado internacional uma janela de oportunidade para acelerar o desenvolvimento do projeto de fertilizantes. O Açu conta hoje com um terminal de regaseificação, construído para abastecer as térmicas da GNA (Prumo/BP/Siemens), e que começará a importar gás nos próximos meses.
“Idealmente esperaríamos o gás do pré-sal, que vai ser competitivo, mas temos uma oportunidade de ouro com o GNL, que está extremamente barato no Atlântico e não deve mudar de \patamar de] preços pelos próximos três, cinco anos”, afirma o executivo ao Valor.
Ele destaca que, dentro do modelo de negócios do Açu, a ideia é colocar capital próprio e investir em conjunto com um parceiro no projeto da fábrica de fertilizantes. “Não vejo a gente saindo muito desse modelo mental \[em que a Prumo investe com parceiros em novos negócios, para acelerar o desenvolvimento do porto]”, disse.
A expectativa da empresa é avançar com o licenciamento do projeto nos próximos dois a três anos. Firmo acredita que o porto tem vocação para se tornar um polo gás químico. O executivo defende que, dada a infraestrutura do Açu, uma planta de fertilizantes local teria condições privilegiadas para importar as demais matérias-primas. O próprio gás poderia chegar ao cliente final, no complexo, sem passar pela malha de gasodutos e, portanto, sem custos com tarifa de transporte, por exemplo.
Firmo conta, ainda, que é preciso começar desde já a preparar a logística para os fertilizantes. Nesse sentido, o Porto do Açu construiu este ano um novo armazém coberto no Terminal Multicargas, com capacidade para armazenar 25 mil toneladas/mês de insumos. A primeira carga, de 25 mil toneladas de cloreto de potássio (KCL), veio da Rússia e foi concluída na semana passada, com destino a Minas Gerais. A companhia não confirma o nome de seus clientes, mas o Valor apurou que um deles se trata da Fertipar.
A viabilidade da produção de fertilizantes no Açu vai depender, contudo, do sucesso da abertura do gás. Segundo o sócio da consultoria ChemVision, Carlos Alberto Lopes, novos projetos da química do metano (ureia, amônia e metanol) precisam de um gás, na ponta, a cerca de US$ 7 o milhão de BTU (unidade térmica britânica), ante um patamar atual de US$ 10 a US$ 12 o milhão de BTU. Hoje, é possível importar GNL a menos de US$ 3,5 o milhão de BTU, sem contar os custos até o consumidor final. Um estudo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aponta que a redução do gás para US$ 5 o milhão de BTU “parece ambiciosa” e só pode ser alcançada a longo prazo.
Fonte: [Valor Econômico
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