05/10/2020

Desestatização da Codesa reacende incertezas no sistema portuário capixaba

 Desestatização da Codesa reacende incertezas no sistema portuário capixaba


Recentemente, a desestatização da Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa), atual gestora do Porto de Vitória, voltou a ser pauta urgente do Governo Federal. O ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, confirmou que o processo para privatizar a gestão do sistema portuário capixaba deve ser iniciado ainda no segundo semestre deste ano e finalizado em 2021.

Segundo o ministro, a transição para a privatização deve ser feita em modelo misto, em duas etapas: a venda da empresa e a concessão das atividades portuárias a outro órgão gestor. Desde que o assunto começou a ser debatido, em 2019, a comunidade portuária vem lidando com inúmeras incertezas. Como será feita a gestão? Haverá perda de cargos de trabalhadores? Como ficará a rotatividade de cargas? Fato é que o Porto de Vitória ainda carece de investimentos em infraestrutura e logística, além de melhorias na gestão para o aumento da produtividade. Porém, é discutível a ideia de que a desestatização seja o melhor caminho para que isso aconteça.

No Brasil, já funcionamos com as operações privadas e os terminais também - arrendados ou Terminais de Uso Privado (TUPs). O que está em pauta em Vitória é a desestatização de autoridades-administradoras. Provavelmente, o modelo adotado será semelhante ao australiano. Contudo, a experiência ainda é pouco conhecida e controversa. Um estudo realizado pela University of Tasmania mostrou que, embora haja efeitos positivos da privatização no balanço patrimonial do governo a curto prazo, o modelo pode resultar no aumento de tarifas, restrições à concorrência portuária e redução de investimentos a longo prazo.

E mais, os portos australianos não são referências mundiais, como é o caso da Alemanha ou dos Estados Unidos. Então, por que não basear essa possível mudança na gestão de um desses países? A pergunta faz ainda mais sentido se for considerado que países do Sudeste Asiático, do Mediterrâneo, da África Subsaariana e, até mesmo, latino-americanos optaram por tomar as duas nações como referência. A imprevisibilidade dos processos e resultados continua trazendo preocupações a toda a comunidade portuária. O que resta é esperar que as decisões sejam tomadas com foco na produtividade e nas necessidades do Porto.

Roberto Garófalo é advogado, Diretor Executivo da Poseidon Marítima Ltda e presidente do Sindicato dos Operadores Portuários do Espírito Santo – Sindiopes.

Fonte: Portos e Navios

Notícias Relacionadas
 Santos Brasil registra R$ 198,5 milhões de lucro líquido no 1º trimestre

15/05/2025

Santos Brasil registra R$ 198,5 milhões de lucro líquido no 1º trimestre

A Santos Brasil encerrou o 1T25 com lucro líquido de R$ 198,5 milhões, aumento de 34,3% YoY, com margem líquida de 22,5% (-0,4 p.p YoY). O EBITDA consolidado da Companhia somou R$ 496,0 (...)

Leia mais
 Transição energética na logística

15/05/2025

Transição energética na logística

Por Marcella Cunha, diretora executiva da ABOLA edição de 2025 da Intermodal South America, realizada em abril, trouxe à tona discussões essenciais para o futuro da l (...)

Leia mais
 Missão Internacional ABOL: Inovação e Eficiência na Logística Global

15/05/2025

Missão Internacional ABOL: Inovação e Eficiência na Logística Global

O mês de Abril na ABOL teve como destaque a realização da Missão Ásia para Dubai e Xangai, junto a executivos de empresas filiadas à associação. Durante uma semana, a comitiva pôde obser (...)

Leia mais

© 2025 ABOL - Associação Brasileira de Operadores Logísticos. CNPJ 17.298.060/0001-35

Desenvolvido por: KBR TEC

|

Comunicação: Conteúdo Empresarial

Este site usa cookies e dados pessoais de acordo com os nossos Termos de Uso e Política de Privacidade e, ao continuar navegando neste site, você declara estar ciente dessas condições.