O Magazine Luiza está criando espécies de agências de serviço nas lojas, as “agências Magalu”, que passarão a operar recebendo produtos de lojistas de “marketplace” (shopping virtual), entregando aos clientes os itens comprados desses lojistas, e fazendo o armazenamento no ponto de venda, disse hoje o grupo a analistas. O Magazine tem 415 lojas com retirada de itens de lojistas do marketplace, de um total de 1,3 mil pontos, e planeja elevar esse número, mas para isso precisa rever a estrutura interna dos pontos.
Para montar essa nova estrutura na loja, a empresa tem feito mudanças, disse o grupo ao ser perguntado por analista, em teleconferência pela manhã, sobre essa adaptação.
“Vamos aumentar o back office da loja para suportar mais categorias do 3P \itens de lojistas] e estamos revisando processos desse back office, e também para um sistema de armazenamento melhor. Vamos praticamente dobrar os itens em lojas e vamos ter itens ‘killers’ \produtos que atraem tráfego] nas lojas”, disse Fabricio Garcia, vice-presidente operacional e comercial.
Hoje, Magazine coleta e entrega com a própria malha logística aproximadamente 40% dos pedidos do marketplace.
O [Magazine Luiza mencionou alguns dados do balanço hoje, relativos ao efeitos do fechamento dos pontos no primeiro trimestre. O CEO Frederico Trajano disse que teve 25% das lojas fechadas, em média, no primeiro trimestre. “Se todas as lojas estivessem abertas, seriam adicionados em venda R$ 750 milhões”, disse ele.
Trajano voltou a citar pontos de sua mensagem de diretoria, publicada no balanço do primeiro trimestre, como informou o Valor ontem à noite, sobre a existência de operações anabolizadas por crescimento insustentável após a pandemia.
“Você tem empresas ampliando subsídios de empresas, e entendo que alguns são necessários e fazem sentido dentro de uma lógica de longo prazo, mas muitos são anabolizantes”, diz Trajano.
“Nós mesmos fizemos ‘tradeoffs’ de margem no passado dentro de um conceito de relação entre LTV e CAC \[relação entre o valor do cliente ao longo do tempo e o custo de captação desse cliente], então consideramos essas questões no que é feito”, diz Trajano.
Perguntado por analista se, dentro dessa lógica a empresa ainda pensa em não investir em frete grátis ao cliente, como outros grupos têm feito (Mercado Livre e B2W exploram mais essa tática), Trajano não disse que nunca fará, mas fez ressalvas.
“Não digo que não vou replicar, mas se não se mostrar sustentável dentro das nossas premissas que falei de LTV e CAC, não vou fazer. Hoje a gente não joga Fifa, joga Fortnite, com dezenas de concorrentes. Por exemplo, nós fazemos frete grátis no ‘app’ porque tem um P&L \[demonstrativo da empresa] diferente do P&L da loja”, afirma. Ele não citou nome de empresas ao comparar estratégias.
O Magazine Luiza apurou alta de 3,7% nas vendas da operação física no primeiro trimestre, e expansão de 114,4% no on-line (em cima de uma alta de 73% em 2020). Na soma total, digital e lojas avançaram 62,8%, para R$ 12,5 bilhões.
O lucro líquido cresceu oito vezes, para R$ 258 milhões, favorecido pelo ganho operacional — a receita líquida avançou em ritmo mais que o dobro das despesas. Ao se considerar o lucro descontando efeitos não recorrentes, o prejuízo de R$ 8 milhões vira lucro de R$ 81,5 milhões.
Publicidade a lojistas
O Magazine Luiza informou que tem 50 lojas com entrega de produtos de seu estoque em até uma hora. Ainda informou que irá iniciar no terceiro trimestre o projeto de plataforma de publicidade para lojistas do seu “marketplace” (shopping virtual).
Este é um novo braço de negócio que faz parte da estratégia de monetizar a estrutura que a empresa vem montando com aquisições.
Pela plataforma, o lojista poderá fechar acordos relativos a compra de mídia nos negócios do Magazine, uma operação que grandes marketplaces pelo mundo já vem explorando.
A empresa também informou que vai “plugar” o seu aplicativo de delivery AiQFome no superapp do grupo no terceiro trimestre.
Audiência e logística
Ainda na teleconferência a analistas, o presidente Frederico Trajano afirmou que parte de suas lojas tem trabalhado para ampliar o negócio de marketplace — como, por exemplo, buscando lojistas nas regiões onde os pontos estão para migrarem para a plataforma. Ele disse que no Brasil há apenas 100 mil varejistas on-line, com capacidade de se conectar às plataformas de venda das grandes redes, e há uma gama de vendedores que precisam ser “trazidos”, ou “digitalizados”, pelo marketplace.
Sobre a reabertura das lojas após maio em algumas praças do país, a diretoria financeira afirmou que esse movimento deve parar de afetar a geração de caixa.
No primeiro trimestre, a geração de caixa foi influenciada pela sazonalidade do varejo e pelo fechamento temporário das lojas físicas.
Com a retomada dos pontos, a tendência é que a taxa de crescimento das lojas aumente por conta da base de comparação afetada em 2020, mas o digital pode perder velocidade, lembrou Trajano.
Mesmo num cenário diferente, ele afirmou que o “Magazine Luiza não tem foco de crescer marketplace com desespero, apenas em ritmo que faça sentido”, disse. “A ideia não é ganhar ranking de audiência, mas de clientes engajados”.\
Fonte: [Valor
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