O caos logístico provocado pela pandemia não terminou, porém, há sinais de melhora. Segundo especialistas e empresas, os fretes continuam elevados, mas problemas como a falta de contêineres e atrasos nas escalas dos navios se atenuaram nas últimas semanas na costa brasileira - mesmo em meio ao pico da temporada do comércio global.
“A logística começa a voltar à normalidade”, afirma Leandro Barreto, sócio da consultoria Solve Shipping. De acordo com ele, o cancelamento de viagens caiu muito e as rotas estão voltando à programação regular.
No auge da crise global, além da disparada dos fretes, importadores e exportadores brasileiros sofreram com a falta de espaço nas embarcações, o que atrasou ou cancelou a saída e recebimento de cargas.
Um fator que tem contribuído para mudar esse quadro é a desaceleração da economia na Europa e nos Estados Unidos. Com isso, amplia-se a capacidade de navios e contêineres na costa brasileira, explica Luigi Ferrini, vice-presidente da Hapag Lloyd. “Em 2020 e 2021, muito da capacidade estava sendo destinada a outras rotas globais”, diz.
Na Maersk, a projeção é que a demanda global por contêineres permaneça estável em 2022, na comparação anual. Porém, em seu relatório trimestral, a empresa de navegação aponta para a possibilidade de queda nos volumes, em razão tanto da inflação como do risco de recessão global.
Rafael Dantas, diretor da importadora Asia Shipping, afirma que a redução de demanda interna ainda não é percebida no Brasil. E destaca que o valor dos fretes para contêineres segue elevado e não deve recuar tão cedo.
Em julho, por exemplo, o frete de importação da Ásia era de US$ 10.550 por contêiner de 40 pés. Já para os contêineres refrigerados, o preço na mesma rota chegava a US$ 8 mil. Em janeiro de 2020, os valores eram de US$ 2.050 e US$ 3.100, respectivamente, segundo dados da Solve Shipping, divulgados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Fonte: Valor Econômico