09/12/2020

Governadores veem risco em início de vacinação em um só Estado e pedem plano nacional

 Governadores veem risco em início de vacinação em um só Estado e pedem plano nacional


Uma comitiva de governadores deslocou-se a Brasília nesta terça-feira para pedir ao governo que haja um plano nacional de vacinação contra o coronavírus. O encontro ocorreu por volta do meio-dia no Palácio do Planalto e tinha como anfitrião o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, e a secretária de Assuntos Federativos da Secretaria de Governo (Segov), Deborah Arôxa.

Nenhum ministro palaciano participava, tampouco o presidente Jair Bolsonaro. Ao menos cinco governadores vieram presencialmente: Wellington Dias (Piauí), Fátima Bezerra (Rio Grande do Norte), Paulo Câmara (Pernambuco), Gladson Cameli (Acre) e Ronaldo Caiado (Goiás). Os demais participariam em sua maior parte de forma virtual.

O encontro ocorre no dia seguinte ao anúncio pelo governador de São Paulo, João Doria (PSDB), do início da vacinação no Estado para o dia 25 de janeiro. O governo paulista tem uma parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac para a produção de uma vacina que está na fase final de testes. \

Há entre governadores e técnicos da Saúde o temor de que a briga política entre o presidente Jair Bolsonaro e o tucano afete o calendário de vacinação.

"Se um Estado começar isoladamente a fazer a vacinação, o Brasil inteiro vai correr pra lá. Vai ter uma situação gravíssima", disse Wellington Dias, coordenador da área de Saúde do Fórum dos Governadores. "Tem que se pensar em um plano nacional. Claro que o estado pode se organizar, da forma como quiser." \

Dias afirmou que os governadores levaram três demandas principais ao Planalto: não ter restrição a qualquer vacina, garantir a compra e a distribuição gratuita dos imunizantes e o estabelecimento de um cronograma para a vacinação. \

"A posição dos governadores do Brasil é muito clara: o que queremos? Primeiro, colocar a vida em primeiro lugar, salvar vidas em primeiro lugar. E nisso aqui cabe a união de todos. Todas as vacinas, não ter restrição a nenhuma vacina. A vacina está autorizada, segura, tem eficiência, essa é a vacina boa para os brasileiros", afirmou Wellington Dias. "Segundo, no plano nacional de imunização, comprada com o dinheiro do povo brasileiro, todo o Brasil para a distribuição gratuita. Terceiro, garantir um cronograma."

Segundo ele, cada mês completo de vacinação "são 20 mil vidas que a gente deixa de perder". \

"Hoje nós estamos perdendo a guerra para o coronavírus. O Brasil tem que ganhar a guerra. E a saída agora é a vacina. O que nós queremos é que o Congresso Nacional aprove os recursos necessários para a vacina e um plano estratégico", afirmou. "Se a gente acertar o passo, comprar agora em dezembro e começar em janeiro, é possível até abril a gente vacinar os brasileiros e brasileiras. É possível sair da pandemia e sair também da crise econômica." \

Para Wellington Dias, o ideal é que todos os laboratórios do país possam produzir a vacina, "para que possamos o mais rapidamente possível sair da crise". \

Fátima Bezerra, por sua vez, afirmou ao chegar ao Palácio ter a expectativa de sair da reunião "com definições concretas, com calendário, com vacinas seguras suficientes para iniciar o mais rápido possível o processo de vacinação". \

Ela afirmou ainda que já tem feito contato com o governo paulista para a compra da Coronavac. "O Rio Grande Norte tem envidado todos os esforços para garantir a vacinação para todo o Rio Grande do Norte", afirmou. "Nesse sentido, sim, mantive contato com o governador João Doria e com o senhor Dimas Covas, do Instituto Butantan, para a aquisição da vacina Coronavac."

O governador do Acre, Gladson Cameli (PP), disse nesta terça-feira que o povo "não aguenta esperar" por uma vacina e pediu o fim da "disputa" em torno do imunizante. "A expectativa é que nós possamos ter uma ideia de como vai ser esse processo. Apoiar o governo federal na logística, ver o que o Estado pode fazer. E que a gente possa o quanto antes dar uma resposta ao povo brasileiro e do nosso Estado", afirmou. "O que eu não quero é que fique uma disputa. O povo não aguenta esperar, não pode esperar, e eu não vou entrar nessa."

Ele disse já ter pedido autorização à Assembleia Legislativa do Estado para adquirir a vacina, de outros Estados ou países, desde que o imunizante esteja autorizado pela Anvisa. E afirmou que fará isso mesmo que o calendário nacional não preveja o início da vacinação.

O governador disse que irá amanhã a São Paulo para visitar o Butantan, que está testando em fase final uma vacina em parceria com a chinesa Sinovac.

"Eu vou amanhã, farei uma visita ao Butantan, para saber qual é o plano deles. Não é uma questão de quem é o fabricante. A Anvisa autorizou, nós vamos, sim, comprar, para que a gente consiga amenizar a situação o mais rápido possível", afirmou.

Diante da previsão do Ministério da Saúde do início da vacinação em março, ele disse que isso é injustificável por conta do fato de que os países europeus já começaram esse processo.

"Se os países europeus já começaram agora, esperar até março não tem justificativa. Eu já estou vendo plano B e C para que, caso necessário necessite comprar, se tiver que comprar e eu tiver quem venda, eu consiga fazer todo esse processo, eu irei fazer", afirmou. "Eu não vou deixar a população do meu Estado tendo as condições de eu poder aderir a qualquer vacina que possa realmente proteger esperando um dia a mais um dia a menos."

Fonte: Valor Econômico

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