29/09/2020

Cadeia logística mira em exportações a países muçulmanos

 Cadeia logística mira em exportações a países muçulmanos


Selo de segurança é exigido para matéria-prima, insumos, transporte, armazenamento e até empresas que prestam serviços para as fabricantes

De acordo com a Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Economia, de janeiro a agosto deste ano, a balança comercial registrou superávit de US$ 36,6 bilhões, 14,4% a mais do que o saldo do mesmo período de 2019, de 32,2 bilhões. E um dos responsáveis por este resultado positivo foi o agronegócio, com a ajuda da logística, aliada e a responsável por toda esta movimentação.
Um trabalho em conjunto fez com que o Brasil e o mundo não parassem totalmente com os abastecimentos em todos setores. Entre os destaques, estão os países árabes que, no ano passado, passaram a ser o terceiro maior destino das exportações brasileiras, segundo dados da Câmara de Comércio Árabe Brasileira.

No entanto, a maioria dos países árabes só importa produtos de quem respeita as normas islâmicas e tenha a certificação Halal, o que torna o processo logístico ainda mais essencial. "As exigências de exportação estão cada vez mais altas. Toda cadeia deve ser certificada, desde a matéria-prima, insumos, transporte e armazenamento, inclusive as empresas que prestam serviços para as fabricantes", explica o gerente comercial da Cdial Halal, Omar Chahine.

"Ter um selo de segurança hoje não é mais um diferencial, mas sim uma exigência mundial. E para os muçulmanos, o consumo de qualquer produto só é possível se tiver certificado Halal. Hoje, além de atestar as normas de acordo com a jurisprudência islâmica, a certificação Halal é vista no mundo como um selo de qualidade, sinônimo de boa procedência e de segurança", completa Chahine ao lembrar que, em dezembro do ano passado, alguns contêineres de frango tiveram dificuldades para embarcar para os países árabes porque os armazéns onde estavam os produtos não tinham a certificação Halal.

"É uma certificação que muitas empresas ainda não se preocuparam em obter. Mas, sabemos que os países estão cada dia mais exigentes e a cada dia surgem novas normas", acrescenta Omar.

A certificação Halal em armazéns é focada principalmente nas documentações de sistema de gestão, ou seja, tudo é vistoriado para verificar se estão de acordo com a legislação islâmica e segura. "Primeiro de tudo, é necessário que o centro de distribuição tenha certificação Halal. Caso contrário, não pode armazenar produtos", detalha o executivo. As câmeras frigoríficas de todo produto Halal precisam estar separadas do não Halal, para que não haja contaminação cruzada, ou seja, qualquer procedência suína.

A auditoria segue pela verificação de todas as normas de higiene, controle de pragas e funcionamento e manutenção dos equipamentos. "Para o transporte dentro dos centros, a recomendação é de que o produto certificado seja o primeiro a ser transportado, para que não ocorra contaminação com produtos ilícitos (não Halal). Caso não haja essa possibilidade, deve ser realizada uma rígida higienização em cada etapa do processo", orienta Chahine.

Em suma, o essencial na logística é a segregação dos produtos. "A certificação garante que todo o processo de exportação seja realizado de forma correta. Os países do Golfo, por exemplo, começaram a exigir em março uma nova certificação Halal para armazéns, câmaras frias e transportes que trabalham com frigoríficos certificados", alerta.

O que é Halal

Antes de tudo, é importante entender o significado desse termo. Halal significa lícito, autorizado, ou seja, permitido ao consumo humano. Muito mais do que um simples conceito, é considerado, na religião islâmica, um código ético e moral, que reforça valores, incluindo regras de conduta, comportamentos, alimentação, bens de consumo e serviços.

Alimentos Halal

Os alimentos Halal são aqueles permitidos por Deus para consumo. Isso porque, no Sagrado Alcorão, Deus ordena aos muçulmanos e a toda a humanidade ingerir somente eles.

Muitos pensam que esse conceito se limita à alimentação. Mas o segmento Halal inclui diversas categorias, como produtos químicos, farmacêuticos, cosméticos e até mesmo diferentes tipos de serviço.

Produtos Halal

Os produtos Halal são aqueles que utilizam matérias-primas, insumos e auxiliares de processo 100% Halal, ou seja, totalmente lícitos. Eles não podem conter componentes de origem suína ou álcool. Além disso, não afetam a saúde humana, seus processos de produção são realizados com transparência e a sua conduta comercial é justa e correta.

Isso faz com que o número de consumidores de produtos e serviços Halal não se restrinja aos muçulmanos. Afinal, atualmente, essa certificação é sinônimo de qualidade, saúde e manejo equilibrado dos recursos naturais.
Mas talvez você se pergunte: neste mundo globalizado, em que as produções são realizadas em grande escala, como é possível garantir que um produto seja, de fato, Halal? Para isso, existem instituições certificadoras que acompanham os procedimentos de produção.

Os alimentos e o abate Halal

Como vimos, comida Halal é aquela cujo consumo é permitido por Deus. É lícito ingerir, respeitando as Leis Islâmicas, todo o tipo de alimento que não contenha ingredientes proibidos e, quando são de origem animal, estes devem ter sido abatidos dentro dos procedimentos e normas ditadas pelo Alcorão Sagrado e pela Jurisprudência Islâmica.

Para que islâmicos possam se alimentar de frango ou carne bovina, o animal deve ter sido degolado com o corpo voltado à cidade sagrada de Meca, ainda vivo e pelas mãos de um muçulmano praticante, mentalmente sadio.

Existem equipamentos e utensílios próprios para o abate Halal que devem ser sempre usados para resultar em um abate lícito. Além disso, a faca utilizada na degola precisa estar bem afiada para garantir a morte instantânea do animal, evitando o seu sofrimento.

Antes de cada abate, o degolador diz a frase "Em nome de Alá, o mais bondoso, o mais Misericordioso" como forma de mostrar obediência e gratidão pelo alimento, bem como reafirmar que não está realizando esse ato por crueldade.
Devem ser abatidos apenas animais saudáveis, aprovados pelas autoridades sanitárias e que estejam em perfeitas condições físicas.

Fonte: Jornal do Comércio

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