30/09/2020

ABOL marca presença no Norte Export

 ABOL marca presença no Norte Export


Representada pelo seu diretor presidente e CEO, Cesar Meireles, a ABOL – Associação Brasileira dos Operadores Logísticos defendeu no evento a estruturação de plataformas logísticas como centros fomentadores de integração e desenvolvimento na região.

O segundo dia do Norte Export, evento regional do Fórum Brasil Export realizado em Macapá (AP), começou com o painel “O potencial do escoamento da safra do Centro-Oeste através do Arco Norte”, apresentado pelo Conselheiro do Norte Export, Claudio Eidelchtein, tendo ainda como palestrantes o diretor executivo do Movimento Pró-Logística de Mato Grosso e presidente do Conselho do Centro Oeste Export, Edeon Vaz Ferreira; o diretor presidente e CEO da ABOL – Associação Brasileira dos Operadores Logísticos e conselheiro Nacional do Brasil Export, Cesar Meireles; o diretor de Relações Governamentais do Grupo Amaggi, Ricardo Tomczyk, e o representante do Canal do Panamá, Javier Ho. A moderação ficou a cargo do presidente do Conselho do Norte Export e do CONAPRA (Conselho Nacional de Praticagem), Ricardo Falcão.

Ferreira iniciou com um balanço da logística do Arco Norte: “Da produção nacional, cabe à região Norte 61,2% do total de grãos. No ano passado, exportamos pelo Arco Norte 37,2 milhões de toneladas. Para o considerável volume da safra deste ano, estimado em 225 milhões de toneladas, ficamos impedidos de executar a melhor opção logística – o escoamento pelo Norte – por problemas ainda existentes nesse trecho. Apenas com melhoramentos em rodovias e ferrovias, já detectamos redução do frete na região. Por tal motivo, devemos continuar pressionando para que evoluam as obras de expansão, modernização e integração logística”.

“Pensar fora da caixa” está entre as necessidades apontadas por ele: “Sempre se fala em concessão rodoviária, ferroviária, hidroviária, mas acredito que deveríamos falar em concessão do corredor logístico. Quando se faz, por exemplo, a concessão da BR-364, com a Hidrovia do Madeira, tem-se um valor de pedágio a contemplar a manutenção da rodovia e a da hidrovia. Precisamos mudar a modelagem da concessão”, opinou.

Clusters logísticos

Ao iniciar a sua exposição, o diretor presidente e CEO da ABOL fez questão de cumprimentar os colegas palestrantes e parabenizar o CEO do Fórum Brasil Export, Fabrício Julião. “O evento se transformou em uma verdadeira think tank da logística no Brasil e tornou-se um efetivo gerador de conteúdo e integração estratégica em relação ao que se pensa e se produz de intelecto sobre o tema no país”, disse Meireles.

“Gostaria de falar sobre a sinergia das plataformas logísticas ou clusters logísticos para um país continental como o nosso. Ontem, no primeiro dia de evento, o vice-governador do Amapá, Jaime Nunes, mencionava a necessidade de o estado estar integrado com o restante da região para potencializar e oportunizar questões fundamentais para o crescimento regional. Os conceitos ‘oportunizar’ e ‘integrar’ significam logística, que traduz justamente a integração de fatores de modo a permitir geração de valor na cadeia da melhor forma possível. Costumo dizer na ABOL que logística integrada é pleonasmo vicioso, uma vez que não se faz logística de forma fragmentada”.

Meireles citou e recomendou a leitura do livro Logistics Clusters – Delivering Value and Driving Growth, de Yossi Sheffi, que analisa o tema tomando como exemplo alguns clusters mundo afora. “O autor apresenta um caso que me remete diretamente à região Norte do país: na cidade de Zaragoza, na Espanha, está instalado um excelente paradigma do sucesso de plataforma logística. Uma primeira questão a caracterizar o cluster logístico reside na localização geográfica, que atua como vantagem comparativa. Vale lembrar que a posição geográfica já garantiu a Macapá acessos hidroviários capazes de potencializar seus benefícios logísticos”, disse.

O diretor presidente e CEO da ABOL cita outro ponto que faz de Zaragoza um excelente cluster logístico: a questão dos acessos. “Para a potencialização do cluster é preciso haver acessos viáveis, fáceis e seguros, além de integrados a outras regiões. No caso espanhol, há uma combinação entre infraestrutura rodoviária e ferroviária de extrema qualidade, integrada com tecnologia de ponta em todo o seu ecossistema, além da força de trabalho dedicada a evitar qualquer interrupção nos acessos”.

“Os investimentos brasileiros em infraestrutura logística não passam de 0,5% do PIB. Na excelente palestra que nos deu neste fórum o secretário executivo do MINFRA (Ministério da Infraestrutura), Marcelo Sampaio, esses dados foram confirmados, estando, contudo, o MINFRA, imbuído da sua reversão. Se quisermos ter um país com infraestrutura desenvolvida, precisamos pensar em 5G, em infraestrutura de rede, interligando as localidades a mercados estratégicos”, afirmou Meireles, que acrescenta: “Igualmente necessário é contarmos com governos favoráveis à implantação de clusters logísticos, cultura empreendedora, flexibilidade/rapidez decisória, convergência e capacidade tanto integradora quanto política para esse fim, guiando-se pelos fundamentos de inovação, modernidade, sustentabilidade, inclusão social e compliance. Sem essas vertentes estruturantes não há integração regional. Encerro minha fala realçando a importância da visão integrada do desenvolvimento dos clusters logísticos e, nessa visão de escoamento, por que não instar Macapá a transformar-se no próximo cluster da região?”.

O diretor de Relações Governamentais do Grupo Amaggi, Ricardo Tomczyk, participou do painel detalhando a visão do grupo a respeito da região e suas operações multimodais. A empresa atua com operações portuárias, fluviais, rodoviárias e ferroviárias, além de administrar as unidades de esmagamento de soja e a misturadora de fertilizantes. A área, portanto, está entre os principais pilares dos negócios da empresa no presente.

“O desafio nosso, como empresa, é o de contribuir com o desenvolvimento estrutural da logística do Arco Norte, para que o transporte de grãos às nossas estações aconteça de forma ágil e eficiente a custos administráveis. Os trabalhos de conservação das rodovias que dão acesso ao Arco Norte, bem como de manutenção e aprofundamento do calado do sistema hidroviário, são essenciais para o desenvolvimento da região”, disse.

Consórcios dos governadores da região Norte

Mais um evento ganhou destaque no segundo dia do Norte Export: a assembleia geral do Consórcio Interestadual da Amazônia Legal, composta pelos governadores da região. A tônica foi a importância do debate sobre a logística verde.

Estiveram presentes os governadores do Amapá, Waldez Góes; do Acre, Gladson de Lima Cameli; do Maranhão, Flávio Dino; do Amazonas, Wilson Miranda Lima; de Roraima, Antônio Denarium, e do Pará, Helder Barbalho, além dos vice-governadores do Tocantins, Wanderlei Barbosa, e de Rondônia, Zé Jodan. O evento contou ainda com a participação do presidente da EMAP (Empresa Maranhense de Administração Portuária), Ted Lago.

Os governadores e vice-governadores estavam reunidos para a assembleia geral do Consórcio, na qual foram apresentados os resultados das discussões do 21º Fórum de Governadores, realizado de 22 a 24 de setembro último com o objetivo de debater como transformar a Amazônia Legal em uma região competitiva, integrada e sustentável.

O CEO do Fórum Brasil Export participou do evento, assim como o governador Góes, também presidente do Consórcio do bloco regional. Ele saudou os organizadores do Fórum Brasil Export e declarou-se honrado pela escolha do Amapá para sediar o primeiro fórum regional no Norte do país.

De acordo com Góes (Amapá), os estados reúnem projetos que totalizam R$ 20 bilhões. O governador ressaltou ainda que esses projetos podem beneficiar não só quem vive na região amazônica, mas também agrega valor para todo o Brasil e a comunidade internacional.

Lima (Amazonas) disse que a região amazônica figura como o lugar mais desafiador do país para a questão logística. “Além das distâncias, temos o período sazonal, de secas e cheias”, afirmou. Segundo explicou, uma viagem de 12 dias no período da cheia pode chegar a durar 26 dias na época da seca. Isso interfere no abastecimento de insumos básicos para os municípios, já que, segundo estimou o governador do Amazonas, 90% dessas localidades têm acesso pelos rios. Ele disse ainda que o estado do Amazonas dispõe de 24 mil quilômetros de vias navegáveis, que requerem boa estrutura para funcionarem como tal.

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Após detalhes apresentados por Jodan (vice de Rondônia), Dino (Maranhão) mencionou diversos projetos no estado – inclusive os investimentos previstos para o porto de Itaqui (MA). Ele destacou como dever de todos os governantes cuidar das pessoas, algo que não entra em choque com a proteção ao meio ambiente. Ele também apontou a necessidade de ‘separar o joio do trigo’, ao se referir às atividades ilegais e às realizadas em conformidade com as leis – as quais, essas sim, geram benefícios à região. “Há uma visão às vezes equivocada segundo a qual produzir na Amazônia é sempre ruim. Temos de debater a forma como produzimos, sem jamais criminalizar as atividades produtivas da Amazônia. Isso seria lesivo aos interesses da população”, declarou, assertivo.

Além da questão de infraestrutura de modais, um desafio comum citado pelos governadores Denarium (Roraima) e Cameli (Acre), está relacionado à comunicação, no caso específico a conexão de internet, “um problema de 23 milhões de habitantes da Amazônia”, revelou Cameli.

Denarium lembrou ainda um dos desafios persistentes em Roraima: o fato de não estar integrado ao SIN (Sistema Interligado Nacional), leva o estado a depender do país vizinho, a Venezuela, no abastecimento de energia elétrica.

Barbalho (Pará) afirmou que estão em curso obras e investimentos em infraestrutura da ordem de R$ 1,2 bilhão no estado, entre capital próprio e financiamentos nacionais e internacionais. O governador elencou as seguintes prioridades: ampliação da malha rodoviária, consolidação da malha hidroviária, logística ferroviária e política de aeroportos regionais – esse último de extrema importância não só pela questão econômica, mas também para garantir serviços à população.

Finalizando a fala dos governos, Barbosa (vice do Tocantins) abordou as obras estruturantes necessárias para a interligação com outros estados. Entre as prioridades está a TO-500, para encurtar as distâncias no escoamento de produtos vindos do Mato Grosso rumo aos portos da Bahia e do Maranhão.

BNDES

Do encontro participou também o presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Gustavo Henrique Moreira Montezano, que discorreu sobre os projetos para a região. Ele ressaltou a retomada da economia verde como uma tendência não só no Brasil, mas em âmbito global, e apontou a vocação do Norte para receber investimentos em infraestrutura, turismo e biotecnologia.

Dirigindo-se aos governadores do Consórcio dentro do evento do Norte Export, Montezano lembrou que há uma tendência mundial de voltar o olhar para as questões ambientais e sociais, algo cada vez mais levado em conta na alocação de recursos. “A região Norte está sendo reconhecida pelo mundo como deveria ser. Por diversas vezes foi apontada a retomada verde, que, aliás, não se dará só no Brasil”.

O presidente do BNDES disse que, ao abordar a infraestrutura, lhe vêm em mente três pilares: disciplina fiscal, com juro baixo; estabilidade regulatória, que leva a favoráveis contratos e modelagens de regulação, e carteira de projetos bem planejada e robusta.

Ele citou ainda algumas parcerias do banco em projetos na região para as áreas de saneamento; infraestrutura, como a BR-364, e o programa Mais Luz para a Amazônia, realizado em conjunto com o Ministério de Minas e Energia.

Um dos potenciais citados pelo executivo foi o de concessão florestal, ativo fundamental e pouco explorado, mas capaz de alavancar o desenvolvimento de toda a cadeia impactada pelo turismo.

Ainda pela manhã, o Norte Export abriu espaço para discussão sobre a importância da hidrovia na matriz de transporte da região Norte, com a participação do presidente do Conselho do Nordeste Export, Aluísio Sobreira; o diretor do DNHI (Departamento de Navegação e Hidrovias), Dino Antunes Dias Batista; do diretor da ANTAQ (Agência Nacional de Transportes Aquaviários), Adalberto Tokarski, e do presidente do CONAPRA, Ricardo Falcão, com moderação do representante do Conselho do Norte Export, Larry John Rabb Carvalho.

Encerramento

Além das palestras, que promoveram a análise de temas relacionados às necessidades e demandas dos terminais da região Norte e a mudança econômica através da exploração da indústria de óleo & gás, no período da tarde aconteceu a cerimônia de enceramento, para a leitura da Carta Norte Export, que contou com a participação do anfitrião e governador do Amapá. “Quero cumprimentar, elogiar e parabenizar os organizadores do Norte Export e todas as pessoas direta e indiretamente envolvidas, além de saudar os meus colegas governadores pela iniciativa de evidenciar as oportunidades e necessidades da região”, agradeceu Góes.

Julião, CEO do Brasil Export, reconheceu o incansável suporte das autoridades federais, estaduais e municipais e dos conselheiros do evento, entre eles Meireles, da ABOL; o empenho da equipe da organização e a participação de toda a audiência. “Demos início não ao Norte Export, mas sim a uma construção de desenvolvimento da região Norte. O crescimento do Centro-Oeste vai continuar, e o escoamento possível é pelo Arco Norte”, disse, demonstrando sua gratidão.

Ficou a cargo do presidente do Conselho do Norte Export a leitura da carta documento Norte Export. “Este é o resultado do esforço de um grupo que se dedicou incansavelmente para a realização deste evento, em condições tão sui generis”. Falcão voltou a citar Meireles, da ABOL, ao mencionar a terminologia “logística integrada” como pleonasmo vicioso. “Fazer logística de forma fragmentada significa conviver com a ineficiência. Este fórum ‘não se fez de rogado’ e mobilizou a comunidade logística e portuária, governadores e empresários de diversos segmentos. Em dois dias de importantes contribuições, pudemos ampliar a compreensão sobre as oportunidades de desenvolvimento do nosso setor. É importante que o Norte Export passe a atuar como forte centralizador dos estados membro do Consórcio da Amazônia”.

O Fórum Brasil Export dá continuidade aos seus eventos regionais – nas próximas semanas de outubro com foco nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste, finalizando a série em novembro, com o Centro-Oeste Export. “De nossa parte, aqui no Norte, fica a sensação de dever cumprido, mas também de dever contínuo. A integração em Macapá trouxe grande satisfação, ao engajar para a constante busca de um Brasil competitivo, sólido e mais justo, com segurança jurídica e normas claras para todos os que aqui queiram investir”, finalizou Falcão.

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