01/09/2022

Em meio à instabilidade de um ano eleitoral, Operadores Logísticos vivem a gestão do pós-pandemia

 Em meio à instabilidade de um ano eleitoral, Operadores Logísticos vivem a gestão do pós-pandemia



O ano é eleitoral e a política está no centro das discussões. Se não bastasse a instabilidade gerada por este cenário, ainda é preciso lidar com as mudanças oriundas do período pandêmico. Quando se fala de logística, a transformação é evidente. É preciso aproveitar o avanço do e-commerce, lidar com o formato híbrido de trabalho, investir em tecnologia e encontrar a melhor maneira de gerir o novo momento. Tudo isso sem tirar os olhos dos candidatos à presidência.


Fica claro que não é fácil dar conta de tudo isso sozinho. Não é à toa que a Associação Brasileira dos Operadores Logísticos (ABOL) aproveitou o seu primeiro congresso presencial, após o isolamento determinado pela Covid-19, para tentar tornar mais leve essa nova realidade. Nos últimos dias 17 e 18 de agosto, as 31 empresas filiadas à entidade aprenderam um pouco mais sobre como se posicionar em um mundo onde as questões geopolíticas talvez sejam hoje a maior prioridade das empresas.


Realizado no Hotel Villa Rossa, em São Roque, o VI Congresso da ABOL teve mais de 12 horas de imersão política, econômica, social, corporativa e, sobretudo, de troca de experiências. Logo no início, a apresentadora, youtuber e advogada Gabriela Prioli analisou a campanha eleitoral mais polarizada de todos os tempos.


Gabriela enfatizou a importância de olhar para a política com mais distanciamento crítico, destacando a necessidade dos eleitores avaliarem os candidatos conforme as perspectivas de serviço, resultados obtidos e propostas. "Não elegemos quem é mais parecido com a gente ou gostamos mais. Acabamos tendo uma posição muito afetiva e desconsideramos o lugar de servidores públicos".


Em relação à campanha de Jair Bolsonaro e Lula, a apresentadora observou que o atual presidente terá o desafio de prestar contas sobre os impactos gerados no País diante da sua gestão da pandemia. Já Lula precisará se posicionar sobre corrupção, após ficar mais de 500 dias preso. Sobre o controle do discurso no ambiente digital, ela afirmou que "As redes viveram um período aparentemente melhor para a democracia. Depois, conhecemos o seu potencial destrutivo. Precisamos nos atentar em como se tornar voz para aqueles que precisam nos ouvir, esse é o ponto principal”.


O CEO da Arko, Murillo Aragão, também convidado para analisar a conjuntura política, se concentrou na consolidação da polarização e foi incisivo ao afirmar: "A terceira via está na UTI". Ao mesmo tempo, refletiu que as eleições estão sempre nas mãos do imponderável. "Quem errar menos vai ganhar. Vejo Bolsonaro cometendo menos erros do que Lula, pois são erros já digeridos pelo eleitorado dele e não avariam o seu desempenho. O Lula, que pode trazer mais votos do centro e consolidar a liderança, demora para fazer esse movimento”, analisou.


Para Aragão, mesmo com toda a instabilidade, até o pior cenário é previsível. "No mercado financeiro, os bancos, clientes da Arko, 90% têm consciência de que o presidente será menos poderoso do que foi Lula, porque o controle do consenso está no Congresso e não do Executivo. Se for mantido o Auxílio Emergencial, o Brasil e a economia vão apresentar um desempenho melhor e a logística vai estar bombando. Os desafios e as deficiências do setor vão aparecer e exigir diálogo".


Infraestrutura
Se forem mantidas as previsões do ministro da Infraestrutura, Marcelo Sampaio, a logística e a infraestrutura do País tendem, realmente, apenas a crescer. O chefe da pasta falou sobre projetos, concessões e obras em andamento. "Em 2022 teremos mais de 35 ativos leiloados. Fecharemos o ano com R$200 bilhões contratados", destacou. Os números incluem leilões de portos, como de Itajaí (SC), São Sebastião (SP) e Santos, e aeroportos.


"O futuro é de muita expectativa. Estamos trabalhando para atender a demanda do agro, do setor industrial, de passageiros. É um efeito cascata, que vai trazer grandes retornos ao País", disse, lembrando da importância da aviação para o setor. "É ela que integra o Brasil. Seguimos investindo muito na aviação regional. São R$ 1,3 bi em aeroportos de pequeno porte do País".


Em meio ao otimismo de Sampaio, o economista e especialista em criptomoedas, Fernando Ulrich, fez um alerta sobre a nova matriz econômica global em um painel com impacto direto na cadeia de suprimentos, duramente impactada pela pandemia e, em seguida, pela guerra da Ucrânia. "Se um País fechar a porta, como fazemos? Imagina o insumo essencial, que não consegue ser fornecido e as empresas precisam parar de produzir?! A garantia de fornecimento é hoje uma prioridade maior do que preço e qualidade", disse o especialista, reforçando a necessidade de as empresas se prepararem para esse mundo geopolítico, que parece ter um barril de pólvora surgindo a cada semana.


No que refere à constante alta do diesel, Ulrich defendeu a estabilidade cambial, pois a volatilidade e a depreciação causam instabilidade na economia e no preço do combustível. "Temos que perseguir também uma política de desestatização no setor, pois hoje não temos livre concorrência com a Petrobras".


ESG e E-commerce
A sigla ESG e a consolidação do ecommerce também fizeram parte dos debates. "Falar de ESG é tratar de uma forma eficiente de gerir os recursos", destacou a CEO da Resultante, Maria Eugênia, que abordou a atração dos investimentos e recursos financeiros gerados pelo ESG, como, por exemplo, financiamentos para renovação da frota e construção de galpões logísticos com técnicas sustentáveis.


"Tem dois aspectos fundamentais, que ligam ESG ao desempenho financeiro. A empresa que olha de forma estratégica para o futuro, gerindo os seus riscos, está preservando o valor da companhia no tempo", disse Maria. O painel também teve a presença virtual do Presidente do Conselho da Arcos Dourados, Woods Staton.


Quando o assunto foi ecommerce, o professor de Gerenciamento de Supply Chain, Haozhe Chen alertou que "É importante as empresas brasileiras agirem rapidamente e virem com novos modelos, pois as companhias do exterior estão prontas para competir". Ao falar sobre o aumento das vendas online na China, Chen abordou a necessidade de entender o pensamento do consumidor, de criar valor para soluções que podem resolver o problema do cliente, ter ideias agregadoras ao serviço, adicionar ganhos, entre outros.


"A logística é peça chave para qualquer empresa de ecommerce. Deveríamos ter muito orgulho, pois estamos tendo um papel fundamental nesse mercado", disse o professor, que foi corroborado pelo CEO da Neogrid, Jean Klaumann. O especialista trouxe números relevantes, como o registro de R$182 bilhões em receita no e-commerce em 2021, alta de 27% em relação ao período anterior.


Ao apresentar os dados, o CEO abordou a importância do planejamento do estoque e da demanda pelos varejistas, apontando os Operadores Logísticos como os profissionais que podem oferecer soluções para "otimizar a ruptura do aumento do giro". "Tecnologias podem criar um produto único para varejistas, que precisam de apoio para ganhar eficiência e produtividade", mencionou Klaumann.


Para o executivo, que trouxe o omnichannel como a nova tendência, seis itens são essenciais para os varejistas lidarem com o novo cenário do ecommerce: aparecer digitalmente, ser relevante para o consumidor, integrar canais e sua cadeia de valor, ampliar seus ecossistemas, dominar dados para evoluir modelos e tratar cada consumidor como único.


Futuro
A nova era pós-pandemia com seus desafios de gestão ficaram sob a análise do CEO da Inova Business School, Luis Rasquilha e do sócio-diretor da Mandelli e Loriggio Consultores Associados, Pedro Mandelli. "Vivemos a era de maior transformação", destacou Rasquilha, garantindo que "a pandemia não foi um transformador, mas um acelerador de uma transformação, que já estava mapeada".


Para ele, o século XXI começa agora com o fim da pandemia. "A palavra chave do momento é conectividade e estamos sendo convidados a adicionar ao modelo taylorista novas opções", afirmou o CEO. Rasquilha evidenciou que novos comportamentos e hábitos entraram em nossas vidas e, consequentemente, isso também mudou as empresas.


"As companhias que estão pautando o mercado têm no discurso três palavras: tecnologia, digitalização e inovação". Nesse sentido, ele enfatizou que o modelo de transformação de gestão deve mesclar o modelo clássico (hierarquia, processo, cadeia de valor, produto) e futuro (propósito, inovação, agilidade, digitalização e cliente). "Mas, o maior desafio ainda é equilibrar o que estou vendo com o que o cliente está recebendo".


Já Mandelli deu algumas dicas sobre como liderar em um mundo pós-pandemia. Uma das principais lições foi que "Liderança se aprende, não é mais um atributo inato". Em relação às novidades, que precisam ser assimiladas após a Covid-19, estão "Troque o seu RH, eles não estão preparados para a complexidade humana e mude a sua estrutura organizacional, ela é vista como um depositário de esperanças".


A diretora presidente da ABOL, Marcella Cunha, ficou satisfeita com o resultado do evento conduzido junto ao presidente do Conselho Deliberativo da Associação, Djalma Vilella. “Como entidade representativa, temos o papel de contribuir para que os Operadores Logísticos tenham cada vez mais ferramentas para lidar com as transformações recorrentes do mercado. E a escolha dos palestrantes buscou trazer o retrato do atual cenário, tanto que muitos empresários se identificaram com a fala dos especialistas”.



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