O mercado de galpões logísticos no Brasil apresentou o melhor primeiro trimestre em volume contratado em dez anos. Houve uma pequena queda de 0,4 pontos percentuais na vacância, fechando o período em 10,8%. Foram entregues mais de 323 mil m²2 de novos estoques. O preço médio no país ficou em R$ 24,40 por m²2. Fora dos três principais mercados do país - São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais -, os Estados que mais acrescentaram estoques foram Bahia e Espírito Santo.
Mas foi na outra ponta, na contratação, que o setor apresentou um resultado expressivo. A ocupação da varejista on-line de roupas Shein de espaço de 55,2 mil m²2 em Guarulhos (SP) reduziu a vacância em São Paulo de 13,54% no fim de 2022 para 12% no fechamento do primeiro trimestre. O novo estoque do Estado foi de 139 mil m²2, que tem sido transacionado a um valor acima da média da região.
Na avaliação de André Romano, gerente de industrial e logística da JLL, o que explica o bom desempenho no primeiro trimestre foi a demanda reprimida do fim de 2022. “O fim do ano passado foi conturbado. Havia muita indefinição e muitos contratos ficaram parados. A partir da segunda quinzena de janeiro os contratos começaram a ser assinados e tivemos o melhor primeiro trimestre em dez anos em volume contratado”, afirmou.
O executivo da JLL afirma que o Brasil não é exceção no mercado mundial de galpões. De forma geral, o segmento apresenta vacância menor do que os índices registrados antes do início da pandemia de covid-19 em 2020.
A crise vivida pela Lojas Americanas, que devolveu áreas no primeiro trimestre, não teve efeito, pelo menos até o momento, sobre as demais varejistas. Mas houve redução da presença do setor. “Nos últimos anos tivemos o comércio eletrônico puxando os negócios, agora sentimos uma presença maior do industrial”, conta Romano.
Entre os três maiores mercados do país, Minas Gerais segue com a menor vacância, de 6,4% no fim de março. Foram absorvidos no período mais de 90 mil m2 e entrega de novo estoque de 70 mil m². A absorção líquida ficou em 62,4 mil m². O preço por m² fechou em R$ 26,40.
São Paulo vem a seguir com vacância de 12%. Maior mercado do país, o Estado terminou o trimestre com absorção líquida de 310,2 mil m² e preço de R$ 25,3 por m². Foram entregues 139,6 mil m²2 de novas áreas. A absorção bruta foi de 547,5 mil m².
O Rio de Janeiro fecha o trio de maiores mercados, com 19,4% de vacância e preço de R$ 21,70 por m². Nesse caso houve absorção líquida negativa (mais devoluções do que contratações de áreas) de 6,7 mil m2. Foram cerca de 50,8 mil m² de novo estoque e 26,7 mil m² de absorção bruta.
Ao contrário do que se vê nos escritórios de alto padrão, em galpões a crise externa pode até beneficiar o segmento. Romano vê o Brasil bem posicionado no cenário internacional, com empresas buscando crescer no país neste momento. Ele destaca os setores automotivo, equipamentos agrícolas e medicamentos.
“A Índia está cara, a Rússia com problemas (em Guerra com Ucrânia) e a China sempre apresenta o risco do estado. Então muitas empresas estão aproveitando o momento para crescer no Brasil”, afirma o gerente.
Fonte: Valor Econômico