Diante da perspectiva de que os investimentos em ESG alcancem cerca de US$ 53 trilhões até 2025, conforme previsões da Bloomberg, a Associação Brasileira dos Operadores Logísticos (ABOL) tem colocado como prioridade as questões envolvendo ESG ou ASG - Ambiental, Social e Governança. A entidade, inclusive, pretende apresentar, no segundo semestre deste ano, o inventário ABOL, relatório setorial que vai apontar as emissões de gases do efeito estufa geradas pelas empresas filiadas durante as suas operações. O material está sendo elaborado pela ViaGreen, consultoria especializada em sustentabilidade.
“É uma oportunidade de as pessoas olharem para esse tema e trabalharem em conjunto”, destacou o CEO da ViaGreen, Conrado Bertoluzzi. “Estamos antecipando uma demanda que vai ocorrer para o mercado regulado. Carbono vai ser um passivo para todos e a forma de apurar vai ser por inventários de emissões bem fundamentados. Quanto antes começarmos a atuar, melhor. No futuro vai ser um requisito legal e quem já estiver no caminho, estará tranquilo”, complementou o coordenador do Grupo ESG da ABOL, Marcos Azevedo.
A afirmação do também head de sustentabilidade da Bravo está alinhada aos impactos previstos pela regulamentação do mercado de carbono. O Projeto de Lei cria o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE), que estabelece tetos para emissões e prevê regras para a venda e compra de títulos de compensação. E o objetivo da ABOL é conscientizar cada vez mais os Operadores Logísticos, uma vez que a atividade de transporte responde por cerca de 20% das emissões globais de CO2, um dos principais gases causadores do efeito estufa.
Certificações - ainda como parte do cronograma de trabalhos do Grupo ESG, a ABOL abordou recentemente o tema certificações. “Sabemos que a régua está subindo, então é fundamental estarmos atentos e atualizados sobre os frameworks de certificação em ESG”, destacou Azevedo.
O assunto foi tratado pela CEO da Abissal e especialista em Sistema B, Camila Abigail, e o fundador e diretor de desenvolvimento da OTEC, consultoria em desempenho técnico e financeiro de empreendimentos imobiliários, David Douek. De acordo com Camila, o mais relevante não é a certificação em si, mas sim a jornada, ou seja, a intencionalidade de se adequar à nova demanda de mercado. Para ela, o ato de iniciar e dar um passo para se tornar 1% melhor a cada dia é um grande ganho para as organizações.
A CEO da Abissal reforça que a sigla ESG está relacionada a métricas ambientais, sociais e de governança incorporadas na estratégia de negócio, mensuradas em todos os níveis da organização. Camila garante que as empresas capazes de comprovar que utilizam ESG de forma estratégica detêm a maior oportunidade no mercado de capitais, diminuindo e mitigando os riscos financeiros reportados aos stakeholders em curto, médio e longo prazos. “O fluxo de dinheiro do mundo está indo para o ESG”, mencionou a especialista.
Ao tratar especificamente da certificação B, Camila disse que o reconhecimento olha de forma 360 para o negócio, entregando as melhores empresas para o mundo. No Brasil, 340 empresas contam com essa certificação, enquanto outras 9 mil estão tentando ser B e avançar em maturidade ESG. Vale destacar que as chamadas empresas B possuem sua atuação alinhada com projetos e processos cujo objetivo é promover um impacto social e ambiental positivo, além de obter lucro.
De acordo com Camila, uma empresa B certificada é composta por um propósito de impacto positivo, responsabilidade vinculada a compromisso com a transparência. Já as vantagens em se tornar uma empresa B são melhoria na gestão, fortalecimento da governança, fazer parte de uma rede de líderes na nova economia, atração de talentos, posicionamento para a cadeia de valor e performance sustentável.
David Douek, da OTEC, apresentou certificações voltadas aos armazéns, sendo importantes por atestarem que o projeto e a obra foram concebidos de forma a permitir uma operação sustentável e eficiente. Ele ressaltou a certificação Leadership in Energy and Environmental Design (Leed), cujo sistema de avaliação promove uma abordagem ao edifício por inteiro, desde a concepção do projeto até a construção final e a manutenção do mesmo.
Segundo ele, considerando a diversidade de perfis das empresas que fazem parte da ABOL, vale lembrar que apesar de atuarem em mercados e zonas geográficas diferentes, e terem particularidades de operações, todos ocupam algum espaço físico. “As ferramentas de valor auxiliam na melhoria do desempenho e na comunicação com todos os envolvidos na operação, os colaboradores, clientes, fornecedores”.