Alta nos preços de insumo e matéria-prima e atraso nas entregas são alguns dos problemas detectados na Sondagem Especial relativa ao mês de março divulgada nesta quarta-feira (1º) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). De acordo com a pesquisa, o aumento dos custos de insumos e matérias-primas nacionais superou as expectativas de 71% na média das empresas e de 73% no caso específico da indústria da construção civil de um total de 1.842 empresas ouvidas.
Entre as empresas que dependem de insumos importados no seu processo produtivo, 58% das empresas na indústria extrativa e de transformação e 68% na construção relatam aumento de preços acima do esperado.
O gerente-executivo de Economia da CNI, Mário Sérgio Telles, afirmou em nota que a pressão sobre os preços coincide com a invasão da Ucrânia pela Rússia. Além da grave consequência humanitária, a guerra agravou a desestruturação das cadeias de suprimento, afirma.
“O conflito e as sanções impostas à Rússia acentuaram o problema das cadeias de suprimentos, gerando gargalos no fornecimento de insumos e energia, além de barreiras ao sistema de logística internacional”, disse Telles. Segundo ele, esse fato provoca atrasos e interrupções no fornecimento de insumos, além da excessiva elevação de preços.
Mudança nos fornecedores
As dificuldades e os atrasos nas cadeias de suprimentos começam a gerar uma reconfiguração na produção das indústrias brasileiras. De acordo com a pesquisa da CNI, 40% da indústria geral e 54% da indústria da construção que dependem de insumos importados pretendem mudar a estratégia de aquisição de insumos e matérias-primas e buscar fornecedores no Brasil. Entre as empresas que já compram no Brasil, 43% da indústria geral e 50% da indústria da construção afirmam que buscam outros fornecedores no país.
A parcela de empresas nacionais que busca por fornecedores alternativos fora do país é de 18% na indústria extrativa e de transformação e de 3% na construção civil.
Ainda, caiu o percentual de empresas que acreditam em normalização na oferta de insumos ainda neste ano. A proporção de empresas na indústria extrativa e de transformação que preveem normalização da oferta em 2022 foi de 39%. Em outubro de 2021, 80% das indústrias acreditavam na reestruturação das cadeiras produtivas neste ano. O percentual de empresas da indústria geral e da indústria da construção que esperam normalização apenas em 2023 é de 25% e 36% para produtos nacionais e 31% e 45% para importados.
A CNI destacou que também chama a atenção o percentual de respostas de empresas alegando que “não sei”, ou “prefiro não responder” sobre as expectativas de normalização das cadeias de suprimento. Isso sinaliza as dificuldades na definição de previsões diante do contexto atual.
Fonte: Valor Econômico