Como conciliar a agenda ESG (de boas práticas ambientais, sociais e de governança) com o aumento das entregas de mercadorias decorrentes do crescimento do comércio eletrônico? Para as companhias de comércio on-line, o desafio envolve um esforço de busca por eficiência nas entregas, focado na redução de km rodados e, indiretamente, na diminuição dos gases de efeito estufa (GEE).
Para o Grupo Casas Bahia, a tarefa não tem sido simples, considerando-se a sua capilaridade. O grupo possui uma das infraestruturas logísticas mais robustas do país, com mais de mil lojas e 29 centros de distribuição espalhados por todo o país. No modelo adotado pelas Casas Bahia, as lojas funcionam como mini hubs logísticos. “Atualmente, o Grupo Casas Bahia chega em mais de 2,5 mil cidades brasileiras em um prazo de até 24 horas”, diz Sérgio Leme, chief supply chain & investor relations officer, communications and ESG da empresa.
Leme afirma que o grupo tem atuado na gestão de gases estufa, visando monitorar e mitigar as emissões de suas operações. “Temos trabalhado continuamente na evolução logística para redução do consumo de combustíveis fósseis”, diz. De acordo com ele, entre as iniciativas adotadas está a redução do uso de veículos pesados, substituídos na última milha por veículos mais leves e com maior eficiência na ocupação, nas rotas e no consumo de combustível.
O grupo também vem empreendendo uma descentralização das entregas com a criação de modelos como o Retira Rápido, em que os próprios clientes buscam suas compras on-line na loja física que lhe for mais conveniente, sem taxas, reduzindo um dos trechos de entrega.
Outra iniciativa é a revisão e otimização de rotas e divisão de cargas por veículo para ampliar a eficiência. Para isso, explica Leme, são utilizados softwares e tecnologias para garantir o melhor trajeto para cada veículo, reduzindo o volume de quilômetros rodados e evitando viagens adicionais ou deslocamentos de vários veículos nas mesmas regiões e horários.
“Desde 2019, elaboramos o inventário de GEE de toda a nossa operação no país visando quantificar nosso impacto em relação às mudanças climáticas e apoiar na elaboração de estratégias para mitigar esse impacto”, diz Leme. O inventário é elaborado segundo o programa brasileiro do GHG Protocol, que adota uma metodologia internacionalmente reconhecida para quantificar as emissões das companhias.
“Em 2022, considerando toda a operação do grupo, emitimos 80.881 toneladas de CO2, que representa uma redução de 15% em relação ao ano anterior”, destaca o executivo. “O escopo 3 desse levantamento, que inclui a logística, representa cerca de 85% do total das nossas emissões.”
No Magalu, as emissões transporte e distribuição somaram 165.700 toneladas de CO2 e em 2022, de acordo com o último relatório de sustentabilidade divulgado pela companhia, uma queda de quase 20% em relação ao ano anterior.
“Sabemos que a malha logística do Brasil é extremamente dependente do modal rodoviário. Por isso, cabe a nós, como empresa, avançar de forma mais célere, pois a agenda de clima pede urgência”, afirma Ana Luiza Herzog, gerente corporativa de reputação e sustentabilidade do Magalu.
As iniciativas visando a redução das emissões estão focadas na busca por maior eficiência na distribuição dos produtos, de forma que os trajetos de entrega final sejam mais curtos e feitos por modais menos intensivos em emissões. “Para otimizar os percursos de distribuição de produtos, o Magalu reduziu a frequência das rotas de abastecimento de lojas. Além disso, após estudo, dezenas de lojas passaram a ser abastecidas por centros de distribuição mais próximos”, complementa Herzog.
Após a adoção dessas medidas, os veículos de transporte deixaram de percorrer 1,9 milhão de km, o que evitou a emissão de 1.400 toneladas de CO2 equivalente, de acordo com a empresa. Houve também um aprimoramento da operação de entrega de “ship from store” (SFS), na qual o produto é despachado do estoque da loja mais próxima do cliente.
“Ao habilitar endereços estratégicos nessa operação, houve o aumento do volume de entregas rápidas, com rotas mais inteligentes”, explica a executiva.
Fonte: Valor Econômico