Grupo carioca Superpesa prevê faturar R$ 70 milhões este ano e aumentar receita em 20% no ano que vem depois de encerrar, em julho, processo de recuperação judicial
Depois de quase seis anos em recuperação judicial, a Superpesa dá os primeiros passos para a retomada do crescimento. A carteira de projetos do grupo carioca, especializado no transporte de cargas extra pesadas, lhe permite projetar faturamento de R$ 70 milhões este ano e de cerca de R$ 85 milhões em 2021, aumento de 20% na comparação anual. O resultado ainda está longe da receita anualizada de R$ 150 milhões que a Superpesa chegou a registrar no passado, mas indica que o pior ficou para trás.
As projeções de receita do grupo se apoiam na demanda dos clientes, sobretudo nas áreas de energia elétrica e óleo e gás, para os quais a Superpesa atua como prestador de serviços. Além dos contratos firmes em andamento, companhias têm solicitado ao grupo orçamentos para executar projetos que estavam parados e para desenvolver novas iniciativas.
A Superpesa também está otimista em retomar o acesso a crédito com instituições financeiras uma vez que a recuperação judicial obrigou o grupo a operar com capital próprio. “Tivemos que nos readequar ao tamanho do faturamento, a rentabilidade caiu, mas agora estamos retomando o crescimento”, diz João Alberto Machado Alves, presidente e controlador da Superpesa. Ele é neto do empresário João Alves, fundador da empresa J. Alves Transportes que deu origem ao Grupo Superpesa.
O patriarca da família começou o negócio nos anos 1940 desenvolvendo veículos com múltiplas rodas para transitar no areal que à época era o Leblon, na zona sul do Rio. O pai de João Alberto, João Luiz Alves, já falecido, assumiu a empresa nos anos 1950, com o grupo criando uma trajetória no transporte rodoviário e nas cargas extra pesadas. A Superpesa também participou da construção de Brasília. A carga extra pesada inclui partes de fábricas e componentes de usinas de energia, como transformadores, que precisam ser transportados entre diferentes regiões do país.
O Grupo Superpesa está dividido em três áreas de atuação. O transporte intermodal de cargas extra pesadas; a parte industrial, que fabrica estruturas metálicas de grande porte usadas, em sua maioria, na exploração de petróleo no mar; e um segmento marítimo, que opera no apoio portuário e offshore. O grupo tem 483 empregados, bem abaixo dos 1,2 mil que chegou a dispor nos melhores momentos, e possui frota com 120 veículos e 500 eixos, que são carretas com múltiplas rodas intercambiáveis.
Na parte marítima, o grupo conta com oito balsas de carga pesada e duas balsas-guindaste que servem também como canteiro de obras. Com sede em Campo Grande, zona oeste do Rio, a Superpesa tem base marítima na Ilha do Governador, também no Rio, e filiais em Guarulhos (SP) e Macaé (RJ).
Das três áreas do grupo, pediram recuperação judicial as empresas ligadas aos segmentos de transporte e industrial, com dívidas concursais de R$ 164 milhões. A única empresa do grupo a não pedir proteção da justiça contra credores foi a Superpesa Marítima. O pedido de recuperação judicial foi solicitado pelas empresas do grupo em setembro de 2014 e concedido no mês seguinte. A aprovação do primeiro plano de recuperação se deu em 2015, mas se mostrou de difícil execução uma vez que não havia desconto da dívida e foi um período que coincidiu com a recessão e os efeitos da Lava-Jato sobre a Petrobras e seus fornecedores.
Em 2018, se fez um aditivo ao plano original de recuperação judicial, que foi aprovado e homologado no ano passado. Em julho deste ano, a recuperação judicial das empresas da Superpesa foi encerrada. A dívida renegociada teve desconto médio de cerca de 60%. São R$ 70 milhões que serão pagos em 20 anos e meio, com parcelas trimestrais indexadas pela TR. O plano previu 18 meses de carência. Os principais credores da recuperação eram bancos, incluindo Santander e bancos públicos (BNDES e BB), entre outros. Não havia muitos fornecedores como credores. Alves afirma que tanto clientes como fornecedores apoiaram a empresa.
Segundo ele, a dívida com os credores trabalhistas está praticamente quitada. Alves diz que a origem da crise do grupo esteve no cancelamento de contratos, detidos pela Superpesa Industrial, para construção de navios. “Ficamos com fluxo de caixa abalado e concluímos que o melhor era a pedir a recuperação judicial”, diz Alves. Amin Murad, sócio da ARM Gestão, consultor da Superpesa, tem posição sobre o que é preciso para encerrar uma recuperação judicial, como no caso do grupo carioca: “Foi fundamental aprovar plano que coubesse no fluxo de caixa da companhia. Não adianta credor pressionar por um plano mais ‘pesado’, e enforcar a companhia, que não consegue se soerguer.”
Fonte: Valor Econômico
14/05/2025
ID Logistics reduz em 40% o tempo de permanência do caminhoneiro no CD
A ID Logistics desenvolveu um sistema para acelerar parte importante do processo logístico, oferecendo mais autonomia aos motoristas na entrega e coleta de carga. Chamada “Easy Checkin”, (...)