03/08/2020

ABOL apresenta atualização de 2020 da pesquisa que define o Perfil dos ABOL apresenta atualização de 2020 da pesquisa que define o Perfil dos


O faturamento médio dos Operadores Logísticos no país cresceu 21% em 2019.



O setor gera 1,5 milhão de postos de trabalho diretos e indiretos e arrecada R$ 14,7 bilhões em tributos e R$ 11,5 bilhões em encargos trabalhistas
Associadas da entidade representam 19,4% na receita operacional do setor, superam o faturamento médio do mercado em 67%, empregando cerca de 8% do contingente de trabalhadores do setor


Encerrando a série de atividades em comemoração ao aniversário de oito anos, a ABOL – Associação Brasileira de Operadores Logísticos - promoveu, na semana passada, uma videoconferência para apresentar a edição 2019/2020 da pesquisa Perfil dos Operadores Logísticos no Brasil.

O estudo, encomendado pela ABOL à Fundação Dom Cabral (FDC), vem sendo realizado desde 2014 e traz um detalhamento das características e tendências do mercado da operação logística. Sob a coordenação do professor de Logística, Transporte e Planejamento de Operações e Supply Chain, e coordenador do Núcleo de Infraestrutura, Supply Chain e Logística da FDC e pesquisador responsável pela Plataforma de Infraestrutura em Logística de Transportes, Paulo Resende, o estudo mostrou um crescimento no faturamento anual e no número de empresas.

O levantamento abrangeu um universo de 275 empresas e revelou uma Receita Operacional Bruta (ROB) total de R$ 100,8 bilhões anuais, estimando um faturamento médio de R$ 366 milhões, por empresa. Adicionalmente, o setor é um dos que mais emprega nos dias de hoje, gerando aproximadamente 1,5 milhão de postos de trabalho diretos e indiretos, e arrecada R$ 14,7 bilhões em tributos e R$ 11,5 bilhões em encargos trabalhistas.

Na comparação com a versão anterior da pesquisa, divulgada em dezembro de 2018, o número de empresas era de 269, com o total da ROB anual de R$ 81,4 bilhões, o que representava um faturamento médio de R$ 302,6 milhões, por empresa.

“O fato de o Operador Logístico não ter uma Classificação Nacional de Atividade Econômica (CNAE) específica dificulta em muito a medição exata de quantos somos e do quanto representamos” observou o diretor presidente e CEO da ABOL, Cesar Meireles. “É realmente um esforço importante que fazemos para identificar nesse ecossistema quem são as empresas que comungam com a taxionomia (definição) do Operadores Logísticos”.

Meireles contou que o estudo foi antecipado para analisar também o momento da pandemia e enfatizar como as empresas do setor vêm lidando com os novos desafios impostos. “Como sociedade civil sem fins lucrativos, temos por política compartilhar todos os nossos estudos para promover conhecimento. Sendo assim uma colaboração da associação com todos os stakeholders e sociedade em geral e dentro da cadeia logística de valor na qual o Operador Logístico está inserido”, disse.

A atualização do estudo coincide com o avanço no Projeto de Lei (PL) nº 3.757/2020, que prevê a regulamentação da atividade dos Operadores Logísticos e modernização da lei de armazenagem geral, o Decreto nº 1.102/1903. O PL foi protocolado no último dia 13/07 na Câmara dos Deputados Federais, sob a autoria do deputado federal Hugo Leal (PSD/RJ).

“O PL certamente vai trazer um ambiente melhor de negócios, reduzindo a burocracia e as obrigações acessórias. Assim, teremos um ambiente de maior segurança jurídica, que, por consequência, permitirá identificar novas frentes para investimentos. Em decorrência disso, teremos mais geração de empregos, de renda, assim como melhores arrecadações para o erário”, avaliou o diretor presidente e CEO da entidade.

Abrangência e diversidade



De acordo com o professor Paulo Resende, há uma tendência entre as empresas de ampliar o espectro de serviços oferecidos, bem como seus ambientes de atuação. Além de transporte, armazenagem e gestão de estoques, as empresas intensificam sua aproximação do mercado de consumo final. “Os Operadores Logísticos no Brasil seguem exatamente a tendência mundial que é sair de uma posição mais distante nas cadeias produtivas para, justamente, aproximarem-se do consumo final. Os Operadores Logísticos devem ocupar, em breve, todo o espectro das cadeias de suprimento e distribuição”, analisou Resende.

Outra constatação do estudo diz respeito à diversidade de segmentos de mercado nos quais os Operadores Logísticos atuam. Há uma predominância no automotivo, alimentos e bebidas, eletroeletrônicos, saúde (humana e animal), têxtil e varejo, segmentos já tradicionais na dinâmica logística, segmentos de alto valor agregado e peso bruto baixo, com alto giro de estoque. Mas, outros segmentos passaram a figurar no horizonte das empresas do setor logístico.

“Em função do comércio eletrônico e das mudanças na dinâmica de consumo, existe, agora, um movimento intenso de aproximação do mercado de consumo final e uma ampliação na atuação, com presença em determinados segmentos, como telecomunicações, tecnologia industrial e de serviços bancários e comércio eletrônico. Temos, então, uma consolidação do atendimento à indústria tradicional, da linha de produção até os Centros de Distribuição (CD), mas também temos a entrega direta no varejo, chegando com uma nova onda de serviços. Agora, a oferta é de soluções, o que é extremamente importante. A amostra nos apontou que os Operadores Logísticos começam a ultrapassar além das CNAEs nas quais atuam tradicionalmente, como transporte e armazenagem, também forte presença em outras atividades que servem de apoio para a aproximação ao consumo final. Ou seja, o Operador Logístico vem expandido muito rapidamente sua presença na cadeia de suprimentos e distribuição”, avalia o professor da FDC.

Evolução do Setor



Sobre a evolução do setor, a pesquisa indicou um crescimento consistente e significativo. Em 2013/2014, quando a primeira pesquisa foi realizada, o setor era composto de 159 empresas que se enquadravam na taxionomia definida pela ABOL, a saber: pessoa jurídica capacitada a prestar, através de um ou mais contratos, por meios próprios e/ou por intermédio de terceiros, os serviços de transporte (em qualquer modal), armazenagem (em qualquer condição física ou regime fiscal) e gestão de estoque (utilizando sistemas e tecnologias adequadas). Hoje, 275 empresas compõem o setor.

“Mesmo se a base de comparação for a edição de 2017/2018, quando tínhamos 269 empresas, a evolução é consistente, porque é preciso ter cuidado e não se precipitar em conclusões equivocadas: tivemos movimentos de fusões e aquisições entre grandes players. Ou seja, houve consolidação com crescimento”, comentou Resende.

O professor chama a atenção para os resultados relacionados ao faturamento dos Operadores Logísticos no País. “Considerando os últimos seis anos, o setor mais do que dobrou o seu faturamento estimado, mesmo com a grande recessão experimentada no período. O faturamento médio dessas empresas cresceu 21%, comparado aos últimos resultados. Além disso, é um grupo que emprega direta e indiretamente mais de 1,5 milhão de pessoas. Não é pouca coisa. Os Operadores Logísticos já estão entre os 25 maiores empregadores no País, quando consideramos total de pessoal empregados no setor privado puro, arrecadando mais de R$ 26 bilhões em tributos e encargos trabalhistas”, pontuou o professor.

Nesse cenário, as associadas da ABOL representam 19,4% na receita operacional do setor, registrando faturamento médio superior em 64%, empregando quase 8% do contingente de trabalhadores do setor.

Investimento em inovação



Softwares de gestão de armazenagem, de rastreamento, roteirização e gestão administrativa ganharam peso entre os investimentos do Operadores Logísticos. Essa é uma das constatações da pesquisa 2019/2020. Obviamente, a injeção de recursos na aquisição de novas máquinas e equipamentos e na modernização das instalações e infraestrutura continua a acontecer, mas há uma tendência perceptível na busca de uma melhor integração tecnológica e operacional dos Operadores Logísticos com os clientes.

Essa tendência vem alterando o chamado ‘pacote de valores logísticos’ oferecido pelas empresas ao mercado, que, além de critérios como velocidade, cumprimento de prazo, flexibilidade no atendimento ao pedido, passou a focar também em customização, aumento do portfólio de produtos, busca pelo menor preço e integração tecnológica. “O que percebemos é que o cliente embarcador vê-se acostumado com a presença do Operador Logístico na sua dinâmica operacional, portanto, a integração tecnológica e a capacidade para a customização de soluções são grandes destaques que precisam ser mais bem explorados pelo Operador Logístico na relação comercial com as empresas atendidas”, destaca Resende.

Custos logísticos



A pesquisa identificou também quais são os maiores custos logísticos das empresas e a armazenagem (53%) ficou em primeiro lugar entre os respondentes. Como avaliou Resende: “este resultado indica impacto do encarecimento do custo da terra e também um fortalecimento da estratégia de dominar não só o transporte como também a armazenagem. Vale lembrar que o custo da armazenagem não está apenas no caso do produto acabado, mas também na armazenagem de matéria prima, então, pode ser que os clientes estejam terceirizando a armazenagem com os Operadores Logísticos”.

O que o Operador Logístico tem feito para reduzir os custos? Muitas empresas embarcadoras têm transferido cada vez mais seus custos logísticos para os Operadores Logísticos, terceirizando frotas e serviços logísticos em cada vez mais amplo espectro. O professor da FDC destacou que a terceirização de ativos, principalmente veículos, equipamentos e a própria armazenagem fazem parte de um movimento mundial, que deixa o embarcador mais focado nos seus negócios. Para o Operador Logístico, a subcontratação tem crescido no sentido de buscar focar mais na inteligência logística. “Essa tendência deve continuar se caminharmos para uma flexibilização cada vez maior de leis trabalhistas, de uma compreensão que o mercado é cada vez mais de parcerias em vez de domínio dos ativos. O Operador Logístico, cada vez mais, ficará a cargo da inteligência, da articulação, da integração tecnológica com os clientes, e esta ação, em particular, reduz os custos logísticos, porque cria fluidez de informação na cadeia logística. Quando se consegue isso, a primeira coisa que melhora é o coeficiente de segurança. Outra ação que se vê é a redução de mão de obra em volume, não em especialização”, disse.

Outra tendência que já se materializa é a alteração na frequência das entregas e dos canais de distribuição. Impulsionados pelo ritmo imposto pelo comércio eletrônico, os Operadores Logísticos têm agora que fazer frente a uma cadeia de suprimentos, abastecimento e distribuição mais frenética e ininterrupta. “Observem que o pequeno varejo já está batendo de frente com o grande varejo. A distribuição urbana, última milha, entrega em domicílio, estas demandas exigirão do Operador Logístico uma extrema integração tecnológica com os clientes”, conjecturou. Entre os Operadores Logísticos que participaram da pesquisa, 46,15% não operam com o comércio eletrônico e 28,21% disseram ter planos de operar. Já operando, estão 25,64%.

Em relação aos problemas relacionados à distribuição urbana de mercadorias, foram identificadas na pesquisa como de grande impacto o roubo de cargas, o congestionamento, a disponibilidade deficiente de áreas para carga e descarga e o tempo de entrega dos produtos do comércio eletrônico.

A versão de 2019/2020 da pesquisa Perfil dos Operadores Logísticos no Brasil não trouxe surpresas quanto à identificação dos desafios e entraves para uma maior eficiência logística. Entre os mais votados estão altos custos logísticos diretos (combustíveis) e indiretos (seguros), marco regulatório, carga tributária e obrigações acessórias no âmbito fiscal e burocracia de processos.

Estratégias de inovações do Operador Logístico no Brasil



De olho em atender o cliente em todas as necessidades, ganha importância entre os Operadores Logísticos, por ordem de votação, expandir o portfólio de produtos e serviços, ter uma nova política de inovação, oferecer novos serviços para os clientes, padronizar as operações, atender as exigências de mercado, expandir as operações para outros locais e reduzir os custos logísticos.

E para dar conta do recado, as empresas elencaram a inovação tecnológica e de processos como estratégias para sofisticar o portfólio de serviços. Os investimentos tendem a ser orientados a aprimorar o rastreamento de cargas, seguido de integração tecnológica com clientes e tecnologias de planejamento de demanda e de processamento de pedidos.

O peso de cada uma dessas inovações no contexto brasileiro foi ranqueado pelas empresas participantes da pesquisa da seguinte forma: Inovação na distribuição urbana (52,78%), automatização das operações (48,65%), entrega direta ao consumidor (48,57%) e frotas com alta tecnologia embarcada (41,67%) e operações sustentáveis com baixa emissão de poluentes (41,67%) e galpões verdes sustentáveis (30,56%) e embalagens sustentáveis (13,89%) estiveram entre as opções mais votadas. “Este é o pacote de inovações que os Operadores Logísticos devem pensar em oferecer nos próximos anos”, avisou Resende.

Ecossistema ativo



Meireles encerrou a videoconferência mencionando que a pesquisa retrata a pujança e a resiliência do setor de Operadores Logísticos, que estão concentrados em implementar as mudanças impostas pela nova realidade instalada. “Cada vez mais os Operadores Logísticos estão realizando uma grande imersão em novos mercados, em novas dinâmicas, como a do comércio eletrônico. Além do mais, temas antes não tão prioritários, passam a ser parte integrante das agendas dos Operadores Logísticos como sustentabilidade, inovação tecnológica e capacitação de alto nível. Isso é corroborado pelos achados na pesquisa, especificamente quanto à modernização de instalações, aquisição de máquinas, equipamentos e inovação, indicando a preocupação com a modernização de seus parques e plataformas logísticas, no investimento em inovação, enriquecendo todo o ecossistema. Temos inúmeros desafios pela frente, como a definição de um marco regulatório, a diminuição e a simplificação da carga tributária e das obrigações acessórias. Entretanto, esses são argumentos estruturais do nosso Projeto de Lei que visa exatamente sanar essas fragilidades e criar um ambiente de negócios que atraia investimento e ainda mais eficiência”, finalizou.

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