21/05/2021

Na crise, aeronaves viram cargueiros

 Na crise, aeronaves viram cargueiros


O transporte de carga está sendo fundamental para trazer sustentação aos negócios das companhias aéreas na pandemia. Além de se recuperar mais rápido, o setor de carga sofreu menos na crise do que o transporte de passageiros. De olho em um mercado amparado sobretudo pelo comércio eletrônico, empresas como Azul e Latam ampliam a conversão de aeronaves convencionais em cargueiros e investem em terminais.

Segundo da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o transporte de carga em abril totalizou 28,8 mil toneladas, um aumento de 135,6% sobre o mesmo mês de 2020, auge da paralisação nas operações do setor aéreo em decorrência da pandemia.Ainda há queda na comparação com abril de 2019, quando a covid-19 não era um problema, mas a retração é muito menor do que a registrada no transporte de passageiros. Cerca de 2,6 milhões de pessoas viajaram de avião no mês passado, um recuo de 64% sobre igual período de 2019.

O cenário colaborou para a Azul intensificar investimentos. O grupo aporta agora R$ 1,5 milhão no seu terminal de carga no aeroporto de Campinas (SP) e no ano passado investiu outros R$ 2 milhões na estrutura, disse a diretora da Azul Cargo, Izabel Reis.

Antes da pandemia a divisão representava cerca de 5% da receita da Azul, nos picos da crise atingiu 40% e hoje está na casa de 15%. Em conferência com jornalistas ontem, a executiva defendeu que o crescimento do setor, impulsionado pelo comércio eletrônico, veio para ficar. “O e-commerce representa quase que 25% a 28% dos produtos variáveis que a gente transporta”, afirmou. A Azul estima dobrar suas receitas de cargas em 2021 comparado ao registrado em 2019, totalizando aproximadamente R$ 1 bilhão.

Hoje, a Azul tem dois Boeing 737-400F em sua frota e, segundo a executiva, há estudos para trocar esses modelos pelo Airbus A321F. A ideia é usar o modelo em rotas para Argentina e Chile e, no futuro, estudar o trecho Manaus-Miami, que era feito pela Avianca.

O grupo tem ainda outros cinco aviões ATR que levam passageiros e podem ser transformados em cargueiros, além das barrigas das aeronaves em voos comerciais. A Azul está em processo de transformar em cargueiro quatro Embraer E1. Hoje, eles tiveram parte dos assentos retirados para comportar carga.“A partir de outubro a gente tem configuração totalmente sem os bancos. Começamos com dois”, disse Izabel. Com a mudança, a capacidade de transporte da aeronave sobe de 7 toneladas para algo perto de 12 toneladas.

Nesta semana, o grupo Latam anunciou a expansão do seu plano de crescimento de frota convertida em cargueiros, com a expectativa agora de incorporar de forma gradativa 10 aeronaves 767-300 Boeing Converted Freighters nos próximos três anos -- antes, o número era de oito. A ideia é chegar em 2023 com frota de 21 Boeing 767 cargueiros. Segundo a empresa, o primeiro avião será recebido no fim deste ano.

O grupo é líder no transporte de carga aérea no Brasil e respondeu, nos últimos 12 meses até abril, por 38% do volume transportado (considerando Latam e a Absa). Azul aparece logo depois, com 32,6%, seguida pela Sideral com 11,9% e a Gol, com 8,9%.

Otavio Meneguette, diretor da Latam Cargo Brasil, disse que a demanda segue aquecida em meio à pandemia, e nesse primeiro trimestre de 2021 o grupo registrou crescimento de 36,8% nas receitas com transporte de cargas em comparação com o mesmo período de 2020.

A Anac até liberou temporariamente o transporte de carga sobre os assentos dos aviões -- quando não estão transportando pessoas. A medida tem o objetivo de colaborar com as aéreas no momento de pandemia e facilitar o transporte de equipamentos médicos. O modelo tem sido bastante usado pela Azul e Latam no Brasil. Estima-se que o transporte de cargas na cabine de passageiros pode elevar em até 50% a capacidade, a depender do modelo.

Já a Gol usa os compartimentos na barriga das aeronaves para o transporte de cargas via a GOLLOG. Na frota, a empresa tem os modelos Boeing 737- 700, 737-800 e 737-800 MAX. A empresa não possui aviões cargueiros. A estimativa da empresa é que, com a chegada dos modelos Max na frota, dentro do plano de renovação, o grupo consiga melhorar a eficiência dos voos e reduzir custos - o MAX consome cerca de 15% menos combustível do que o modelo NG. Na Gol, a receita de passageiros no primeiro trimestre caiu 51,8% na comparação com 2020, ao passo que a de carga recuou 26,7%.

O aquecimento do setor não é uma exclusividade do Brasil. Segundo a Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata), o transporte de carga deve apresentar crescimento na demanda (medida em toneladas de carga por quilômetro, ou CTK) de 13,1% em 2021 na comparação com 2020, sobretudo com a força do comércio eletrônico.

De acordo com a associação, o setor de carga representava entre 10% e 15% das receitas das aéreas antes da crise. Em 2020, a fatia subiu para 35%. A estimativa é de uma leve normalização este ano, com uma participação de 30%.

Fonte: Valor Econômico

Notícias Relacionadas
 Veículos autônomos devem movimentar US$ 45 bilhões no transporte de cargas até 2034

18/07/2025

Veículos autônomos devem movimentar US$ 45 bilhões no transporte de cargas até 2034

O uso de veículos autônomos no transporte de cargas deve ganhar escala nos próximos anos. Segundo a consultoria Precedence Research, o mercado global de entregas autônomas na etapa last (...)

Leia mais
 BBM aposta em ganhos de agregados para avançar crescimento, reduzindo custos

16/07/2025

BBM aposta em ganhos de agregados para avançar crescimento, reduzindo custos

A BBM Logística, um dos maiores operadores logísticos do Brasil, decidiu apostar na expansão do número de motoristas agregados, com aumento incentivado de seus ganhos, para ampliar prese (...)

Leia mais
 Entidade aciona Justiça para tirar privilégio dos Correios no governo Lula

15/07/2025

Entidade aciona Justiça para tirar privilégio dos Correios no governo Lula

A Associação Brasileira de Operadores Logísticos (Abol) acionou a Justiça recentemente pedindo a suspensão de um decreto do presidente Lula, de 2024, que dá “preferência” à contratação d (...)

Leia mais

© 2025 ABOL - Associação Brasileira de Operadores Logísticos. CNPJ 17.298.060/0001-35

Desenvolvido por: KBR TEC

|

Comunicação: Conteúdo Empresarial

Este site usa cookies e dados pessoais de acordo com os nossos Termos de Uso e Política de Privacidade e, ao continuar navegando neste site, você declara estar ciente dessas condições.