24/08/2020

Exportações atenuam efeitos da pandemia no balanço trimestral

 Exportações atenuam efeitos da pandemia no balanço trimestral



_Bom desempenho de frigoríficos e Vale compensam queda de receita no mercado interno_

Esperado como o pior trimestre em anos, o período de abril a junho veio com resultados melhores do que o mercado estimava, não só pelas baixas expectativas, mas, também, pelo desempenho forte das exportadoras, em especial dos frigoríficos.

Levantamento feito pelo Valor Data com as demonstrações financeiras divulgadas por 231 companhias de capital aberto mostra que a receita líquida ficou praticamente estável, com recuo de apenas 1,8% ante o segundo trimestre de 2019. O lucro operacional da amostra cai 29%. Os dados não incluem empresas financeiras.

Para se ter uma ideia do efeito exportação, se não fossem considerados os números dessas empresas, a receita cairia 10% e o lucro operacional consolidado recuaria quase 50%. No segundo trimestre de 2015, com o país em recessão e prestes a perder o selo de bom pagador, a receita de 246 companhias cresceu 9% - também sustentado pela disparada do dólar.

A JBS lucrou 55% a mais na comparação com o segundo trimestre de 2019, impulsionada pelo dólar acima de R$ 5 e uma demanda consistente. Com uma receita R$ 16,7 bilhões maior, a empresa desbancou a Petrobras do topo do ranking pela primeira vez. A estatal, que já vinha num processo de desinvestimentos, foi atingida em cheio pela queda do consumo e dos preços de petróleo com a pandemia.

Na mesma toada da JBS, a Marfrig veio com desempenho recorde e entrou para o grupo das cinco maiores companhias de capital aberto por faturamento.

“Os resultados surpreenderam positivamente, mas a JBS e a Marfrig vieram muito fortes, distorcendo os números consolidados. Quando você exclui as duas, nossas estimativas ainda são superadas, mas por bem menos”, diz o chefe de pesquisa de ações para América Latina do BTG Pactual, Carlos Sequeira. O banco diz que 41% dos resultados das empresas de seu portfólio foram positivos, 39% ficaram em linha e 20%, negativos.

De forma geral, as empresas com maior exposição ao mercado externo se beneficiaram da desvalorização do real ante o dólar e da recuperação dos preços de algumas commodities. A cotação do minério de ferro acumula alta de cerca de 40% no ano, o que tirou a mineradora Vale de prejuízo para lucro de R\$ 5, 29 bilhões.

Não foi só o câmbio que favoreceu o setor de commodities. “A China saiu antes da pandemia e intensificou a demanda com mais investimentos em infraestrutura, por exemplo”, avalia o estrategista-chefe da XP, Fernando Ferreira. Além disso, vários indicadores econômicos na Europa demonstraram uma recuperação mais rápida, o que também não era consenso no mercado.

Assim como o BTG Pactual, a corretora também considerou que as companhias brasileiras se saíram melhor do que era esperado: 54% das empresas do Ibovespa tiveram resultados acima do esperado, 24% ficaram dentro do esperado e 22%, abaixo.“Não quer dizer que as empresas reportaram bons resultados, mas o mercado tinha se ajustado para um cenário pior”, diz Ferreira.

Das 231 companhias do levantamento do Valor Data, 58%, ou 134, tiveram perda de receita. Voltaram ao prejuízo, aumentaram prejuízo ou diminuíram lucro 54% delas, ou 124.

O terceiro e o quarto trimestre já estão com estimativas ligeiramente melhores. A XP revisou o preço-alvo do Ibovespa, de 112 mil para 115 mil pontos ao fim deste ano. “O formato dessa recuperação no segundo semestre pode dar base para que os analistas revisem para cima suas estimativas de lucro. Os próximos meses vão ser relevantes para entender como vai ser essa recuperação”, diz Ferreira.

Para Sequeira, do BTG, a retomada contínua das atividades econômicas e a manutenção dos benefícios dados pelo governo federal, como o auxílio de R\$ 600, deverão ser catalisadores para o segundo semestre.

Na divulgação dos resultados, grande parte das empresas mostrou resultados mês a mês e antecipou dados de julho, em que havia recuperação (ver a reportagem Julho foi o mês da retomada, dizem executivos). Mas o bom desempenho das companhias listadas na bolsa não é capaz de representar integralmente a atividade econômica do país. Levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou que 522 mil empresas não sobreviveram à crise.

À frente da área de estratégia de ações para Brasil e América Latina do Santander, Daniel Gewehr diz que resta agora observar a corrida pela vacina e como será a transição para os setores que sofreram mais. Para ele, os resultados surpreendentes da temporada servem para mostrar que a bolsa não é a economia. Na média, a economia só se recupera em 2022 ou 2023, enquanto o resultado das empresas pode voltar ao patamar de 2019 já em 2021, pelo consenso de mercado. “Ainda assim, vemos algum risco de ser mais lento. A bolsa pode ser ajudada pelos preços das commodities, já que 32% do Ibovespa são exportadoras, mas o grande dilema é a economia doméstica.”

Fonte: Valor Econômico

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