_De olho em modelo chinês, companhia acelera aquisições para criar um ecossistema de serviços_
O Magazine Luiza quer criar um “ecossistema digital” de serviços financeiros, logística e tecnologia para as suas próprias marcas e para lojistas que vendem em seu “marketplace” (shopping virtual).
A empresa está juntando peças de um quebra-cabeças para montar essa estrutura, formada por novos negócios, parte deles comprados, que estão sendo “acoplados” a esse ecossistema, disse ontem o presidente Frederico Trajano, em live promovida pelo Valor. É próximo do que tem sido feito por plataformas digitais na China.
Serviços como entrega de produtos, financiamento a lojistas, e propaganda no site são comercializados numa mesma plataforma. Parte disso já é oferecido pelo Magazine.
O maior desafio nesse processo é montar um sistema único que atenda não só a própria varejista, mas de forma igualmente eficiente os vendedores terceiros - lojistas hospedados no site. Companhias como B2W e Mercado Livre, guardadas as devidas diferenças, também tentam montar plataformas de serviços, numa competição que tende a se acelerar no país.
Pouco antes de participar da “live”, o grupo anunciou uma nova aquisição, da startup Stoq Tecnologia, especializada em soluções para pequenos varejistas que vendem on-line. A empresa não revelou valor da transação. É a quarta aquisição do grupo em 20 dias.
“Não podemos detalhar o que estamos olhando, mas buscamos negócios que estejam dentro dos nossos cinco pilares estratégicos. Quem vai digitalizar o país não serão os governos, não foi George Bush ou o Barack Obama que digitalizaram os Estados Unidos ou o Xi Jiping que digitalizou a China. Foram Larry Page, o Sergey Brin \ambos fundadores do Google] e o Jack Ma \[CEO do Alibaba]. Aqui não vai ser diferente e nós não queremos ver a banda passar”.
Esses cinco pilares que ele menciona são crescimento por meio do marketplace, entrar em novas categorias de produtos, avançar no ‘superapp’ (aplicativos com vários serviços), ter uma entrega mais rápida e ser uma fornecedora de serviços. Trajano afirma que o varejo on-line no Brasil deve passar de 5% do total das vendas para mais de 10%, podendo alcançar patamares de 20% a 30% como na China.
O avanço do digital no país tem levado a um aumento do interesse de investidores pessoa física nesse mercado na bolsa, especialmente por varejistas digitais. E esse movimento tem exigido das empresas avanços em termos de governança e transparência, diz ele. Fundos de investimento também tem cobrado das empresas posicionamento mais responsável em termos sociais e ambientais. Nesse cenário, varejistas com parceiros lojistas (“sellers”) que sonegam estão na contramão desse movimento, diz.
“Hoje as plataformas estão digitalizando o sonegador. Tivemos uma série de evoluções no combate à sonegação de impostos no varejo. Mas tudo que ganhamos no analógico ainda podemos perder no digital.” Ele diz que a internet é vista por alguns como “terra de ninguém”, com alguns marketplaces funcionando como “verdadeiros camelódromos”, em que boa parte das vendas é feita sem nota.
“É concorrência desleal. E num país que precisa aumentar receita fiscal. Com crescimento do comércio on-line e do marketplace há uma evasão fiscal enorme de recursos que municípios, estados e governo federal não podem se dar ao luxo de perder.”
Sobre o desempenho da empresa nos últimos meses, ele afirmou que a venda on-line segue com altas taxas de crescimento e as lojas físicas voltaram fortes após as medidas anticíclicas do governo, especificamente o auxílio emergencial. Segundo o executivo, esse cenário faz com que haja otimismo para o segundo semestre, mas o ambiente macroeconômico pode ser mais difícil em 2021, devido à necessidade de aprovação de reformas e do risco fiscal.
“Meu otimismo se restringe ao semestre do ponto de vista da economia. Com o Magalu, não. Temos uma agenda microeconômica e acho que ganhamos ‘share’, então me mantenho bastante otimista com a companhia independente da questão macro.” Trajano defendeu o auxílio emergencial e disse que ele deve ser mantido temporariamente, mas alertou que isso tem que ocorrer paralelo a uma reforma administrativa, tributária e de uma agenda de privatizações.
Na semana passada, a empresa publicou números do segundo trimestre, com alta de 29% na receita líquida, puxada pelas vendas pela internet e a reabertura gradual das lojas físicas. As vendas totais do varejo aumentaram 49,1%, reflexo do crescimento de 182% no comércio eletrônico.
Fonte: [Valor Econômico
04/10/2024
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