31/07/2025

Tarifaço reforça investimentos para plano logístico integrado no Brasil

 Tarifaço reforça investimentos para plano logístico integrado no Brasil



A imposição de tarifas de 50% pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros acendeu um alerta sobre a infraestrutura de transporte de cargas no Brasil entre representantes do setor produtivo. Para avançar, será necessário um redesenho do plano logístico nacional, com foco em rotas alternativas para América do Sul e Ásia no curto prazo, disseram entidades nesta quarta-feira (30).


No radar, está o aumento dos investimentos em infraestrutura multimodal nos próximos 20 anos. O tema foi debatido no segundo encontro da série “Logística no Brasil”, promovido pelo Valor com oferecimento da Infra S.A. e do Ministério dos Transportes, realizado hoje na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).


Venilton Tadini, presidente executivo da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), destacou que os investimentos em infraestrutura cresceram 20% no ano passado, somando R$ 260 bilhões em 2024. “Se tudo der certo, vamos chegar a R$ 280 bilhões em 2025”, disse. Ele alertou para a necessidade de se priorizar setores estratégicos, como as ferrovias de carga geral, e defendeu que os recursos sejam alocados com base no tipo de produto a ser transportado.


Jorge Bastos, diretor-presidente da Infra S.A., concordou com a urgência em diversificar a cadeia logística. “Temos que trabalhar com as ferrovias para trazer produto agregado, interligando com outros portos. A conexão com a América do Sul é fundamental neste contexto de tarifas”, afirmou.


Tadini também criticou a composição atual do orçamento público. “É inadmissível termos R$ 20 bilhões no orçamento executivo e R$ 50 bilhões em emendas parlamentares”, disse. Segundo ele, a estruturação de projetos avança com apoio de instituições como BNDES, Caixa, BNB e bancos multilaterais, e há estimativa de até R$ 700 bilhões em investimentos nos próximos quatro anos — mas ainda seriam necessários outros R$ 400 bilhões.


José Rebelo, presidente da Associação Brasileira de Armazenagem e Infraestrutura (Abani), afirmou que a estrutura ferroviária do país para escoamento de cargas, especialmente agrícolas, ainda é "nanica". Para ele, o Brasil já dispõe de soluções para longas distâncias, mas precisa garantir previsibilidade no transporte para atrair investidores. “A produção vai sair. Temos que trabalhar para que ela saia da melhor maneira.”


Enquanto aguardam definições tarifárias, representantes do setor defendem que o país priorize o transporte multimodal e atraia capital estrangeiro interessado no escoamento de commodities, ao mesmo tempo em que o investimento público seja direcionado para ferrovias voltadas ao transporte de passageiros e minérios.


Para Vander Costa, presidente da Confederação Nacional do Transporte (CNT), a multimodalidade é chave para o crescimento do país. “O Brasil tem crescido muito e precisa ampliar os modais com investimentos públicos e privados”, disse. Ele destacou o potencial das hidrovias, que considera uma vantagem competitiva por aliarem eficiência e sustentabilidade no curto prazo.


O Porto de Santos, principal terminal de exportação do país, também entrou na pauta. Anderson Pomini, presidente da Autoridade Portuária de Santos, criticou a demora nos investimentos na região, que movimenta 180 milhões de toneladas por ano e depende quase exclusivamente da rodovia Anchieta. “Planejamento não está entre as principais qualidades do Brasil. O porto precisa de áreas para exportar e importar suas cargas”, afirmou. Ele também defendeu a expansão dos modais. “Considerando que o agro cresce 20% ao ano, o Porto de Santos precisará estar muito mais preparado daqui a 20 anos, com infraestrutura diversificada.”


Fonte: Valor Econômico
Foto: Gabriel Reis/Valor



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