Companhias do setor portuário lançaram o movimento “Vou de Túnel”, em desalinho com o governo paulista, que prefere a construção de uma ponte entre as duas cidades
A disputa entre a construção de uma ponte ou um túnel para ligar Santos ao Guarujá voltou à tona. A controvérsia, que vem se desenrolando desde o ano passado, opõe, de um lado, o governo paulista e a Ecorodovias, que defendem a ponte, e, de outro, o governo federal e o Porto de Santos, que querem o túnel.
Nesta quinta-feira (24), empresas do setor portuário lançaram um movimento chamado “Vou de Túnel”, para defender o projeto do túnel. Entre as companhias que participam da criação da entidade está a Brasil Terminal Portuário (BTP), terminal de contêineres que seria um dos mais afetados negativamente pela ponte. Além disso, estão envolvidas a Boskalis, a Van Oord, a Abratec (associação de terminais de contêineres), entre outros.
A proposta do grupo é construir o túnel, que seria um projeto de R$ 3,5 bilhões, por meio de uma Parceria Público Privada (PPP) ou que fosse incluído na desestatização do Porto de Santos, como uma obrigação do novo operador do porto, explicou Casemiro Tércio Carvalho, ex-presidente da Santos Port Authority (SPA) e defensor do túnel. A construção do empreendimento em si custaria R$ 2,5 bilhões, mas o projeto também prevê mais R$ 1 bilhão em obras adicionais, nas avenidas perimetrais de Santos e Guarujá.
Governo estadual x governo federal
A disputa começou no ano passado, quando o governo paulista propôs a construção de uma ponte entre as cidades, que seria erguida pela Ecorodovias — a ideia seria incluir a obra dentro da concessão rodoviária da empresa, que, em troca, ganharia um prazo adicional para o contrato de operação do sistema Anchieta-Imigrantes.
O projeto, porém, desagradou operadores do porto e o governo federal, responsável pela administração do cais santista. A avaliação é que a obra iria atrapalhar o trânsito de navios e criar restrições à expansão do cais.
O governo paulista chegou a fazer audiências públicas sobre o tema, mas, diante da polêmica, o projeto ficou parado. Nas últimas semanas, a Ecorodovias entregou ao governo paulista uma nova versão do projeto, com adaptações para tentar resolver reclamações feitas pelos terminais portuários — por exemplo, o espaço entre as pilastras da ponte foi aumentado. Porém, ainda não houve conversas entre os governos paulista e federal sobre o assunto.
Procurada, a Secretaria de Logística e Transportes paulista disse, em nota, "que solicitou à Ecovias uma alteração técnica do projeto da ligação seca para que atenda as considerações da CODESP \SPA]. A Ecovias já concluiu esse projeto que, agora, será entregue, em breve, em nova reunião com os órgãos federais".
A gestão diz ainda que "a ponte é esperada há quase 100 anos na região e a discussão em torno do projeto tem sido técnica, com estudos da Universidade de São Paulo (USP) que apontam não haver obstáculos à expansão do Porto de Santos".
Segundo Tércio, à época em que ele estava à frente da SPA, houve uma tentativa de trocar o projeto da ponte pelo túnel dentro do contrato da Ecorodovias, mas não houve sucesso. “Buscamos alternativas regulatórias, já que Estado queria fazer a prorrogação \[do contrato da Ecorodovias], pensamos em aproveitar para que seja túnel, não ponte. Mas expressamos isso à época e o governo do Estado ficou irredutível em relação a essa permuta”, disse. Por isso, agora, a proposta é fazer o projeto do túnel pela via federal, por meio do Porto de Santos.
Fonte: [Valor Econômico
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