Grandes armadores do longo curso e autoridades locais acreditam que a solução das filas no Canal de Suez levará até cinco dias. Após quase uma semana para a operação de desencalhe e reflutuação do porta-contêineres Ever Given, algumas empresas optaram por desviar embarcações para rotas para Europa contornando o Cabo da Boa Esperança, percurso que dura uma semana a mais que a passagem pela principal via marítima entre a Ásia e o velho continente. O canal foi fechado devido ao encalhe do cargueiro, de 20.000 TEUs e 400 metros de comprimento, que ficou atravessado e bloqueou a hidrovia, na última terça-feira (23), criando uma fila com centenas de navios.
O Centro Nacional de Navegação Transatlântica (Centronave) informou que seus associados acompanham de perto as consequências operacionais do evento e seus desdobramentos. Para a entidade, que reúne as 19 maiores empresas de navegação de longo curso atuando no Brasil, ainda é muito difícil, neste momento, medir a extensão e duração dessa interrupção no fluxo de embarcações na rota. A avaliação é que esse tempo vai variar caso a caso, conforme os diferentes mercados e modalidades de atuação, entre as quais: contêineres, granéis, carga geral e roll-on roll-off.
O Centronave ressaltou que os transportadores marítimos trabalham para mitigar tais impactos que, no caso brasileiro, deverão existir para as cargas destinadas ao Oriente Médio, Índia, e Paquistão, além de países próximos ao Mar Vermelho, com um aumento do transit time para a sua entrega. De acordo com a associação, os armadores também estão avaliando demais alternativas possíveis, como o redirecionamento de navios para outras rotas quando necessário. “No Brasil, ainda não há previsão de blank sailings, mas poderão ocorrer reações em cadeia devido ao cenário global, afetando a programação de reposicionamento de contêineres vazios”, informou o diretor-executivo do Centronave, Claudio Loureiro de Souza.
O Centronave reiterou que as previsões divulgadas nos primeiros dias do encalhe, estimando que a desobstrução poderia durar semanas, eram 'prematuras e incompletas', especialmente no que se refere aos impactos do incidente no comércio exterior brasileiro. A associação elogiou os esforços realizados e o alto nível técnico dos trabalhos realizados na ação.
Na última segunda-feira (29), a Autoridade do Canal de Suez (SCA), informou que o cargueiro envolvido no incidente voltou a flutuar em normalidade técnica. De acordo com a SCA, as manobras necessárias para o reposicionamento da embarcação no canal, que haviam sido programadas para serem realizadas conjuntamente com a maré alta, foram bem sucedidas e permitiram a restauração total da dirigibilidade da embarcação. A navegação foi imediatamente retomada e o navio foi direcionado para a “Bitter Lakes”, a área de espera para inspeções e certificações técnicas.
A CMA CGM considerou satisfatório o plano de ação implementado pelas autoridades do Canal de Suez junto à empresa de resgate. O grupo avalia que a operação de reflutuação foi bem sucedida, com o primeiro comboio cruzando o canal e os navios que esperavam dentro do Great Bitter Lake transitaram, na noite da última segunda-feira (29). A empresa informou, na manhã desta terça-feira (30), que a embarcação CMA CGM Champs Elysees estava em trânsito e que a embarcação APL Changi deverá iniciar o trânsito esta noite. A capacidade de um comboio diário é estimada em 80 trânsitos por dia (nos dois sentidos), mas pode mudar dependendo do desenvolvimento futuro.
A CMA CGM avisou que o grupo continuará a acompanhar e informar os seus clientes sobre as ações implementadas para permitir a retomada rápida do tráfego no canal e o retorno total às condições normais de operação. A companhia acrescentou que um plano de ação de recuperação será implementado e retransmitido aos clientes assim que os navios retomarem a passagem normal.
A MSC destacou que resolver o acúmulo de navios no canal é um processo complexo que levará alguns dias para ser normalizado, porém considerou importante que os comboios começaram a se mover em direção a seus destinos. Ao menos 15 navios operados pela empresa, ou junto a armadores consorciados, foram redirecionados ao Cabo da Boa Esperança. “Estamos fazendo o nosso melhor para gerenciar a entrega das cargas da melhor maneira possível. A expectativa é que o incidente resulte em uma restrição de capacidade, adicionando pressão contínua sobre as redes de navegação e portuária no segundo trimestre deste ano”, avaliou a empresa.
13/09/2024
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