08/03/2021

Mulheres lutam por igualdade no setor portuário

 Mulheres lutam por igualdade no setor portuário


Mais do que uma comemoração, o Dia Internacional da Mulher, celebrado amanhã, exige reflexão sobre a participação da mulher no mercado de trabalho portuário. Para a vice-presidente da Wista Brasil (Associação Internacional de Transporte e Comércio Feminino, na sigla em inglês), Luciana Guerise, a data também deve marcar a busca pela equidade no setor, já que os números mostram que, nesta luta,

ainda há muito caminho a ser percorrido. 

“O problema começa já na contratação. Às vezes, como aponta a consultoria, o próprio recrutador não está acostumado ou tem vieses inconscientes de preconceito. Em cargos de decisão, de diretoria, por exemplo, a desigualdade é muito grande, 80% são homens e só 20% são mulheres”, aponta Guerise. Ela também é diretora executiva da Associação de Terminais Portuários Privados (ATP). E destaca outro índice preocupante. No Brasil, nas entidades que representam empresas do setor, há apenas três mulheres em atuação nos conselhos de administração.

Por outro lado, há exemplos bem-sucedidos em que mulheres atuam em cargos de gestão. Segundo Guerise, na Empresa Maranhense de Administração Portuária (Emap), 65% dos cargos de planejamento são ocupados por mulheres. Já no porto de Auckland, na Nova Zelândia, houve um aumento de 14% na produtividade desde quando foi implantada a política de igualdade de gênero. Isso pode ser explicado pelo fato de que as mulheres, além de terem maior qualificação profissional, lidam melhor com as evoluções tecnológicas.

Segundo a vice-presidente da Wista Brasil, não há dados sobre a participação das mulheres nos setores portuário e de navegação. Por isso, recentemente, a entidade pediu a inclusão dessas informações nas estatísticas Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq). “A ideia é inserir no IDA (Índice de Desempenho Ambiental) para sabermos a quantidade de mulheres e de homens, as qualificações, os cargos que ocupam, quem são e onde estão. Assim, teremos uma fonte própria do setor para ver a evolução da equidade”, afirma a executiva.

Enfrentamento elegante

Para alcançar a equidade de gênero no mercado de trabalho portuário é preciso um enfrentamento elegante, com senso crítico, envolvendo e conscientizando os homens. “Os avanços não podem ser conquistados apenas pelo atendimento de exigências ou por lucratividade. É preciso alcançar um engajamento, saber mostrar para sociedade que é uma questão de direitos humanos”,afirma a executiva. Ainda de acordo com Guerise, os sinais de desrespeito às mulheres são muitos no mercado de trabalho. A apropriação de falas, a segregação e a sub representação estão

entre eles.

“Esse dia não se comemora com flores e, sim, com reflexão. É preciso pensar em mulheres atuando nas políticas públicas, na navegação, na gestão em todos os outros dias e não apenas em um dia só”, afirma. Também é importante pensar nas mulheres que ainda pertencem a outras minorias, como as pretas, nordestinas ou que têm origem pobre. Nesse caso, a representatividade e as chances de alcançarem uma boa colocação no mercado de trabalho são ainda menores.

Participação feminina cresce 85%

Em oito anos, a DP World Santos ampliou em 85% a presença de mulheres. Hoje, o terminal privado contabiliza 176 trabalhadoras em seu quadro de funcionários. Quando a instalação portuária foi construída, no ano de 2013, eram apenas 95. As mulheres estão em quase todos os departamentos da empresa, desde os administrativos, como Financeiro, Jurídico, Comercial, Meio Ambiente, até os operacionais, onde atuam mais de 100 portuárias em espaços antes preenchidos majoritariamente por homens. Elas são líderes de armazéns, operadoras de Carretas, operadoras de empilhadeiras de pequeno e grande porte, operadoras de RTG (guindaste utilizado para empilhar contêineres), vistoriadoras, conferente de cargas, técnicas de segurança do trabalho e, inclusive, operadoras de ponte rolante.

Aumentar a presença de mulheres é um compromisso, assim como desenvolvê-las para assumirem cargos de liderança. “O que antes era incomum, hoje virou a nossa meta. Sabemos que muito ainda precisa ser feito, mas o Grupo DP World tem como uma das premissas de sustentabilidade a valorização e o empoderamento da mulher no mercado de trabalho. Estamos trabalhando nessa agenda, pois entendemos que a mulher tem muito a oferecer e merece ser protagonista no setor pela sua competência e pela sua qualificação”, explica o diretor de pessoas do terminal, Lenilton Jordão.

A gerente de Saúde, Segurança e Meio Ambiente da DPW, Beatriz Alicia Cabella, chegou à empresa no ano passado. Natural da Argentina, em 1999, ela recebeu um convite para trabalhar no Terminales Río de la Plata (TRP), como parte de um programa destinado a mulheres jovens e com filhos pequenos.

“Naquela época, era muito difícil encontrar uma mulher no ambiente portuário. Éramos apenas nove mulheres dentro do terminal. Conhecer a área do porto foi uma experiência maravilhosa. Foi onde descobri o que eu gostava de fazer”,afirma.

Após vários cargos, hoje, Beatriz coordena uma equipe de 20 pessoas entre os departamentos de Saúde, Segurança do Trabalho e Meio Ambiente.

Operacional

As mulheres também estão em funções operacionais na DPW. Uma delas é a

motorista de caminhão Janaina Aparecida Nascimento dos Santos. “Eu sempre quis trabalhar no Porto, e como adorei aprender a dirigir, encontrei na profissão de motorista o caminho perfeito para isso”. Dois anos depois de tirar a habilitação B, Janaina mudou de categoria e continuou avançando até chegar à do tipo E, que concede permissão para dirigir veículos grandes, como os caminhões, os ônibus.

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