14/11/2024

IA reduz tempo e custos em operações logísticas

 IA reduz tempo e custos em operações logísticas



O uso de inteligência artificial (IA) em operações logísticas tem permitido ganhos expressivos para as empresas, em comparação a processos tradicionais que, muitas vezes, são manuais e altamente suscetíveis a erros. Processos que antes eram realizados manualmente, como o cadastro de embarques ou a criação de fluxos de trabalho logísticos, foram automatizados com IA. Mas a utilização da tecnologia não para por aí e inclui a otimização de rotas e até a reprodução de operações físicas no ambiente virtual, como a vistoria remota de mercadorias estocadas em armazéns.


Helmuth Hofstatter, CEO e cofundador da Logcomex, plataforma de soluções que ajudam a planejar, monitorar e automatizar cadeias de supply chain, diz que as empresas que adotaram soluções de IA viram uma diminuição de até 30% no tempo gasto em atividades repetitivas e de baixa complexidade. “A IA permite que as empresas tomem decisões mais informadas, com insights de mercado mais rápidos e precisos.” Hofstatter diz ainda que ferramentas como o Shipment Intel (plataforma-referência em big data para operadores logísticos), que utiliza dados de mercado e IA, possibilitam que empresas otimizem suas rotas e ajustem suas estratégias de mercado com uma economia de até 25% nos custos operacionais em transporte e armazenamento.


O CEO da Logcomex explica que a IA é uma ferramenta importante para a análise preditiva de operações: “Aliada a sistemas que permitem a visibilidade em tempo real das operações logísticas, ela permite que os gestores acompanhem cada etapa de seus processos logísticos. Isso é particularmente importante em ambientes onde antes havia falta de controle e rastreamento em tempo real”.


A Multilog, por exemplo, desenvolveu uma plataforma que permite replicar o ambiente físico de seus armazéns. “A empresa entende que transportar o modelo de negócio físico para um ambiente virtual é fundamental e agrega valor para os clientes”, diz Leonardo Moura, gerente de TI da Multilog. A empresa vem investindo desde 2019 em tecnologias de realidade virtual e realidade aumentada para operações em armazéns, começando com a vistoria remota de mercadorias em unidades alfandegadas para a Receita Federal.


Ele conta que as operações foram evoluindo tão rapidamente que hoje já é possível reproduzir as operações físicas no ambiente virtual. “Quando a Multilog lançou o seu AGQ [armazém geral químico] de Itajaí [SC], em meados de 2023, as primeiras apresentações para os clientes foram totalmente em ambiente virtual e com explicações de como as operações ocorreriam no novo empreendimento”, afirma.


Moura informa ainda que, recentemente, a Multilog forneceu o acesso da operação de seus polos de saúde (armazéns especializados em acondicionar medicamentos e insumos para a área da saúde), em Santa Catarina, em tempo real e no ambiente virtual para os clientes. Ou seja, eles podem navegar nos armazéns e saber com detalhes em que posição e condições as mercadorias estão armazenadas. “Tanto no AGQ como nos polos de saúde, os ambientes são altamente regulados, exigindo até controle de temperatura, entre outros”, explica. Para Moura, o metaverso agrega valor para o cliente em termos de eficiência e de controle das mercadorias, já que permite a realização de uma auditoria sem precisar estar no local.


Solon Barrios, vice-presidente de transportes da DHL Supply Chain, avalia que as plataformas que replicam o ambiente físico dos armazéns ajudam não somente a simular cenários e permitir a tomada de decisões mais assertivas, como também utilizar essa base para treinamento de equipes e, com isso, acelerar as curvas de aprendizado e qualidade. “O uso dessas plataformas tem melhorado nossa comunicação com as equipes para sanar dúvidas mais comuns, bem como dar suporte para soluções mais simples e rotineiras.”


Segundo ele, o principal ganho é de tempo das equipes para atuar em atividades que agregam mais valor, bem como dar suporte para o crescimento acelerado que a companhia vem tendo nos últimos anos. “Hoje usamos IA apenas em processos de comunicação e backoffice, e estimamos inicialmente uma redução de trabalho indireto que executava essas atividades na ordem de 3%”, diz o executivo da DHL. A empresa ainda não está usando IA para acelerar processos de recepção e entrega, mas tem projetos em andamento, nos quais espera conseguir uma redução de 5% nos custos.


Sobre o processo de descarbonização das operações logísticas da empresa, Barrios diz que a meta é ter 100% dos seus armazéns e prédios com zero emissão de carbono até o fim de 2025 e reduzir 42% das emissões de frota própria e 25% das emissões de subcontratados até 2030. “Temos uma das maiores frotas próprias elétricas do país, com cem veículos elétricos”, diz.


A Jadlog é outra operadora que também utiliza IA para agilizar e garantir qualidade na entrega das encomendas. Segundo o CEO Bruno Tortorello, um dos usos está relacionado à melhor rota de entrega. “Por exemplo, o algoritmo indica o melhor caminho a ser seguido e organiza a sequência considerando diversas variáveis. Assim, a empresa, além de uma entrega mais precisa, ajuda o meio ambiente, evitando desperdício de movimentações e reduzindo a pegada de carbono.”


Ele explica que, além dessa solução, a Jadlog conta com algoritmos de machine learning usados para validar o comprovante de entrega. O aplicativo verifica se as informações do comprovante estão na imagem e, caso detecte alguma anomalia, o comprovante é rejeitado, exigindo que o entregador faça um registro adequado. “Não paramos por aí, estamos trabalhando na aplicação de novas soluções de LLM [Large Language Model], que visam ganhos de produtividade em processos de integração de novos clientes, reduzindo o tempo de maneira expressiva na parte documental”, diz Tortorello.


Segundo ele, a economia de tempo pode chegar a 90%. “Com soluções de IA conseguimos otimizar processos operacionais, aumentando a assertividade das entregas. Atingimos mais de 97% de assertividade na primeira tentativa. Isso contribuiu para um nível de serviço que é de 98%, considerando entregas em qualquer localidade no território nacional”, acrescenta.


Fonte: Valor Econômico



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