Em uma transação de R$ 850 milhões, o terreno onde ficava a fábrica da montadora Ford em São Bernardo do Campo, no ABC, com mais de 1 milhão de metros quadrados, foi vendido para a empresa americana de galpões Prologis, com sede em São Francisco, Califórnia. No local, deve ser construído um centro logístico, com investimento total estimado em mais de R$ 2 bilhões.
O terreno pertencia a dois fundos imobiliários, o SJ AU Logística, que detinha 75%, e outro do BTG Pactual, com os 25% restantes. A Ford vendeu o local em 2019 quando decidiu sair do Brasil e se desfez de vários ativos, incluindo um na Bahia e outro em Taubaté (SP). Atualmente, o terreno estava sendo usado em locações menores para alguns inquilinos, como uma antena de celular.
A transação foi assinada no início da noite da sexta-feira, 12, e demorou alguns meses para ser fechada, em negociação que atraiu vários interessados. A região do ABC tem localização imbatível no Brasil em termos de logística, ao lado de São Paulo, bem perto do Porto de Santos e de outras grandes rodovias brasileiras. Mas não tem mais locais disponíveis. O que existe é muito caro e acaba sendo usado para empreendimentos residenciais e escritórios, e não para galpões logísticos. Por isso, o terreno foi bem disputado. Nomes como Brookfield, Autonomy, HSI, LOG CP, Banco Fator, além de vários fundos locais e internacionais e construtoras, olharam o negócio.
Fundo do BTG obteve 20,5% de ganho de capital no negócio
Os donos do terreno planejavam encontrar um parceiro para desenvolver um centro logístico no local, mas com a alta de juros, no Brasil e no mundo, e o aumento dos custos de construção, acabaram optando por vender o espaço para outro investidor, aproveitando a valorização que a pandemia gerou em espaços perto de grandes centros. Só o fundo do BTG teve ganho de capital de 20,5% em relação ao que foi pago no local, segundo um comunicado.
A Prologis investe no Brasil desde 2008, em locais como Cajamar, e tem uma joint venture com o grupo canadense Ivanhoe Cambridge para fazer galpões logísticos no mercado brasileiro. Segundo fontes, parte do financiamento para a obra no ABC tem chance alta de contar com financiamento do Canadá. “Deve ser desenvolvido o maior parque logístico do Brasil”, disse uma fonte, falando que só as obras devem custar mais de R$ 1 bilhão, fora outros investimentos, que eleva o total de gastos para além dos R$ 2 bilhões. Por ser empresa global, a Prologis tem a conta mundial de grandes empresas de comércio eletrônico e de distribuição.
O negócio acontece em um momento em que a subsidiária brasileira da Prologis vem ganhando força nas operações internacionais do grupo americano. O CEO para o Brasil, Armando Fregoso, foi promovido ao comando de toda operação na América Latina no começo de 2024.
A venda do terreno ainda precisa ser aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE). Procurada, a Prologis informou que, neste momento, não se manifestará sobre o assunto. “Reiteramos que quando possível serão divulgadas informações oficiais sobre o tema”, disse a empresa.
Fonte: Estadão