A Rumo, gigante da logística que possui 13.500 quilômetros de linhas ferroviárias que ligam o centro agrícola do país aos maiores portos costeiros, começou neste ano com o dobro de contratos do que tinha um ano atrás para o transporte de commodities agrícolas, disse o CEO João Alberto Abreu, em entrevista.
Como o conflito comercial entre os Estados Unidos e a China foi amenizado, reduzindo incertezas do mercado agrícola global, as tradings estabeleceram mais contratos de transporte ferroviário com antecedência, disse o executivo. Além disso, os preços do diesel, que agregam custos ao transporte por caminhões dos concorrentes rodoviários, estão se recuperando após a pandemia do ano passado, enquanto os preços atrativos das commodities levaram os agricultores a vender mais grãos. “Temos um ambiente competitivo mais equilibrado neste ano.”
Em 2020, o desempenho da empresa foi atingido por um conjunto de fatores que reduziram em mais da metade suas margens de lucro, mesmo com o aumento de 4% no volume transportado. Um deles foi a concorrência mais acirrada vinda do corredor de exportação do Norte. As tradings reduziram os custos de embarque de soja e milho pelos portos da Região Norte após o asfaltamento total da BR-163, estrada que conecta o cinturão de grãos a esses terminais do chamado Arco Norte.
Impulsionado pela safra recorde no Brasil no ano passado, esse corredor carregou 16% mais soja em 2020 do que no ano anterior, segundo dados da Abiove.
A Rumo, controlada pela Cosan, espera transportar pelo menos 15% mais de commodities em 2021 em relação ao ano passado e aumentar o lucro operacional em pelo menos 9%, depois da queda de 4,3% em 2020, a empresa disse no início deste mês. “Esperamos que 2021 seja um ano mais favorável.”
Mesmo depois de alguns problemas climáticos, o Brasil vem colhendo uma safra recorde de soja, que será embarcada sobretudo no primeiro semestre deste ano. Para o segundo semestre, onde os line ups do porto são dominados principalmente por embarques de milho e açúcar, a perspectiva ainda é de uma produção abundante para ambas as commodities, apesar das adversidades climáticas.
O executivo disse que ainda é cedo para especular sobre o impacto do atraso histórico do plantio da segunda safra de milho, que responde por 75% da produção nacional. “Ainda temos muitos meses pela frente. Os agricultores têm tecnologia para amenizar os impactos dos atrasos ”, disse.
04/10/2024
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