O Ministério da Infraestrutura (MInfra) autorizou a Rumo e a VLI a construírem ferrovias no trecho que compreende Água Boa e Lucas do Rio Verde, em Mato Grosso. A autorização para exploração indireta foi dada inicialmente para a VLI, que entrou com pedido primeiro, mas logo depois foi concedida à Rumo. As autorizações foram concedidas no último dia de 2021.
Ao conceder as autorizações, o MInfra afirma que as duas empresas atendem ao disposto em lei e que as elas terão que encontrar uma solução de mercado, cabendo a cada empresa fazer seus estudos para implantação das ferrovias. Especialistas no assunto, entretanto, afirmam que a obra só deva começar após uma solução por parte do Governo Federal.
O secretário de Desenvolvimento Econômico de Cuiabá, Francisco Vuolo, um dos estudiosos sobre ferrovias em Mato Grosso, afirma que da forma como está agora, a medida mais se assemelha a uma manifestação de interesse. Outro fator que deve atrasar ainda mais o início da construção é a falta de ligação desses dois municípios por linhas férreas.
"Vai ter que ser definido lá na frente critérios, seja para A ou para B, para poder construir e explorar. Não tem muita lógica ter duas ferrovias em paralelo, não existe um volume de cargas que justifique isso, até porque essa ferrovia vai chegar até Água Boa e lá vai ter outra concessionária que vai operar de Água Boa até Mara Rosa (GO), que chega à Ferrovia Norte Sul", afirma.
A viabilidade da ferrovia entre Água Boa e Lucas depende da chegada dos trilhos da Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (Fico), que sai de Mara Rosa, em Goiás, e está sendo construída pela mineradora Vale.
"O governo, em um segundo momento, vai ter que sentar à mesa para definir critérios, baixar portarias específicas para fazer essa concorrência entre aqueles que têm interesse de fazer essa exploração. Da forma como está, teria duas ferrovias, uma paralela a outra, ou traçado diferente para chegar no mesmo local, está um pouco confuso esse processo", completa Vuolo.
Ainda de acordo com Vuolo, o Brasil e principalmente Mato Grosso está entrando em uma nova fase de desenvolvimento econômico, com interesse de várias empresas em construírem ferrovias para atender a demanda logística do agronegócio. As políticas nesse setor, entretanto, ainda precisam ser amadurecidas para evitar situações semelhantes.
"Mato Grosso não precisa de uma ferrovia, precisa de uma malha ferroviária. Mato Grosso, pelas dimensões e produção que tem, precisa de uma malha, ferrovia de Norte a Sul, Leste a Oeste. E esses desenhos de traçados e outros que virão, não só esses, com certeza vão colocar MT num cenário de competitividade extremamente favorável", comenta.
O trecho entre Água Boa e Lucas é o mais cobiçado em Mato Grosso, mas outros também têm interesse de empresas para a construção. Um deles, o mais longo, fica entre Sinop e Miritituba, no Pará, onde a produção pode escoar por embarcações. Esse trecho foi solicitado pela Zion Real Estate LTDA.
A Rumo também solicitou alguns trechos pequenos que ligam municípios fortes na produção de grãos. Detre eles estão Nova Mutum a Campo Novo dos Parecis, Santa Rita do Trivelato a Ribeirão Cascalheira e de Ribeirão Cascalheira (MT) a Figueirópolis, no Tocantins.
Fonte: Agência Infra
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