04/10/2023

Reforma Tributária, avanço do ChatGPT e PAC do transporte chamam atenção dos Operadores Logísticos em congresso

 Reforma Tributária, avanço do ChatGPT e PAC do transporte chamam atenção dos Operadores Logísticos em congresso



Sob os holofotes do setor de logística, a Reforma Tributária deve ser aprovada até o final do ano no Senado Federal, disse Murillo Allevato, sócio do escritório Bichara Advogados, durante o VII Congresso realizado pela Associação Brasileira dos Operadores Logísticos (ABOL). O tema foi um dos destaques da programação do encontro de dois dias, realizado em Itatiba, nos dias 23 e 24 de agosto, com a presença de presidentes e dirigentes dos 32 maiores Operadores Logísticos do Brasil, além de convidados. Na ocasião, o diretor de Relações Institucionais da Confederação Nacional de Transporte (CNT), Valter de Souza, compartilhou as preocupações do setor de transporte e defendeu a proposta de que uma alíquota diferenciada para o transporte de carga seja considerada no texto em discussão, evitando aumento nos preços dos serviços de logística no país. O pleito tem o apoio da ABOL. 


Na visão de Allevato, um dos maiores propósitos da Reforma é realmente colocar todo mundo em pé de igualdade, respeitando o princípio da neutralidade, em que não haveria aumento no valor dos impostos e tributos hoje pagos pelas empresas. Ao lado do seu sócio, Bruno Toledo Checchia, Allevato tirou as dúvidas dos associados à ABOL. Ambos acreditam na aprovação nos próximos meses. "Na Câmara, eu diria que o rito é muito heterogêneo. No Senado, são menos pessoas e é mais técnico. Se espera que questões como a Zona Franca de Manaus ganhe um protagonismo maior", destacou Allevato.


O tributarista também foi indagado sobre a possibilidade de Extrema, em Minas Gerais, se transformar em um cemitério de galpões, já que o município atraiu investidores justamente por oferecer  benefícios fiscais. "A ideia é acabar com essa opção de instalar um negócio por conta de benefício tributário. O que existe é uma previsão de um Fundo de Desenvolvimento Regional, com outros atrativos", apontou o advogado. 


Em meio às discussões sobre a Reforma Tributária, outros economistas também apresentaram um panorama positivo sobre o Brasil durante o Congresso, cujo objetivo foi trazer à tona assuntos que merecem atenção especial das empresas e da ABOL, como entidade representativa do setor. "Estamos há 4 anos com a economia girando mais rápido do que os economistas poderiam projetar", garantiu o chefe do BTG Pactual, Mansueto Almeida.


Segundo ele, o Brasil mudou muito nos últimos cinco ou seis anos, conforme apontam, inclusive, agências de classificação de risco, que já melhoraram a nota do País, diante do número de reformas feitas, levando-o a um potencial maior. Entre as reformas mencionadas estão a da Previdência e a Trabalhista. "Um país com pessoas que se aposentam com 54 anos, como era até 2019, tem chance zero", mencionou Mansueto. Além disso, destacou a queda em cerca de 60% nos processos trabalhistas entre 2017 e 2022. 


"Depois a gente aprovou algo que há 8 anos era tema proibido no Brasil, a independência do Banco Central. Há ainda a mudança no marco regulatório do saneamento", disse o economista. apontou ainda os planos do Ministério dos Transportes de ter 10 concessões a partir de 2024. A medida vai gerar mais investimentos em rodovias. "Mas para isso acontecer, precisamos baixar os juros".


Ainda no primeiro dia do congresso, o CEO do Grupo Kronberg, Carlos Aldan falou sobre Liderança inspiradora em tempos de IA e desengajamento. Ele apontou sobre a importância dos gestores se conectarem empaticamente com as pessoas em todos os níveis, além de lidarem com relacionamentos interpessoais com sensibilidade e compaixão. 


O executivo também trouxe números interessantes relacionados às novas gerações e o ambiente de trabalho, como o fato de a maioria não aceitar emprego 100% presencial, concordar que os benefícios do Home Office são mais importantes que as vantagens e regalias do trabalho presencial, e sentir uma falta de conexão com seus colegas, devido ao Home Office ou híbrido. As consequências são altos índices de desengajamento, descasamento oferta e demanda de talentos, níveis aumentados de transtornos mentais, entre outros. 


PAC
Os principais dados do PAC do Transporte também foram apresentados pela Secretária Nacional de Transporte Rodoviário, Viviane Esse, que esteve no encontro representando o Ministro dos Transportes, Renan Filho. "Queremos restabelecer o diálogo com o setor produtivo, que ficou esquecido por muito tempo. As obras de engenharia contam com dois anos de estruturação e mais quatro ou cinco para execução, então estamos sempre olhando para 10 anos, por isso o planejamento é muito importante. Agradeço a ajuda de vocês, porque construir juntos é sempre melhor do que separado".


O novo Plano de Aceleração do Crescimento do Governo Federal prevê R$280 bilhões em investimentos para rodovias e ferrovias. Desse total, R$94,2 bilhões destinados aos trilhos e R$185 bilhões para as estradas. Os montantes representam participação pública e privada, atendendo um dos principais objetivos do PAC: fomentar a integração do investimento público com a verba destinada pelas empresas.


Além disso, o programa busca integrar o investimento em infraestrutura aos processos de neo-industrialização e de transição ecológica, e expandir a qualificação da infraestrutura para a competitividade e o crescimento do País, com responsabilidade fiscal.


Outros temas atuais, como o uso da Inteligência Artificial, Inovação da experiência do cliente e Armazéns do Futuro também fizeram parte dos painéis. O funcionamento do ChatGPT foi abordado pelo consultor de Ciências de Dados e professor da USP, Eduardo Hruschka. 


Segundo Hruschka, alguns riscos envolvendo o uso de ChatGPT incluem a obtenção de informações falsas e previsões erradas sendo emitidas com uma confiança convincente. Nessa falta de garantia de que o texto ou produto gerado está correto ou faz conexões atendendo a expectativa, a revisão e o julgamento do ser humano ainda é fundamental. 


"A ferramenta precisa do ser humano para ajudar a refinar o modelo. É um Papagaio turbinado, pois não cria texto do ponto de vista intelectual", garantiu o docente, que não observa uma substituição completa e efetiva das pessoas pela tecnologia. Em relação aos impactos nas profissões, ele menciona apenas a tradução por escrito, que pode ser substituída já com qualidade pelo ChatGPT. O mesmo ainda não se pode dizer para a tradução simultânea oral.


Em seguida, Claudia Vale, CEO da FLWOW, foi enfática ao falar sobre a necessidade das empresas estarem atentas às demandas dos clientes, ou seja, pensando de fora para dentro, o chamado outside-in. Nesse caso, a companhia vai até o cliente, entende o que ele precisa, traz para dentro de casa e então olha quais mudanças precisam ser feitas para ajustar os serviços oferecidos. "É o direcionamento em termos de centralidade do cliente". 


Quando se trata de automação na atividade de armazenagem, requisitos como mão de obra, retorno de investimentos, automação, agilidade e maior eficiência nos processos logísticos foram os pontos centrais. "Automação se pensa grande, começa pequeno e rápido", disse o diretor de Negócios da Geodis, Paulo Franceschini, que moderou o painel "Armazém do Futuro" ao lado do diretor de Operações da Dafiti, Alexandre Faria, o Head de Operações da viastore SYSTEMS, Emerson Lourenço, o diretor presidente da América Latina da Korber, Helcio Lenz, e o sócio-gerente da Integration, Luis Vidal.


A diretora executiva da ABOL, Marcella Cunha, deixou clara a importância do congresso para aproximar os Operadores Logísticos, colocando-os numa mesma sala para refletir e debater assuntos macro que afetam o dia a dia das empresas e também da Associação, de forma setorial. "É por meio destes momentos de reflexão e autoanálise que nós, enquanto ABOL, também conseguimos extrair o que deve ser uma prioridade, uma bandeira a ser defendida, para além dos temas e assuntos que já endereçamos", mencionou.



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