06/10/2025

O Impacto das Mudanças Climáticas nos Operadores Logísticos: Desafios, Riscos e Oportunidades

 O Impacto das Mudanças Climáticas nos Operadores Logísticos: Desafios, Riscos e Oportunidades



Não há mais tempo para dúvidas: as mudanças climáticas são uma realidade e já estamos em tempos de adaptação. Em estudo publicado em fevereiro último no periódico científico Environment: Science and Policy for Sustainable Development, James Hansen, renomado climatologista norte-americano, e colegas afirmam que a ciência subestimou o ritmo do aquecimento e que veremos seus efeitos devastadores ainda antes do que ela previa. 


Não é preciso ir muito longe. Se consultarmos alguns relatórios públicos na internet de órgãos confiáveis, como o UNEP (United Nations Environment Programme) e o IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change), veremos que as perspectivas não são nada boas.


Enquanto operadores logísticos, é importante levar em consideração os cenários dos NDC’s (Nationally Determined Contributions, ou Contribuições Nacionalmente Determinadas), que são compromissos assumidos por cada país signatário do Acordo de Paris. Por meio deles, a nação se compromete com recursos internos ("unconditioned") ou de forma condicionada a apoio financeiro, tecnológico ou técnico externo ("conditioned"). 


Esses cenários apontam para um aumento da temperatura significante no século XXI quando comparada aos períodos pré-industriais, com 90% de chances de atingirmos uma elevação entre 2,3 e 4,5 graus, numa média de 3,6 graus, se continuarmos com as políticas atuais. 


Não cabe entrar em discussões de política internacional sobre quais nações estão ou não aderindo ou cumprindo suas metas junto ao Pacto de Paris, um assunto polêmico e amplo. No entanto, é fundamental trazer para o ambiente de negócios os possíveis efeitos das mudanças climáticas, os riscos envolvidos, a necessidade de adaptação e resiliência climática, bem como as oportunidades que surgem, considerando que risco e oportunidade caminham juntos. 


Como fornecedores de serviços logísticos integrados, incluindo transporte por qualquer modal, armazenagem e gestão de estoque, os operadores logísticos são grandes responsáveis por emissões de gases de efeito estufa (GEE), vilões do aquecimento global. Dessa forma, devem focar em estratégias operacionais sustentáveis robustas e inovadoras, ampliadas e escaláveis.


A adaptação e a resiliência climática nortearão cada vez mais as ações empresariais, implicando investimentos em novos sistemas e tecnologias, infraestrutura mais resistente, gestão de riscos ambientais aprimorada e diversificação de rotas e modais que minimizem impactos ambientais. Ao antecipar esses desafios, o setor não apenas reduz riscos operacionais, mas também cria oportunidades valiosas de inovação e vantagem competitiva, assegurando sua continuidade e sustentabilidade no longo prazo. 


Exemplos de soluções sustentáveis que os operadores logísticos estão adotando incluem a adaptação de frotas para combustíveis alternativos, como biodiesel e biometano, além do investimento em veículos elétricos e híbridos para reduzir emissões de carbono. Também se destacam os centros de distribuição sustentáveis com painéis solares e sistemas de captação de água, o uso de embalagens biodegradáveis ou recicláveis e o desenvolvimento de hubs logísticos urbanos para reduzir deslocamentos e aumentar a eficiência.


Riscos e oportunidades caminhando juntos, como dito anteriormente. Essas iniciativas não só ampliam a capacidade operacional como também reforçam o compromisso do nosso setor com práticas ambientalmente responsáveis, a despeito das metas e compromissos não assumidos ou cumpridos no âmbito governamental.


As mudanças climáticas impactam diretamente os operadores logísticos, agravando desafios como eventos extremos (inundações, tempestades e secas), que prejudicam transportes e infraestruturas, além de alterações nas temperaturas e padrões de vento, que afetam operações e segurança. Indiretamente, há mudanças na demanda, com a busca por produtos sustentáveis e impactos na agricultura e energia, além de novas regulamentações ambientais, como o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE), que exige relatórios de emissões e adoção de práticas sustentáveis.


Os custos logísticos tendem a crescer devido ao aumento da incerteza climática e deslocamento de mercados, enquanto consumidores exigem maior transparência ambiental. Para mitigar riscos, operadores devem mapear ameaças, avaliar impactos e priorizar estratégias de adaptação, como fortalecimento de infraestruturas, diversificação de rotas e uso de tecnologias para monitoramento climático.


A resiliência operacional inclui planejamento de contingência, colaboração com fornecedores e participação em iniciativas governamentais para adaptação ao clima. Além dos desafios, surgem oportunidades, como otimização de processos, diferenciação no mercado e acesso a incentivos para práticas sustentáveis. Empresas que adotam inovação e logística de baixo carbono se destacam competitivamente e se preparam para regulamentações futuras, garantindo continuidade operacional e crescimento sustentável.


Todos nós, em maior ou menor grau, geramos impacto ambiental e, portanto, compartilhamos a responsabilidade pelas mudanças climáticas em curso. Imaginar que as soluções surgirão espontaneamente é assumir o risco de um cenário futuro de caos climático. É preciso assumirmos nossa autorresponsabilidade, agindo como protagonistas da transformação necessária.


Neste contexto, os Operadores Logísticos desempenham um papel fundamental como agentes transformadores, tendo a capacidade de liderar a implementação de práticas sustentáveis, soluções tecnológicas inovadoras e ações estratégicas que minimizem os impactos ambientais em suas operações. Ao adotarem iniciativas concretas, tais como veículos elétricos, centros logísticos sustentáveis, e rotas inteligentes com baixo impacto, esses operadores contribuem significativamente para mitigar as mudanças climáticas.


Nossa sociedade já demonstrou capacidade de união e mobilização em situações críticas, como durante a pandemia recente. Agora é urgente canalizarmos novamente essa união para enfrentar o desafio climático, com os Operadores Logísticos assumindo a frente deste movimento, estimulando e influenciando toda a cadeia produtiva em prol da sustentabilidade. Esperamos que essa conscientização e ação transformadora não demore a se manifestar de maneira ampla e efetiva.



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