Embora a maioria das proposições para a saída da crise em que estamos metidos seja ligada à política econômica, é imperioso perceber que não deixaremos a atual situação para trás sem a decisiva ajuda do avanço da tecnologia utilizada no sistema produtivo.
Isso é verdade tanto no plano microeconômico quanto no plano setorial e ainda no plano da economia em geral. A tecnologia é fundamental para explicar a maioria dos casos de sobrevivência na crise. Os exemplos aqui são milhares e começam nas novas formas de atendimento ao consumidor.
Muita gente começou a produzir alimentos e outros bens em casa e não seria bem-sucedida, além de suas habilidades e talentos, se não dominasse minimamente a utilização do WhatsApp e outras ferramentas para se comunicar, vender, cobrar e entregar ao cliente.
Isso ocorreu mesmo quando foi necessário utilizar um serviço de entregas (logística do último quilômetro), atividade que só deu um salto graças a novos softwares e modelos de negócio.
Da mesma forma, outros produtores tiveram que superar a geografia: é o caso de certos grupos sociais que vivem de artesanato e que tinham turistas como clientela, e que desapareceram após o início da pandemia. Apenas sobreviveram quando foram capazes de desenvolver vendas via internet.
Em outros empreendimentos, o que salvou o negócio foi o rápido aprendizado de realizar vendas e sua liquidação, pós-vendas e assistência técnica a distância. Entra aqui um imenso número de serviços que vai do setor automotivo à telemedicina, passando por atividades ligadas ao bem-estar das pessoas.
Naturalmente, esses sobreviventes não formam a maioria, especialmente na área dos serviços, mas tornaram possível, junto com talento, esforço e mudança técnica, não só a sobrevivência, mas, em muitos casos, a abertura de novos horizontes de crescimento, que serão preciosos quando o avanço da vacinação permitir uma volta à normalidade do convívio social.
No plano setorial vemos a mesma coisa: os segmentos que melhor têm desempenhado atravessam uma jornada de avanço técnico, como a digitalização na agropecuária, a consolidação das plataformas eletrônicas no comércio e mudanças no sistema financeiro, entre outras. Os primeiros passos na direção da industrialização da construção civil residencial vão na mesma direção.
Finalmente, observamos nos Estados Unidos, na Europa e em certos países da Ásia a busca pela “agenda do futuro”, onde despontam o desenvolvimento de carros elétricos, baterias, energia limpa, biotecnologia e engenharia médica, inteligência artificial. Infelizmente, desses caminhos que construirão o futuro estamos bastante distantes, exceto em certas áreas de energia e da biotecnologia.\
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Fonte: Valor Econômico
14/11/2024
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