As empresas de logística resolveram apelar à Justiça para obrigar a liberação de cargas retidas no terminal de carga do aeroporto de Guarulhos por falta de capacidade da concessionária no processamento das mercadorias. No último dia 12, a operadora Multilog obteve uma liminar determinando à concessionária GRU Airport a liberação da sua carga.
Na semana anterior, a Apra (Associação dos Operadores de Recintos Alfandegados de Zona Secundária do Brasil) já havia obtido liminar obrigando GRU Airport a remover as cargas em 24 horas e também a se abster de cobrar pela armazenagem das cargas não removidas após 24 horas em razão da demora da própria concessionária.
Após pressão das companhias aéreas e operadores logísticos, o aeroporto determinou a suspensão do recebimento de cargas secas por 5 dias para tentar reduzir as cargas acumuladas. O prazo acabou no final do dia 11.
As empresas, no entanto, se queixam de que os problemas continuam. Segundo a Associação Brasileira dos Operadores Logísticos (Abol), a liberação chegou a demorar 11 dias. Hoje o prazo está em torno de 5 dias em média, mas há ainda cargas perdidas desde 21 de outubro.
Outro problema ressaltado pelos operadores é a retenção dos veículos. Pelas regras de segurança do aeroporto, uma vez que o veículo entra no terminal para retirar a carga, ele não pode sair até que a carga seja liberada nem fazer a troca do automóvel. — Já tivemos 50 veículos parados esperando liberação. Isso gera improdutividade e aumento de custos, impedindo que o operador faça outras entregas — diz a diretora executiva da Abol, Marcella Cunha.
— E não é só o veículo que fica parado. O motorista também. Ou seja, fica exposto a uma jornada que não condiz com a própria legislação. Como o processo está super colapsado, as condições sanitárias do local também não estão propícias. Lembrando que o desembaraço da carga é autorizado pelos órgãos intervenientes e isso só vai acontecer quando ela for encontrada. Hoje, um dos grandes gargalos é justamente conseguir encontrar a carga certa —.
Procurada, a GRU Airport afirmou que a regularização do volume de cargas "deve acontecer nos próximos dias". A empresa diz que, para isso, já disponibilizou "efetivo adicional, assim como novas áreas para armazenagem".
Fonte: O Globo