A DHL Supply Chain, braço de logística do grupo alemão DHL, vai investir cerca de 165 milhões de euros (cerca de R$ 886 milhões) nas suas operações no Brasil até 2028. Os aportes no Brasil fazem parte de um pacote de investimentos de 500 milhões de euros na América Latina nos próximos cinco anos. No início de fevereiro deste ano, a companhia já havia anunciado outro investimento de R$ 800 milhões no Brasil até 2025. Os dois aportes combinados somam mais de R$ 1,6 bilhão no país, no médio prazo.
O novo plano foi detalhado ao Valor por Oscar de Bok, CEO global da DHL Supply Chain, e Agustin Croche, CEO para a América Latina. De olho na forte demanda, os executivos da empresa anunciaram ainda uma rota aérea cargueira entre Manaus, São Paulo e Recife, a ser inaugurada até o final do ano.
Os projetos incluem a descarbonização da frota nacional por meio de alternativas mais verdes; construir, desenvolver e readequar seus ativos imobiliários e armazéns no mercado; bem como investimentos em novas tecnologias, robótica e automação.
O movimento vem para atender à forte demanda de setores como comércio eletrônico, saúde, varejo, automotivo e tecnologia. Globalmente, o grupo DHL registrou receita de 94,4 bilhões no ano passado, salto de 15,5% em relação a 2021, até então o ano recorde.
“Temos dois mercados grandes na região, Brasil e México. Vemos um grande crescimento no comércio nos dois e enxergamos um forte potencial. Por outro lado, a maturidade da nossa organização por aqui nos dá confiança de fazer esses aportes”, disse Bok. O Brasil deve receber 33% dos investimentos previstos para a região. Há ainda aportes previstos para Colômbia, Peru, Argentina e Chile.
O plano se assemelha a um anúncio do ano passado feito pelo grupo na Índia, do mesmo montante. Bok destacou que o país asiático tem características parecidas com Brasil e México. Esses países têm recebido parcela significativa de empresas de outras partes do mundo — é o caso da migração de negócios da China para a Índia.
Especificamente no Brasil, Croche disse que a infraestrutura logística será o principal foco dos aportes – eletrificação da frota é um dos pontos. Recentemente, o grupo anunciou ampliação e modernização de seu centro de distribuição em Goiás. Em Minas Gerais, o centro de distribuição fica na cidade de Extrema. O Nordeste segue no radar para oportunidades futuras.
Uma das novidades é que até o final do ano o grupo pretende inaugurar uma rota cargueira operada por um avião próprio entre Manaus, São Paulo e Recife. “Parte do investimento no país será nesta rota, que vai ser diária. Manaus é um grande polo de tecnologia, São Paulo é onde está o consumo e o Nordeste tem se mostrado cada vez mais importante”, disse Croche.
O executivo disse que a operação de carga hoje ligando os três pontos é basicamente feita na barriga de aviões comerciais, o que seria insuficiente. A ideia é que com a rota a empresa adicione no mercado uma capacidade de 24 toneladas ao dia.
Bok observou que as empresas em todo o mundo estão buscando estratégias diversificadas para suas cadeias de suprimentos, aproximando os pontos de estoque de seus mercados de produção e vendas. “A logística tem ficado cada vez mais complexa”, disse, destacando que a tendência de se investir em múltiplos pontos de origem mais próximos dos grandes mercados de venda (chamada de “omni-sourcing”) ajuda os clientes da indústria a construir cadeias de suprimentos mais resilientes.
Os consumidores estão mudando. O que vemos hoje é uma reformulação da cadeia logística”, disse. O executivo reconheceu ser difícil traçar tendências claras, mas cravou: “O jeito e estrutura da logística nunca mais vão ser o mesmo. Mas o comércio global cresceu e vai continuar crescendo”.
Fonte: Valor Econômico